Cidades

Saxofonista faz apresentações para crianças de escolas públicas

Músico brasiliense compartilha o que aprendeu nos estudos fora do país com alunos, que vibram com a oportunidade

postado em 11/12/2009 09:38
Gritos, risadas, conversas altas. Reunidos, os quase 100 alunos que estavam, na manhã de ontem, no pátio da Escola Classe 04, do Cruzeiro, faziam um barulho ensurdecedor. No momento em que o saxofonista Carlos Gontijo soprou as primeiras notas em seu instrumento, porém, a turma ficou como que hipnotizada. Nascido e criado em Brazlândia, o músico, que faz mestrado na França e já tem doutorado garantido nos Estados Unidos, termina hoje uma temporada de apresentações para crianças de escolas públicas ; como as que ele estudou durante toda a vida. Com os olhos vidrados, a plateia vibrou ao ouvir canções populares e até temas de desenhos animados saindo do instrumento erudito.

Músico brasiliense compartilha o que aprendeu nos estudos fora do país com alunos, que vibram com a oportunidadeÉ a segunda vez que Gontijo aproveita as férias para dividir com a comunidade o que teve a oportunidade de aprender. ;Não entendo a arte sem isso. O que tenho, não aprendi sozinho, sinto que preciso dar o meu retorno. Não adianta passar horas, dias estudando para mostrar apenas para quem já conhece a arte;, defendeu enquanto preparava três saxofones ; um soprano, o menor e mais agudo; um alto, com um som intermediário; e um barítono, o maior e mais grave.

O saxofonista leva convidados a todas as escolas que visita ; seis nesta edição. A iniciativa é patrocinada pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura. ;O FAC nos ajuda em cinco escolas. Ano passado e neste, escolhi uma para fazer à parte, por minha conta. Agora, foi um colégio para alunos especiais de Brazlândia, que, antes de recebê-los, foi o primeiro lugar em que estudei;, lembra.

Hoje, a temporada termina com uma apresentação no Centro de Ensino Fundamental 02, no Paranoá, às 16h30. O músico volta para a França feliz. ;Além de mostrar-lhes a música, tenho o objetivo de despertar talentos. São seis escolas. Se eu conseguir conquistar uma pessoa, estarei realizado;, conta. Pela empolgação apresentada pelas crianças do Cruzeiro, o objetivo não é tão distante assim. ;Eu adorei. Ele toca muito bem;, elogia Patrick Fernandes Santana Barbosa, 11 anos, aluno da 3; série que já conhecia o som do sax. ;Minha tia fazia aula e tocava;, conta ele. ;Mas, agora que vi ele, acho que ela tocava meio mal;, brinca.

Enfileirados na ordem das séries (da 1; até a 4;), as crianças ficaram de boca aberta já no primeiro número, a composição Carinhoso, de Pixinguinha. E logo passaram à euforia com versões dos temas dos desenhos Pica-Pau e Pantera Cor-de-Rosa. ;Me excita a curiosidade das crianças. Elas sempre me perguntam, pedem para tocar no instrumento;, anima-se Gontijo. ;Eu fiquei com vontade de tocar;, disse o tímido João Paulo Alves, já iniciado no mundo dos instrumentos de sopro. ;Eu fazia aula de flauta, mas tiver que largar. Minha família vai se mudar para Brasilinha (Planaltina de Goiás);, contou ele.

Mesmo não conhecendo música erudita, os alunos pareciam entender cada passo do saxofonista. ;Eu gosto mesmo é de funk, mas gostei muito do que ele tocou;, garante Paulo Henrique Queiroz Freitas, 10, 3; série. ;A música que eu mais gosto é música de Deus. E pode usar esse instrumento também;, afirma a pequena Lilian Gabriele Viana Amorin, 7, da 2; série.

Os adultos também se emocionaram com a apresentação. Quando os convidados Davison Miranda, Lívia Bergo e Alan Moreira cantaram uma parte de O Fantasma da Ópera(1), a orientadora educacional Nilvânia Faria foi às lágrimas. ;Eu amo esse musical. E perdi meu marido há pouco, estou muito sensível;, justificou. O programa terminou com duas canções natalinas, Pra Não Ser Triste e Bate o Sino, cantadas em coro pelas crianças.

1- 100 anos
Le Fantôme de l`Opéra, no original em francês, completa, em 2010, um século de sua primeira publicação. Seu autor, Gaston Leroux, inspirou-se na novela Trilby de George du Maurier. A obra foi adaptada diversas vezes para o teatro e o cinema e está em cartaz desde 1986 na Broadway.

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