Naira Trindade
postado em 10/12/2009 09:33
Na última terça-feira, os internos da Colmeia, no Gama, viveram uma tarde inusitada. Engajados em um projeto especial, DJs brasilienses e de outros estados estiveram lá com uma nobre missão: suprir os presidiários próximos de conseguir a liberdade de conhecimentos sobre respeito, ética e discriminação. É que, este ano, a campanha DJs contra a fome, da ONG Acesso, vai além da meta de arrecadar quilos de comida para doações. Quem fez a festa foram os DJs Chocolaty, Celsão, Sheydy e Raquel.
O respeito ao outro, ética, reintegração na sociedade e sobre estar num presídio foram os temas abordados na visita, informa o happer André Felipe da Abadia, 32 anos, conhecido como Nego Dé, que participou da ação. ;A ideia é discursar sobre coisas que os inspirem para quando saírem de lá e estiverem nas ruas;, descreve. Educador social, o morador de Valparaíso (GO) é integrante da Acesso, que, com apoio do Fundo de Amparo à Pesquisa (FAP), trabalha para levar consciência social a moradores de cidades carentes do DF. Ontem, a DJ Luciana Vieira integrou-se à turma para mais uma ação, no Centro de Ensino Médio 03, em Ceilândia.;A intenção é conseguir conscientizar todos os detentos e não só os que estão na ala psiquiátrica;, explica Abadia. A ação social realizada no presídio, completa a mestre em educação Vera Verônika, 30, também moradora de Valparaíso e voluntária num projeto de abordar nas escolas a questão racial e de gênero, por meio da linguagem da cultura hip-hop, foi fundamentada em ;combater a discriminação, disseminar a história do negro no Brasil e levar um pouco de diversão.;
Em ações sociais nas diversas cidades do Distrito Federal, grupos formados por palestrantes e nove profissionais que selecionam músicas se dividem para fazer apresentações em seis escolas do Distrito Federal. Em cada evento, alimentos não perecíveis são trocados por horas de diversão e conscientização social. ;Esses alimentos serão doados a pelo menos três entidades carentes do DF e do Entorno. Ano passado, arrecadamos duas toneladas;, conta Vera Verônika, coordenadora do movimento.
Ação social
A campanha DJs contra a fome deu o pontapé inicial em 20 de novembro último, Dia da Consciência Negra, no Recanto das Emas. ;O objetivo é fomentar uma nova relação envolvendo cultura, conscientização e educação. Nas escolas e faculdades, o projeto propõe cidadania no ambiente escolar e acadêmico por meio de palestras e arrecadação de alimentos que serão entregues a pessoas em situação de risco, na própria comunidade onde o evento é realizado;, esclarece a coordenadora.
A data da realização da campanha nesta época não foi escolhida por acaso. ;Fazemos o evento no fim do ano porque é nesta época que os brasileiros estão mais solícitos e creches e orfanatos precisam mais de doações;, acredita Vera Verônika. Dos DJs participantes, um se destaca pela iniciativa de ter começado o projeto: Paulo Sérgio de Freitas Araújo, o DJ Chocolaty, 40.
;A ideia surgiu com a vontade de ajudar ao próximo. Eu fazia shows nas escolas e vi que poderia tirar dali um meio de apoiar outras pessoas carentes. Associei minha arte de DJ às escolas, somando solidariedade. Durante dois anos, eu fiz tudo sozinho, mas depois consegui o apoio da ONG Acesso;, disse Chocolaty, agora contando com apoio de pedagogos, psicólogos, atores e palestrantes que falam sobre os males causados por drogas e preconceitos. ;Em 2005, arrecadamos 10 toneladas de alimentos nas quatro escolas que percorremos. Quanto mais ajuda recebermos, mais poderemos ajudar;, finaliza.
Programação
Hoje o DJ Patife e os parceiros Chocolaty, Celsão e Luciana Vieira, estarão no Centro de Ensino Fundamental 416 de Santa Maria, das 9h30 às 15h.
Amanhã será a vez do Centro de Ensino Fundamental 15, de Ceilândia, receber, das 9h30 às 15h, os DJs Chocolaty, Celsão, Poeck, Patife e Nino Mix.
No dia 17, quinta-feira da semana que vem, haverá o encerramento da campanha de arrecadação de alimentos no Centro de Ensino Fundamental 4, na 113 da Asa Sul, com os DJs Chocolaty, Celsão, Patife e Raquel.