Cidades

Com ordem de desobstruir o Eixo, policiais militares a cavalo partiram para cima dos manifestantes contra o governador Arruda

postado em 10/12/2009 08:00
» Luiz Calcagno » Luísa Medeiros » Renato Alves O policiamento na área do protesto ficou sob a responsabilidade do BopeA Praça do Buriti virou praça de guerra na tarde de ontem. Por três horas, manifestantes pró-impeachment do governador José Roberto Arruda (DEM) travaram uma batalha com 600 policiais militares. A tropa de choque usou cavalos, motos, cachorros, bombas de efeito moral, balas de borracha e cassetetes na tentativa de impedir o fechamento das pistas do Eixo Monumental e a chegada do protesto à Rodoviária do Plano Piloto. Após os confrontos, três pessoas acabaram presas e ao menos oito feridas. Todas integravam o movimento, que reuniu cerca de 2,5 mil cidadãos, número calculado pela PM no local dos conflitos. A manifestação foi organizada como reação ao escândalo revelado após a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, realizada no último dia 27. Os federais investigam o suposto esquema de propina do GDF para políticos aliados. A pancadaria na área central de Brasília começou às 11h30, quando um grupo de universitários decidiu interditar o Eixo Monumental no sentido Rodoferroviária, em frente ao Palácio do Buriti. A partir daí, houve correria e explosões. Quando a cavalaria partia para cima dos manifestantes, eles corriam para o outro lado. A maioria apenas se defendia dos golpes de cassetete e tentava fugir das bombas de gás e dos cavalos. Alguns enfrentaram os PMs lançando mangas verdes e pedras na tropa muito bem equipada. Momento mais tenso A ação ficou a cargo do Batalhão de Operações Especiais (Bope). E os policiais não economizaram na força, principalmente quando outro grupo de manifestantes começou a passeata em direção à Rodoviária do Plano Piloto. Acuados, os participantes do protesto retornaram à Praça do Buriti e fecharam a avenida em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Esse foi o momento mais tenso e violento. A cavalaria marchou para cima dos estudantes sentados no asfalto, chegando até os carros parados no semáforo. Motoristas se desesperaram. Deitados, os manifestantes acabaram cercados por PMs a cavalo. Animais chegaram a pisotear algumas pessoas enquanto os policiais batiam nelas com seus cassetetes. O empresário João Batista de Oliveira Filho, 50 anos, foi um dos alvos dos cavalos. "A cavalaria ia passar por cima dos jovens. Pulei na frente, me deitei no chão de bruços e cobri o rosto. Mesmo assim eles vieram. Qualquer pessoa mais velha que tenha filho faria isso. Eles me pisotearam e me bateram", lembrou. Dois estudantes resgataram João Batista. Além da cavalaria, a estratégia de dispersão do movimento contou com cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha Moradora de Valparaíso (GO), uma menina de 12 anos que tinha ido com a irmã para o protesto também apanhou da polícia. Ela estava no gramado em frente ao TJDFT quando a cavalaria investiu contra os manifestantes. "Achamos que estávamos seguras. Quando vimos a polícia, ainda corremos. Chegou um policial com cassetete e mandou as pessoas se afastarem. Na hora, ele bateu na minha perna e na minha coxa. Eu corri e bambeei, mas não caí", contou. PMs jogaram gás de pimenta nos rostos de cinegrafistas que filmavam a ação e deram tiros de balas de borracha contra fotógrafos. A equipe do Correio encontrou ao menos oito pessoas feridas, com hematomas pelo corpo. Um teve o pé quebrado após ser atingido pela pata de um cavalo. Os ânimos só se acalmaram com a chegada de uma chuva forte por volta das14h30, que durou 20 minutos. Leia a íntegra da reportagem na versão impressa do Correio

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