Ana Maria Campos
postado em 29/12/2009 09:08
Expulso do PSB por suposto envolvimento nas denúncias de corrupção reveladas pela Operação Caixa de Pandora, o deputado Rogério Ulysses foi notificado ontem sobre a decisão unânime da executiva regional, tomada no último dia 22. O distrital terá cinco dias úteis, a partir de hoje, para apresentar recurso à direção nacional do PSB, na tentativa de reverter a condenação que o impede de concorrer a qualquer cargo público nas próximas eleições. O prazo vence em 5 de janeiro. Ainda na semana passada, o parlamentar já havia tentado protocolar um recurso na sede da legenda, mas o escritório está fechado para o recesso de fim de ano.O presidente regional do PSB, Marcos Dantas, encaminhou a notificação ao gabinete do deputado pelos correios, com aviso de recebimento (AR). O documento foi também remetido por cartório à casa de Rogério Ulysses, em São Sebastião. Nos próximos dias, ele poderá encaminhar um pedido de reconsideração ao presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Assim que o recurso for protocolado, o comando do partido vai designar um integrante da executiva nacional. O relator tem a prerrogativa de manter ou rever a decisão do PSB-DF, sem necessidade de submeter seu posicionamento à executiva nacional.
Pela repercussão nacional do escândalo da Caixa de Pandora, no entanto, dificilmente Rogério Ulysses terá sucesso na direção do PSB. Marcos Dantas e o principal cacique do PSB no Distrito Federal, o deputado Rodrigo Rollemberg, são afinados com o comando da legenda e uma revisão da decisão da executiva regional representaria um constrangimento. Mais do que isso, o PSB perderia o discurso de moralidade que sempre adotou nas eleições. O partido tem recebido várias manifestações de apoio pela decisão tomada na véspera do Natal. ;Temos convicção de que adotamos todo o trâmite previsto no regimento do partido e demos ao Rogério Ulysses o direito de defesa;, afirmou Dantas.
Um dos caminhos que restará a Rogério Ulysses será recorrer à Justiça. Alvo de mandado de busca e apreensão da Operação Caixa de Pandora em seu gabinete e residência, o distrital nega ter recebido recursos indevidamente ou participado de esquema de corrupção. Ele também alega que a comissão executiva regional do PSB é provisória e, por esse motivo, não teria competência para aplicar a penalidade de expulsão. Mas, a julgar pela decisão da ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Cármen Lúcia ; que negou liminar para suspender processo de expulsão do governador José Roberto Arruda ;, Ulysses poderá enfrentar dificuldades.
Assunto interno
Arruda impetrou mandado de segurança em que alegou cerceamento de defesa na executiva nacional do DEM, mas a ministra considerou que o assunto era restrito às instâncias internas do partido. Arruda, então, apresentou pedido de desfiliação do DEM. Por causa da Operação Caixa de Pandora, o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, que aparece em vídeos guardando dinheiro na meia recebido do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, também protocolou pedido de desligamento do partido para evitar a expulsão.
Procurado pelo Correio, Rogério Ulysses não foi localizado ontem. No relatório aprovado pela executiva regional, o PSB aponta que o motivo do desligamento do distrital é bem mais amplo do que as evidências identificadas a partir da Operação Caixa de Pandora. O partido sustenta ter estranhado o apoio do distrital ao arquivamento súbito da CPI dos Cemitérios, além da retirada da assinatura para instalação das CPIs do BRB e Digital. Também relacionam o voto favorável de Rogério Ulysses à aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot), entre outras posições condenadas pelo PSB. Na semana passada, o distrital declarou ter considerado ;covarde; a decisão do PSB-DF.
O número
14.932 - Total de votos que elegeram Rogério Ulysses deputado distrital em 2006