Cidades

Paulo Octávio deve tirar licença da presidência do DEM no DF

Renato Alves
postado em 11/12/2009 15:49

O vice-governador Paulo Octávio estuda a possibilidade de se licenciar temporariamente da presidência do Democratas (DEM) no Distrito Federal. A atitude seria uma forma de mostrar isenção no processo de expulsão do deputado distrital Leonardo Prudente. O ex-presidente da Câmara Legislativa aparece em imagens guardando nas meias um maço de dinheiro recebido de Durval Barbosa, ex-secretário de Assuntos Institucionais do governo Arruda.

Paulo Octávio falou da sua intenção aos dirigentes do DEM em Brasília durante reunião no diretório-regional do partido, nesta sexta-feira (11/12) de manhã. No encontro, os integrantes do DEM abriram o processo de expulsão de Prudente. O distrital terá oito dias para apresentar a defesa. O relator do processo no partido é Nilo Cerqueira, administrador regional do Sudoeste e da Octogonal, bairros nobres de Brasília.

Paulo Octávio quer tirar licença da presidência do DEM no DF por 90 dias, para não ser acusado de tentar impedir uma possível punição a Prudente, seu antigo aliado. Por outro lado, Nilo Cerqueira, o relator, é afilhado político de Paulo Octávio. Foi o vice-governador quem indicou Cerqueira ao cargo de administrador do Sudoeste e da Octogonal. A função faz parte da cota de Octávio no governo do DF.

O partido alega que, após as denúncias e a desfiliação do governador José Roberto Arruda ;acusado de articular esquema de propina e corrupção no GDF ;, a abertura de processo contra Prudente se tornou inevitável. Integrantes do partido no DF disseram ao Correio que, provavelmente, Prudente tomará o mesmo rumo de Arruda, deixando o partido antes que o expulsem.

Saída do governo

Já o senador Adelmir Santana (DEM-DF), suplente de Paulo Octávio, exigiu nesta sexta-feira (11/12) uma definição política do seu partido em relação ao GDF. No momento em que o Arruda decide desfiliar-se da agremiação, o senador questiona a manutenção do partido no governo de Brasília.

Em discurso no plenário do Senado, Adelmir lembrou que partidos como PSDB, PSB, PDT, PMDB, PPS e PV, seguindo orientação nacional, deixaram o governo Arruda, abandonando cargos que ocupavam no primeiro e no segundo escalões.

No entanto, o DEM mantém-se na estrutura governamental, por meio do vice-governador Paulo Octávio, e do secretário de Transportes, Alberto Fraga, entre outros membros da sigla, o que requer um posicionamento oficial do partido, segundo Adelmir.

As declarações ocorreram após Adelmir Santana participar da reunião da Executiva Regional do DEM, quando o partido decidiu dar prazo de oito dias para defesa de Leonardo Prudente.

Adelmir afirmou que não se posicionou antes porque sentia-se "aprisionado pelos fatos". No entanto, quando a direção nacional do DEM preparou-se para expulsar o governador Arruda, sentiu a necessidade de se manifestar.

"Nada a ver com isso"

O senador afirmou que o governo local vinha tendo boa avaliação popular, reconhecida por pesquisas, pelos principais analistas políticos e até mesmo por ele, que sempre defendeu o governo em discursos e pronunciamentos.

Para Adelmir, no entanto, "todos os últimos acontecimentos são lamentáveis e denigrem a classe política de Brasília, com raras exceções". E ressaltou: "Não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo hoje".

Em seu discurso, o senador revelou ter preocupação com o que chamou de "dissonância" no partido. "Há uma dissonância entre a posição nacional do DEM e a Executiva Regional, que age como se nada houvesse acontecido no que se refere ao relacionamento com o governo", disse.

"Não estou comprometido com as coisas que não estejam corretas. Não tenho compromisso com o erro", ressaltou Adelmir, dizendo que componentes do DEM sentem-se vulneráveis pelo comprometimento do partido com o governo Arruda.

O senador lamentou, ainda, as declarações duras do secretário Alberto Fraga, publicadas nesta sexta-feira pela imprensa, condenando o DEM pelo tratamento dado ao governador Arruda, o que amplia o clima de incoerência dentro da agremiação.

"Qual o futuro e o caminho do nosso partido?", questionou Adelmir, mostrando que, enquanto a Executiva Regional mantém-se fiel ao governador, a liderança do DEM no Senado divulgou informativo com "linguagem contundente", dizendo ser este o primeiro partido do Brasil a punir exemplarmente a impunidade.

Adelmir concluiu seu discurso afirmando que não é sua atribuição fazer julgamentos, os quais cabem às instâncias superiores do partido e à Justiça, mas precisa definir claramente qual a posição do DEM em relação ao GDF.

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