Cidades

Crise? Que nada! Quatro brasilienses contam como realizaram os sonhos em 2009

O ano começou com muitas incertezas e termina cheio de alegria para gente que conseguiu emprego de carteira assinada, comprou o carro zero, financiou a casa própria ou tomou posse no serviço público

Mariana Flores
postado em 25/12/2009 08:34
Apesar dos temores provocados pela crise econômica mundial, 2009 surpreendeu e serviu de marco para a vida de muita gente. Da compra do carro novo à aprovação em concurso público, os sonhos de muitos brasilienses viraram realidade neste ano. O Natal deles está sendo bem melhor que o de 2008, quando, além de ainda não terem obtido as conquistas pessoais, tinham que lidar com as incertezas da economia em função da turbulência que atingia o país e o mundo. A redução dos juros e o aumento da oferta de crédito e dos prazos de financiamento ajudaram muitas pessoas a comprar a casa própria. Boa parcela dos brasilienses tiveram acesso ao primeiro carro zero, em função da redução da carga tributária sobre os veículos. Na unidade da Federação que tem a segunda maior taxa de desemprego do país, 40 mil moradores do Distrito Federal conseguiram uma ocupação nos últimos 12 meses. E 8 mil pessoas assumiram cargos públicos na capital federal, segundo números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A avaliação dos economistas é que Brasília, assim como o restante do país, passou bem pela crise. ;2009 foi um ano relativamente bom, estamos terminando muito melhor do que esperávamos. As pessoas estão mais seguras no emprego, a renda está crescendo, então elas gastam mais, movimentando mais a economia e gerando mais trabalho;, afirma o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB). ;E além de contratar mais pessoas, o governo concedeu reajustes aos salários, o que movimenta ainda mais a economia do DF.;

A sensação de estabilidade no emprego foi um dos motivos que encorajou a comerciária Sandra Regina de Oliveira, de 31 anos, a entrar em um financiamento da casa própria. Além da redução dos juros ao consumidor, a taxa básica de juros da economia, a Selic, caiu de 13,75% ao ano no início de 2009 para os atuais 8,75% ao ano. Casada e mãe de dois filhos, ela sempre morou de aluguel em Valparaíso. Neste ano, quando completou 10 anos no mesmo emprego, uma loja de moda feminina, Sandra sentiu que podia se endividar a longo prazo. ;É um sonho realizado, fruto de muito trabalho. Senti que este era o momento de dar um salto;, conta. De quebra, Sandra ainda comprou o primeiro carro zero.

Assim como Sandra, a gerente de uma loja de roupas Jandy Sousa, de 32 anos, também comprou neste ano o primeiro carro zero. A redução da carga tributária sobre a produção de veículos foi um incentivo, segundo ela. ;Estava olhando há muito tempo. Com a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) ficou bem mais em conta.; Desde dezembro do ano passado, o imposto sobre os veículos novos foi reduzido como forma de incentivar o consumo e evitar desemprego nas montadoras.

Com isso, Jandy trocou o antigo carro, ano 2000, e simples, por um modelo mais requintado, ano 2009, e completo. O pagamento será feito em 36 prestações. ;A parcela coube no meu salário. Não tem problema ser em muitos anos, eu sem carro não sou ninguém;, conta. Assim como Sandra, mais 86 mil brasilienses ficaram ainda mais felizes: adquiriram seus primeiros veículos em 2009 ; esse foi o acréscimo verificado na frota brasiliense, segundo o Detran.

Avanço
O receio de que o desemprego atingisse a cidade em função da crise econômica não se concretizou. Nos últimos 12 meses, 40 mil pessoas que estavam desempregadas no fim do ano passado conseguiram uma ocupação. Dessas, 39 mil com carteira de trabalho assinada. A garantia de todos os direitos trabalhistas, além de alguns benefícios, foi o presente para Jackeline Morais em 2009. A vida profissional da moradora do Guará de 22 anos deu uma reviravolta. No ano passado, ela trabalhava como atendente e secretária em uma empresa fornecedora de brindes.

Agora, Jackeline continua exercendo as mesmas funções, mas tem como empregadora uma corretora de seguros. A diferença é que, em 12 meses, o salário quase dobrou ; passou de R$ 500 para R$ 900 ;, e ela agora tem carteira assinada, com todos os direitos garantidos, o que não tinha no antigo emprego. Além disso, existe plano de saúde pago, vale-transporte e auxílio-alimentação. ;Distribuí vários currículos, mas nada aparecia. Minha vida melhorou muito, agora posso ajudar a pagar as contas da casa e me programar para fazer uma faculdade no próximo ano.;

A melhoria no caso da advogada Lilian Borges Pereira, de 30 anos, foi a contratação em seu primeiro cargo público. Este ano, ela tomou posse após ser aprovada no concurso do Superior Tribunal de Justiça. Há oito meses, está lotada no Superior Tribunal Militar como analista. ;Estou realizada, gosto de advogar, mas a iniciativa privada é muito difícil para quem está começando. Como servidora, já tenho um salário bom desde o início;, conta. Com a estabilidade obtida no serviço público, ela agora se programa para comprar seu próprio imóvel. ;Na iniciativa privada, é difícil você ter confiança para fazer um financiamento, além disso a taxa de juros é menor para servidor.;

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação