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Presentear, um gesto de amizade que custa caro

Expressar carinho pode ser um golpe no bolso este ano. As opções mais comuns de brindes tiveram alta superior à inflação. Em contrapartida, os aumentos salariais não foram tão generosos

Presentear familiares e amigos está mais caro este ano. Um levantamento feito pelo Correio com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que dos 24 presentes mais comuns dados pelos brasileiros na principal data comemorativa do ano, apenas sete ficaram mais baratos no Distrito Federal. Das outras 17 opções que estão com preços mais salgados neste ano, 10 tiveram reajustes bem superiores à inflação acumulada desde o último Natal ; de 4,01%, em Brasília, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. Assim, dar presentes deve pesar no bolso dos trabalhadores do DF, que não tiveram ganhos reais nos salários(1) nos últimos 12 meses.

Os aumentos são comuns com a proximidade do Natal. Por isso, a recomendação dos economistas é que os consumidores deixem para comprar em janeiro o que não for presente. E, na hora de presentear, aconselham, é necessário pesquisar bastante para escolher o melhor preço. ;O dinheiro extra como 13; salário e as propagandas do varejo causam uma necessidade de dar presentes. O problema é quando as pessoas acabam se endividando para dar presentes. O ideal é fazer um planejamento antes de comprar;, afirma o professor da Universidade de Brasília (UnB) Rafael Porto, membro fundador do grupo Consuma, que reúne pesquisadores na área do consumo.

Os aparelhos de som e os relógios de pulso foram os que mais subiram na capital federal: 22,64% e 17,22%, respectivamente. No Natal passado, os dois itens acumulavam queda de preço em relação a 2007 (veja quadro). O mesmo ocorreu com os aparelhos de DVD e de televisão, que em 2008 estavam mais baratos 8,64% e 10,52%, respectivamente, em relação a dezembro de dois anos atrás. Em 2009, os valores subiram 12,44% e 8,05%. Em contrapartida, as roupas, os tênis, as bolsas e os instrumentos musicais encareceram nos últimos dois anos. ;Brasília não sentiu essa crise e mesmo quem botou o pé no freio já voltou a gastar, então as lojas se sentem à vontade para elevar preços. Com a demanda em alta, não tem jeito, o preço inflaciona;, afirma o coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Ricardo Coelho.

Os mais baratos
Pelos dados do IBGE, o que mais vale a pena são as máquinas fotográficas, os aparelhos de telefone e os eletrodomésticos. Estes produtos ficaram pelo menos 6% mais baratos. Os celulares devem liderar a lista dos presentes, segundo pesquisa da Serasa. Os dados da pesquisa feita pela empresa mostram que 27% dos consumidores devem optar por eles. Em seguida aparecem as roupas, os calçados e os acessórios (26% das pessoas) e os eletrodomésticos (12% dos entrevistados). Os brinquedos aparecem com 6% da preferência. A boa notícia é que, de acordo com o levantamento do IBGE, os pais vão pagar menos que no ano passado. Os brinquedos estão, em média, 0,62% mais baratos desde 2008. As bicicletas subiram apenas 0,43%. E as roupas infantis, apesar de terem tido aumento neste ano, o percentual, de 3,07%, ficou abaixo da inflação.

Os pais que optarem por dar computadores a seus filhos também vão pagar menos do que em 2008. Os micros estão 3,06% mais baratos. A empresária Paula Emilyn Silva, 35 anos, sentiu a diferença. Em dezembro do ano passado ela pagou R$ 1,5 mil por um computador. Neste ano, vai comprar outro por R$ 990 para sua casa. Os três filhos vão ganhar roupas de presente. E ela, uma máquina de lavar roupas. Pelos dados do IBGE, Paula vai pagar mais caro apenas pelas roupas infantis. Os outros itens ficaram mais baratos em 2009 ; a máquina de lavar roupas diminuiu 6,53% em relação a dezembro de 2008. ;Perto do Natal acho que tudo fica mais caro, então aproveito para comprar presentes úteis. Todo ano compro roupas para meus filhos de Natal e neste ano quero me dar a máquina de lavar de presente;, conta a moradora de Sobradinho.

Presentear uma mulher está mais caro. Os itens femininos subiram mais do que os masculinos. As roupas delas estão 5,58% mais onerosas. As deles, 4,05%. Os sapatos para mulheres subiram 2,60%, enquanto os deles caíram 3,87%. O reajuste nas bolsas oscila em torno de 4,31%. Nas joias e bijuterias, os aumentos são de 1,06% e 1,79%, em média. Apenas os artigos de maquiagem ficaram mais baratos. Em média, 0,90%.


1- Reajustes abaixo da inflação
Os reajustes concedidos aos salários dos trabalhadores brasilienses nos últimos 12 meses, em média, foram iguais ao índice de inflação acumulado no período, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).


Estimativas
27%
Parcela de consumidores que devem comprar celulares, segundo a Serasa

26%
Percentual de brasileiros que pretendem presentear com roupas, calçados e acessórios

12%
Previsão do total de pessoas que deverão optar por eletrônicos

6%
Total de brinquedos que serão dados