Mariana Flores
postado em 02/01/2010 08:12
O mercado de trabalho do Distrito Federal reagiu melhor do que os dos estados brasileiros à crise econômica. Por aqui, não houve demissões em massa, como em outras cidades. Mas o número de postos de trabalho formais criados ao longo de 2009 foi menor do que o registrado no ano anterior. De janeiro a novembro ; último dado oficial do Ministério do Trabalho disponível ;, foram 22.173 empregos em carteira de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número é 27% inferior aos 30.419 registrados no mesmo período de 2008. A retração na média nacional foi ainda maior, 33%. ;Perdemos empregos no fim do ano passado e no início de 2009 e isto demora para recuperar. Brasília sentiu um efeito menor da crise, mas sentiu. E quem diminuiu o número de funcionários demora mais tempo para repor, porque se adequou à nova realidade produtiva;, analisa o especialista em mercado de trabalho Jorge Pinho, professor da Universidade de Brasília (UnB).O setor de serviços, a construção civil e o comércio foram os principais contratadores. E devem continuar sendo em 2010, segundo previsões dos representantes dos segmentos produtivos. ;Os três segmentos são o carro-chefe da geração de emprego no Distrito Federal;, resume o economista Tiago Oliveira, especialista em mercado de trabalho do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No setor de serviços, foram contratados 7.868 trabalhadores. O saldo foi obtido com a criação de 6.834 postos de trabalho nas empresas de alojamento e alimentação, que inclui os bares, restaurantes e hotéis. As clínicas odontológicas e médicas empregaram outras 3.001 pessoas e as instituições de ensino mais 2.196. As prestadoras de serviços de transporte e comunicação contrataram 168 profissionais e as instituições financeiras, 175.
Aghata Pinheiro de Camargo, 27 anos, foi uma das beneficiadas com as boas oportunidades de trabalho em 2009. Vendedora há quase seis anos, ela decidiu trocar de emprego para ter tempo de estudar. Depois de três meses parada, distribuiu o currículo em lojas de shopping centers. Foi a várias entrevistas, passou por processos rigorosos de seleção e chegou a rejeitar algumas ofertas devido aos salários ruins. Aghata atribui a facilidade do novo emprego à experiência acumulada ao longo da vida. ;Pela minha experiência, as lojas viam que era vantajoso me contratar. Mas o que vale mesmo é a rede social que você monta. Tem que conhecer pessoas que te indicam para o emprego. Não é tão fácil assim;, avaliou.
Em contrapartida, as administradoras de imóveis diminuiram em 4.506 o número de trabalhadores formais. A redução, segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF (Creci-DF), Luiz Carlos Attié, se deu porque as imobiliárias estão utilizando mais os serviços dos corretores de imóveis, que são profissionais autônomos, do que os trabalhos de profissionais contratados com carteira assinada por elas mesmas. Mas o mercado está em alta, de acordo com ele. ;Atualmente, as empresas estão dando preferência ao corretor autônomo e fecham contrato de prestação de serviços;, afirma.
Maior empregador
A construção civil foi o segundo segmento que mais empregou em 2009. O bom desempenho das construtoras, que estimam um crescimento de 20% nas vendas neste ano, levou a um aumento do quadro de funcionários. O volume de profissionais ocupados formalmente no setor deu um salto de 17% em 2009 e 7.691 trabalhadores conseguiram um emprego. ;O setor imobiliário cresceu muito ano passado, principalmente com Águas Claras e com obras em cidades como Samambaia, Ceilândia e Gama. Em 2010, é o Noroeste que vai puxar as vendas. As obras públicas tiveram um desempenho muito bom em 2009. Foram mais 2 mil canteiros abertos em todo o DF;, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Elson Póvoa. ;Em 2010, esperamos aumento de 10% no faturamento e vamos continuar contratando. Estão faltando profissionais qualificados no mercado, porque a demanda está elevada;, completa.
O comércio também elevou as contratações. Diferentemente da média dos segmentos econômicos, empregou mais do que em 2008. Desde o início de 2009, 4.936 brasilienses ; 58% mais do que idêntico período de 2008 ; conseguiram emprego no varejo ou no comércio atacadista. ;Os resultados do comércio foram crescentes. Além da manutenção do emprego, criamos vagas em 2009. E, em 2010, a economia do DF deve crescer ainda mais. Muitos setores serão movimentados com o período de eleições, gerando mais empregos, o que impacta positivamento no comércio;, afirma o presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio-DF), senador Adelmir Santana. Dos contratados, 2.842 foram selecionados entre outubro e novembro, meses em que o comércio eleva as contratações em função do Natal.
1 - Estudo
O Caged é uma coletânea nacional dos registros de admissões e dispensa de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Todos os estabelecimentos formais têm que informar os dados ao Ministério do Trabalho. DF cria menos empregos em 2009
Colaborou Juliana Boechat