postado em 08/12/2009 08:09
A Polícia Federal vai abrir esta semana um inquérito para apurar o vazamento da investigação que gerou a Operação Caixa de Pandora, realizada no último dia 27. Alguns dos alvos souberam da ação da PF com pelo menos 15 dias antes de antecedência. Isso fez com que as 29 buscas e apreensões nas residências, nos gabinetes e nos escritórios de deputados distritais e secretários do governo fossem antecipadas. Ontem, os delegados encarregados pelo caso começaram a preparar o primeiro relatório sobre a apuração, que será encaminhado ao ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelo inquérito judicial.
Em 12 de novembro, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa enviou um torpedo por celular para um delegado da Polícia Federal afirmando que estava com receio de ser descoberto. "Começo a temer pelo desconhecido. Outra: disse tratar-se de delação, só não sabe de quem", afirmou Durval aos investigadores. Ele se referia a uma conversa mantida com José Geraldo Maciel, que lhe falou sobre o inquérito que estava no STJ. "Você sabe de alguma coisa sobre isso?", teria perguntado Maciel ao ex-secretário, a quem olhou fixamente. Durval afirmou à PF que temia ser descoberto e que não desejava mais colaborar com a investigação, como havia sendo feito.
Governo Roriz
Foi a partir deste momento que a Polícia Federal decidiu abreviar o tempo da operação, que teria outros desmembramentos. Por ordem do ministro Fernando Gonçalves, apressou e centralizou os trabalhos nos locais de trabalho e nas residências dos supostos envolvidos. O fato gerou uma série de troca de documentos entre a PF, o Ministério Público Federal e o STJ para saber de onde partiu o vazamento. O inquérito que será aberto esta semana também correrá em segredo de Justiça. A PF ainda não indicou um delegado para presidí-lo.
Ontem, o delegado Alfredo Junqueira, responsável pela investigação da Operação Caixa de Pandora, começou a fazer o primeiro relatório sobre a apuração do caso para ser encaminhado ao STJ. Nele, Junqueira deverá sugerir novas frentes de trabalho, como a quebra de sigilo bancário dos principais envolvidos. A PF deverá pedir ao ministro-relator do inquérito que as investigações alcancem o governo de Joaquim Roriz, período em que Durval começou a operar.
No relatório parcial, o delegado vai revelar o conteúdo dos documentos apreendidos no último dia 27. Todo o material, mais R$ 700 mil descobertos na operação, estão passando por perícia no Instituto Nacional de Criminalística (INC). Segundo a PF, o dinheiro não era o mesmo que estava sendo monitorado durante a fase final da investigação. A área de inteligência da PF marcou R$ 400 mil - que seriam distribuídos por Durval - com uma tinta invisível, para poder averiguar qual foi o destino final dos recursos.