Cidades

Passado reluzente no Museu Histórico e Artístico de Planaltina

Mobiliário de um casarão construído no início do século passado pode ser visto, a partir de hoje, no Museu Histórico e Artístico de Planaltina. Exposição tem o aval da família Guimarães, herdeira do imóvel

Naira Trindade
postado em 12/12/2009 07:04
O telefone na parede na sala de negócios da família Guimarães retrata uma época. A casa de Planaltina, construída antes de 1903, foi durante anos a primeira da região a contar com o aparelho de comunicação. Nela, água encanada e quente eram privilégios de poucos. Todos os seis filhos do casal Maria América e Francisco Mundim Guimarães ; herdeiros da segunda geração do casal Olívia e Salviano Monteiro Guimarães ; tinham acesso às modernidades disponíveis, naquele tempo, nas grandes cidades. Sobre as mesas, os castiçais eram apenas objetos de decoração. A casa no interior goiano não demorou a adquirir energia elétrica. Objetos, móveis, fotografias e lembranças de um século podem ser vistos e recordados por visitantes a partir de hoje, no Museu Histórico e Artístico de Planaltina. (1)

As portas do casarão estão abertas a partir das 10h. A exposição vai permanecer até 13 de junho, de terça a domingo, das 9h às 17h. Para tornar pública uma história que surgiu antes mesmo de Brasília ser capital federal, as irmãs Guimarães buscaram, durante seis meses, reconstituir os cenários vividos durante anos na mansão da família. Na sala de estar, sofás, cadeiras e um piano tocado por Maria América Guimarães chamam a atenção. Em cima dele, o violino da filha Maria Dione. ;Nos fins de tarde, a praça (em frente ao museu) ficava cheia de amigos de papai para ver mamãe tocar;, conta a filha da terceira geração da família, Marilda Guimarães, 60, orgulhosa em concretizar o sonho de divulgar a história. Professora com formação em pedagogia, ela lecionou em vários colégios do DF até aposentar-se pelo GDF.

Cada pedaço daquele casarão lembra uma época. No quarto do casal, a cama onde nasceram os sete filhos de Maria América e Francisco permanece intacta, de madeira forte e resistente. A colcha branca de crochê foi trabalhada pelas mãos da pianista. No criado-mudo, uma foto para o visitante conhecer o rosto da bela mulher que criou os seis filhos ao lado do marido Francisco. Prefeito por duas vezes de Planaltina, Francisco é lembrado pelas filhas como um homem de visão. ;Nossa casa tinha todo o conforto daquele tempo;, descreve Marilda. ;Quando meu pai decidiu nos mandar para estudar, minha mãe sugeriu que fôssemos para o interior goiano, mas meu pai queria que vivêssemos na capital (Rio de Janeiro), onde teríamos que conviver com pessoas diferentes de nós.;

A herança deixada pelos Guimarães traz à tona experiências vividas antes do Distrito Federal. ;Aqui ainda era Goiás. Muitas das terras onde os brasilienses vivem hoje eram de nossa família. Para a construção da capital, o governo desapropriou algumas fazendas. As pessoas tendem a pensar que não havia nada aqui antes de Brasília, mas a exposição vai provar o contrário. Não estamos somente contando histórias,mas também mostrando como éramos;, ressaltou Maria Helena Guimarães, 59. Para a assessora da diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF, a museóloga Ana Frade, a exposição é a oportunidade de todos conhecerem um pouco mais da história de Planaltina, de Goiás e de Brasília. Por isso, a casa fica aberta por seis meses a visitação.


Museu
O Museu Histórico e Artístico de Planaltina foi construído por Afonso Coelho Silva Campos, inaugurado em 22 de abril de 1974 e tombado como Patrimônio Histórico Nacional em 1987. Hoje, encontra-se protegido pelo Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico (Depha), de acordo com inscrição no Livro II ; Edifícios e Monumentos Isolados. A construção também serviu de residência, até 1973, quando o GDF adquiriu o imóvel mediante desapropriação amigável, visando preservar as tradições e características culturais de Planaltina.


CONHEÇA
O Museu fica na Praça Salviano Guimarães, n; 24, Setor Tradicional, Planaltina. A exposição começa hoje e fica aberta até 13 de junho de 2010, das 9h às 17h. A entrada é de graça.

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