Cidades

Média diária de multas cresce até 44% no DF

Em 2009, o Detran registrou aumento na quantidade de multas em seis das sete infrações mais comuns nas ruas do DF

Adriana Bernardes
postado em 28/12/2009 08:14

Em 2009, o Detran registrou aumento na quantidade de multas em seis das sete infrações mais comuns nas ruas do DFO ano nem acabou e as multas por excesso de velocidade já bateram os registros de 2008 inteiro. Os equipamentos eletrônicos flagraram 864.966 vezes a imprudência do brasiliense entre 1; de janeiro e 16 de dezembro deste ano. São 2.471 flashes a cada 24 horas. Durante todo o ano passado foram 724.551 casos. Um aumento de 24,8% na média diária. Já a frota teve um crescimento mais modesto, de 8%, com 86 mil carros a mais em circulação. O balanço parcial do Departamento de Trânsito (Detran) obtido pelo Correio com exclusividade revela que, das sete infrações mais recorrentes, seis registraram aumento (veja quadro). O maior aumento ficou com os flagrantes de avanço de sinal vermelho, que cresceram 44,8%.

O comerciário Uanderson Corrêa Lucas, 39 anos, está entre os punidos pelo Detran. Pisou no acelerador além da conta pelo menos quatro vezes. ;Eu culpo os radares. Alguns são uma armadilha. Ficam escondidos entre galhos de árvores, ou até mesmo sem sinalização que indique a existência do equipamento;, reclama. ;Quem fala que é desculpa (1)não vive a realidade do Distrito Federal. Falta estacionamento, a cidade está inteira em obras, radares mudam de lugar, ficam atrás de árvores. Isso tudo afeta o cotidiano e contribui para que a gente seja pego nesses deslizes;, reforça.

Entre as sete infrações de trânsito mais praticadas este ano, a única que teve queda foi o estacionamento em local irregular. Ano passado, 332 motoristas, em média, foram flagrados diariamente descumprindo a legislação. Este ano, 234 até o último 16. A estatística derruba os argumentos de motoristas e de comerciantes insatisfeitos com a Operação de Combate à Fila Dupla, desencadeada pelo Batalhão de Policiamento de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) em meados de setembro deste ano.

Donos de lojas e restaurantes reclamaram que a medida expulsava os clientes e, com isso, as vendas estavam em queda. Parte dos motoristas acusava o governo de colocar a indústria da multa nas ruas. Na prática, além da redução das infrações, a fluidez do trânsito é indiscutivelmente melhor nas quadras fiscalizadas. ;Era um verdadeiro caos circular por algumas quadras da Asa Sul. Agora, você consegue trafegar. A polícia tem que garantir o direito de todos. Não de uma minoria que só olha para o próprio umbigo;, defende o sociólogo aposentado Roberto Marins Campos, 67 anos.

Motorista profissional, José Maria da Silva, 48 anos, sente-se constrangido em dizer que todos os anos é multado de seis a oito vezes. ;Tenho até vergonha de falar isso, mas é verdade. Agora mesmo, eu poderia ser multado porque estou parado em fila dupla enquanto espero aparecer uma vaga. Já faz 30 minutos e, nada;, comenta.

Cinto e celular

A falta do cinto de segurança também aparece entre os pecados mais recorrentes ao volante. Apesar de ser incentivado em 1995, bem antes da exigência do Código de Trânsito Brasileiro, que só entrou em vigor três anos depois. Apesar disso, ainda há quem se descuide do equipamento de segurança, especialmente os caronas do banco traseiro. Até motorista de ônibus é visto sem o cinto.

Há cerca de três meses, os fiscais do Detran intensificaram a fiscalização deste tipo de desrespeito ao Código de Trânsito. A média de condutores ou passageiros flagrados sem o cinto de segurança saltou de 90 em 2008 para 100 casos este ano, 11% a mais. Os autos de infração por uso de celular ou fone de ouvido aumentaram 19,3%. ;Eu não consigo evitar o celular enquanto dirijo. Trabalho o dia todo, meus três filhos ficam com a babá. É por telefone que monitoro a rotina deles. Eu uso, sim. Já fui multada umas quatro vezes. Não tenho outro jeito;, admitiu uma advogada, que não quis se identificar. Estudos indicam que dirigir e falar ao celular ao mesmo tempo aumenta o risco de acidentes.

Mais rigor

Apesar do aumento de registro das principais infrações de trânsito, o gerente de Fiscalização do Departamento de Trânsito (Detran), Silvain Fonseca, acredita que o número de multas aplicadas este ano será praticamente igual ao do ano passado. ;Talvez fique um pouco maior porque este ano a nossa atuação foi muito mais intensa. Fizemos mais blitzes e combatemos o estacionamento irregular, o uso do celular e a falta do cinto de segurança;, explica.

Ações que, segundo Fonseca, estão ajudando a reduzir os acidentes e as mortes nas vias do Distrito Federal. A meta é fechar o ano com os mesmos números registrados em 2006. Naquele ano, o órgão de trânsito registrou 369 acidentes fatais e 414 mortes, os menores dos últimos 14 anos. ;Temos que levar em consideração que neste período a frota aumentou 28% e perdemos agentes de trânsito;, destaca.


1 - Não é minha culpa
Em novembro, a psicóloga social Ingrid Luiza Neto defendeu uma dissertação de mestrado sobre os argumentos dos infratores. Ela chegou à conclusão de que, para se livrar da punição, o condutor reconstrói a própria conduta, distorce o agente da ação e usa o conhecido ;jeitinho;, que é uma combinação das duas primeiras situações. Em resumo, a culpa é sempre do outro. A pesquisadora entrevistou 563 motoristas, 161 policiais militares do Batalhão de Trânsito (Bptran) e analisou 129 recursos entregues ao Detran.

Estacionar em local proibido é a terceira infração mais comum, com uma média de 234 flagrantes por dia

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