Mariana Flores
postado em 23/12/2009 08:47
O desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal em novembro ficou abaixo do esperado. O volume de vagas criadas no mês passado é cinco vezes menor do que no mesmo período de 2008. Apenas 2 mil pessoas foram empregadas no mês, contra 10 mil em novembro do ano passado. A geração de emprego não conseguiu absorver a mão de obra que ingressou na economia brasiliense no período: 8 mil pessoas que estavam paradas passaram a procurar emprego apenas em novembro, o que elevou a taxa de desemprego. O índice subiu de 15,1% da População Economicamente Ativa (PEA) em outubro para 15,3%.
Apesar da alta, é a menor taxa para um mês de novembro desde 1994. E os empregos gerados tiveram salários mais baixos que a média. O rendimento médio do brasiliense caiu de R$ 1.827 para R$ 1.810 entre setembro e outubro ; salários pagos no início de outubro e novembro, respectivamente ;, atingindo o menor patamar desde agosto de 2008. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O número reduzido de vagas criadas surpreendeu os analistas de mercado de trabalho, que esperavam um desempenho melhor. A explicação, apontam, é a antecipação da geração de emprego. Entre agosto e outubro deste ano, foram criados 20 mil postos de trabalho ; quatro vezes mais que no mesmo período de 2008. O coordenador da PED, Tiago Oliveira, concorda: ;O mercado de trabalho brasiliense criou muito emprego ao longo do ano, por isso em novembro a geração foi mais comedida. Não tivemos um impacto da crise como em outras regiões, que tiveram retração no emprego, principalmente no primeiro semestre;. Desde o fim do ano passado, 34 mil empregos foram criados na capital federal.
O saldo positivo de 2 mil vagas em novembro surgiu de demissões e admissões dentro dos setores produtivos do DF. Das vagas criadas, 4 mil estão no comércio. Boa parte foi contratada como vendedor temporário, como a moradora do Paranoá Luciana Espinhara de Sousa, de 18 anos. Após passar seis meses desempregada, ela conseguiu a ocupação em uma loja de sapatos. Com um filho de 3 anos para criar, ela garante a renda com uma comissão de 3,5% a 5% por par de sapatos vendido. A possibilidade de ganhar até R$ 2mil por mês a leva a sonhar com a efetivação a partir de fevereiro, quando vence o contrato temporário. ;Esta é uma ótima oportunidade para me sair bem e ser contratada, porque tenho alguma experiência em vendas;, afirma.
O setor de serviços empregou 3 mil pessoas no mês passado. A administração pública, 1 mil, mesmo volume da construção civil. Por outro lado, a indústria reduziu em 2 mil pessoas o quadro de pessoal apenas em novembro e o setor definido como outros ; que inclui serviços domésticos, agricultura, pecuária, extração vegetal, embaixadas, consulados, representações políticas ; demitiu mais 3 mil. Apesar do saldo de geração de postos de trabalho no mês ter sido positivo, a taxa de desemprego subiu em novembro em relação a outubro em função de um aumento dos interessados em conseguir um emprego.
Tradicionalmente, no fim do ano, um número maior de pessoas passam a procurar trabalho, segundo o economista Adolfo Sachsida, professor da Universidade Católica de Brasília. A PEA do DF atingiu 1,4 milhão de pessoas. ;O aquecimento do mercado de trabalho estimula as pessoas a procurarem no fim do ano. Elas se animam, principalmente com a oferta de vagas temporárias;, explica. Com isso, o número de pessoas desempregadas na capital federal saltou de 210 mil em outubro para 215 mil em novembro.
Renda menor
O rendimento médio pago ao trabalhador do Distrito Federal caiu 1% em relação ao mês anterior e 2,3% em comparação com o mesmo mês de 2008. Em média, os trabalhadores da capital federal ganharam em outubro R$ 1.810, o menor valor desde agosto do ano passado. A redução, segundo Oliveira, se deve a uma maior geração de postos de trabalho na construção civil, que paga salários mais baixos. Só a construção civil gerou 11 mil vagas nos últimos 12 meses. Apesar da redução, a massa salarial ; volume de dinheiro em circulação na cidade ; cresceu 1,4% no mês. O acréscimo se deve ao aumento da ocupação.
Os salários mais altos são pagos no serviço público. Em média, cada servidor recebe R$ 4.518 por mês. Os assalariados do setor privado que têm carteira assinada ganham em média R$ 1.114 mensais, enquanto os trabalhadores informais recebem R$ 816. Já os autônomos têm renda de R$ 879. A redução no mês se deu entre os autônomos e os assalariados informais (-0,1% e -6,8%, respectivamente). A renda média dos servidores teve uma queda de 0,9% no mês, decorrente da contratação de concursados com salários menores, o que reduziu a média salarial.
Força de trabalho
A População Economicamente Ativa (PEA) do Distrito Federal é a soma dos moradores da cidade com 10 anos ou mais de idade que estão ocupados ou que procuraram emprego nos últimos 12 meses. A PEA do DF em novembro chegou a 1,4 milhão de pessoas.