Cidades

Economia brasiliense está aquecida e são muitas as ofertas de vagas na capital federal

Apesar da elevada taxa de desemprego, a construção civil chega a importar operários. Nos salões de beleza também há demanda por trabalhadores

postado em 05/12/2009 08:05
A capital federal tem uma das taxas de desemprego mais elevadas do país. Para cada 11 pessoas ocupadas, há duas desempregadas. A dificuldade de criar postos de trabalho é grande, e a concorrência elevada. Mas os interessados devem ficar atentos. A economia está aquecida e novas oportunidades estão surgindo. No cadastro do Governo do Distrito Federal, que faz a intermediação entre trabalhador e empregador, há mais de 870 vagas abertas atualmente. Há alguns meses, essa oferta era em torno de 300 postos de trabalho. A maioria exige, no máximo, o ensino médio, paga salários de até R$ 1,5 mil, mas cobra que o profissional tenha seis meses de experiência comprovada em carteira de trabalho. Os restaurantes e bares e as construtoras são os maiores empregadores. Só para pedreiro, por exemplo, há 101 vagas abertas com salários que chegam a R$ 782. Nas agências do trabalhador é possível se candidatar a 25 cargos para cozinheiro e 22 para garçom. As remunerações chegam a R$ 900 (veja quadro). Apesar da elevada taxa de desemprego, a construção civil chega a importar operários. Nos salões de beleza também há demanda por trabalhadores O setor de serviços e a construção civil foram os que mais empregaram nos últimos meses. De outubro do ano passado ao mesmo mês deste ano, o mercado de trabalho brasiliense criou 48 mil postos de trabalho. Desse total, 15 mil estão na construção civil e 13 mil no segmento de serviços. Apesar do aquecimento, ainda há 210 mil desempregados na capital federal. A culpa é da falta de industrialização na cidade, mas, também se deve ao interesse exagerado dos profissionais pelo emprego público, na opinião do professor de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Adolfo Sachsida. "Em vez de abrir uma empresa e criar emprego, as pessoas se formam e estudam para passar em um concurso. Se elas investissem no setor privado, gerariam mais empregos na cidade." Novas chances Mas não é preciso desistir. Há oportunidades surgindo. Nos anúncios de empregos dos jornais, as vagas para domésticas são as que mais se destacam: 68 vagas para domésticas, babás e cuidadores de idosos, segundo levantamento feito pelo Correio em anúncios de domingo último. "A procura por trabalho doméstico sempre existe. Para boas profissionais não faltam empregos. Recomendamos que as interessadas façam cursos para se profissionalizar e ofereçam uma boa referência do patrão anterior", afirma Antônio Barros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Distrito Federal. Os salários, segundo ele, variam de R$ 465, um salário mínimo, a R$ 900. Para trabalhar em salões de beleza, também é recomendável ter cursos na área, de acordo com a presidente do Sindicato dos Salões de Beleza do DF, Elaine Furtado. Segundo ela, a remuneração começa com um salário mínimo, mas pode passar de R$ 2 mil. Nos anúncios atuais, há 57 oportunidades para manicures, cabeleireiras e outras funções. "Estão faltando manicures no mercado. As pessoas não têm interesse, não fazem cursos e não procuram as vagas. Elas preferem trabalhar como cabeleireiras por acharem que o salário é maior, o que é uma ilusão, pois a demanda pelo serviço de manicure é muito maior e muito mais frequente." No útimo domingo, 47 bares, lanchonetes e restaurantes ofereciam postos de trabalho. "Historicamente, este período é bom para o setor. Para se candidatar a uma vaga é preciso ter experiência. Nesta época do ano, não dá para treinar. Mas a maioria dos estabelecimentos não cobra que o trabalhador tenha escolaridade", afirma o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do DF, Clayton Machado. Segmento atrativo O boom do mercado imobiliário brasiliense, verificado nos últimos meses, alavancou o segmento da construção civil e começa a abrir mais espaços para os corretores. Nos anúncios, há 26 vagas para esses profissionais e outras 36 na área de construção. As construtoras da cidade estão importando trabalhadores em função da escassez de trabalhadores no mercado. "Estamos procurando gente de outras cidades porque estamos tendo falta de pessoas no DF. Os nossos funcionários trazem amigos de suas cidades para vir trabalhar em Brasília. Temos uma demanda forte por todas as áreas", afirma o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Júlio César Perez. Fernanda Enrich, pedagoga, decidiu ingressar no ramo de corretagem de imóveis. Acredita que tem chances de conseguir uma renda mais alta Com mais imóveis construídos, as possibilidades de negócios imobiliários aumentaram e o mercado se tornou cada vez mais atrativo para os corretores. Em novembro do ano passado, 6.523 brasilienses trabalhavam na função. Atualmente, são 7.968 - um crescimento de 22%. O bom momento para o setor animou a pedagoga Fernanda Maria Batista Enrich, de 31 anos, a mudar de ramo. Após anos trabalhando em instituições de ensino como pedagoga, em julho ela iniciou o curso de corretora e desde setembro está exercendo a função. A mudança não foi fácil, Fernanda deixou o salário fixo para ganhar comissão. "É difícil ficar sem salário fixo, mas agora tenho a oportunidade de fazer mais dinheiro. Brasília tem muitas obras, acho que a tendência é esse ramo crescer cada vez mais." Para trabalhar como corretor, o profissional deve ter o ensino médio, mais de 18 anos e fazer um curso em instituição autorizada pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF (Creci-DF). "A demanda está muito elevada, hoje temos dentistas, médicos, advogados e bancários que são corretores", afirma o coordenador de Fiscalização do Creci-DF, Carlos Tarcísio da Silva e Silva. Segundo ele, em média, 5% do valor de venda dos imóveis urbanos vão para as corretoras, que repassam 30% desta quantia ao corretor. Quando aluga um imóvel, 10% do valor mensal do aluguel é repassado para a imobiliária, que passa para o profissionais os mesmos 30%.

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