Cidades

Direção da UnB estima que cerca de 500 mil livros sumiram das prateleiras

postado em 15/12/2009 08:27
A direção da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (UnB) estima que cerca de 500 mil livros sumiram das prateleiras nas últimas décadas. A perda corresponde a um terço do total de obras disponíveis, que chega a 1,5 milhão. O número é impreciso porque nunca foi feito um levantamento dos exemplares. Para contabilizar o prejuízo e evitar novos furtos, a equipe da biblioteca pretende começar, no início do próximo semestre, um inventário completo do acervo e aumentar a segurança.A Biblioteca Central da UnB tem acervo de 1,5 milhão de livros: inventário completo será realizado

Na teoria, os livros só poderiam deixar o prédio depois de passar por registro de empréstimo. Apenas alunos, professores e servidores têm direito a retirar os exemplares. O problema são os livros que saem da biblioteca sem aviso e nunca mais voltam. ;Temos controle do que fica obsoleto, é mutilado e precisa de substituição ou não é devolvido. Mas não temos controle nenhum sobre o que é furtado;, comentou a diretora da biblioteca, Sely Maria de Souza Costa.

A preocupação da diretora é saber quantos livros permanecem na biblioteca. Para isso, eles serão verificados um a um. O primeiro passo é equipar os 50 mil títulos que não contam com código de barras. Sely encomendou as etiquetas e pretende começar o trabalho assim que o material chegar. O processo é minucioso, por isso, demorado. ;Todos os dígitos do código têm que estar corretos para aquele livro. É um trabalho que exige muita atenção e tem que ter supervisão controlada para não haver erro de um código ser colado em outro livro;, detalhou Sely.

Para não fechar a biblioteca, a diretora planeja impedir o acesso a um setor de cada vez. Os funcionários etiquetam os livros, passam o leitor do código de barras em cada um e a sala está pronta para voltar ao uso. ;Quero ter isso terminado até o fim do próximo semestre;, afirmou Sely. Com o inventário pronto, a segurança será mais rígida. A biblioteca aguarda a compra do sistema de câmeras de segurança e está treinando os funcionários da portaria. Uma dupla de vigias percorrerá os corredores de olho em movimentos suspeitos. O acesso às senhas do sistema será restrito até para os servidores. ;Esse problema é mundial, nunca vai acabar. Mas estamos tentando aumentar os mecanismos de segurança;, concluiu Sely.

Dificuldade


Não é fácil detectar o sumiço de um livro. Um dos indícios do furto é quando um usuário precisa de uma obra e faz a busca no sistema informatizado da biblioteca. Na tela do computador, uma mensagem diz que o exemplar está disponível. O estudante segue até a prateleira correspondente, mas não encontra o material. O livro pode estar perdido na estante errada, ou ter sido levado sem aviso.

Para a estudante do 5; semestre de odontologia Mirian da Silva Oliveira, 24 anos, o problema é frequente. ;Não tem muitos livros do meu curso. Quando tem algum, ele está desaparecido ou uma pessoa empresta e passa o semestre inteiro com ele;, disse. Segundo ela, outro recurso usado por alguns usuários é esconder o título nas estantes da biblioteca. Se o livro está longe do lugar indicado no sistema, é quase impossível encontrá-lo. ;Assim, a pessoa não empresta o livro, mas consegue ficar com ele o semestre todo;, explicou.

Mirian acredita que o detector de fitas magnéticas é uma maneira eficiente de controlar a saída dos exemplares. Há uma fita colada em cada livro da biblioteca ; ao passar pelo portal, ela aciona um alarme. Se o usuário registra a saída do título corretamente, o dispositivo é desativado por um funcionário.

O esquema de segurança da biblioteca conta com a revista de bolsas. Na saída, todos passam por uma catraca e são orientados a abrir a mochila ou similar para comprovar que não há livros sem registro de empréstimo. Para o estudante do 3; semestre de biologia Adrian Morais, 21 anos, no entanto, nem sempre a revista é eficiente. ;Depende de quem está verificando na saída. Às vezes, você abre a mochila e eles não olham bem, alguns deixam passar;, disse.


O QUE DIZ A LEI
O Código Penal, instituído pelo Decreto-Lei n; 2.848, de 7 de dezembro de 1940, define o ato do furto como ;subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel;. A pena para quem pratica o crime é de um a quatro anos de prisão e multa. A pena pode ser maior caso o delito seja cometido durante o repouso noturno. Quando o réu é primário e o objeto do furto é de pouco valor, o juiz pode aplicar somente a multa ou diminuir a pena de um a dois terços. O crime é qualificado ; e tem a pena aumentada para reclusão de dois a oito anos, mais multa ; quando há abuso de confiança, fraude, uso de chave falsa ou o envolvimento de duas ou mais pessoas.

Acervo


Discos - 3.011
Fitas cassete - 671
Folhetos - 47.845
Mapas - 6.278
Partituras - 7.014
Teses - 33.463
Livros - 1.500.000
Periódicos - 1.451.758
VHS - 3.457

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