Cidades

Jaqueiras plantadas há duas décadas ostentam fartura de frutos grandes e maduros

postado em 05/01/2010 08:36
Grande, pequena, mole ou dura. Tem de todos os tamanhos e gostos. A jaca definitivamente caiu nas graças de quem passa pela Estrada Parque Contorno do Bosque, via que separa o Sudoeste do Cruzeiro. Plantadas pelo Governo do Distrito Federal na década de 1980, as árvores cresceram e hoje dão frutos que embelezam ainda mais o canteiro central da famosa Avenida das Jaqueiras. Por lá também não há como se perder: a via ganhou até placa em outubro do ano passado. ;É difícil ver por aí uma avenida dessas cheia de frutos e tão bonita. Quando eu quiser comer jaca, já sei como chegar e onde procurar;, garantiu a estudante Marina Campos, 25 anos. Moradora de Valparaíso de Goiás, ela visitou pela primeira vez, ontem, uma amiga no Cruzeiro, e ficou encantada com a quantidade de frutos no alto dos pés de jaca. ;O que na minha cidade tem de menos, aqui tem demais;, brincou.

Em frente ao Terminal Rodoviário do Cruzeiro, motoristas, cobradores, usuários e taxistas se consideram privilegiados. Há 10 anos trabalhando no ponto de táxi, Manuel Costa Almeida, 67, já viu muita gente enfiar o pé na jaca(1) nos últimos anos. ;Elas chegam é com carrinho de mão e até caminhão, não só para comer, mas revender também;, contou o taxista. Manuel não é muito fã do sabor adocicado da jaca, mas, das três ou quatro vezes que provou do fruto, uma delas foi no ano passado, quando um amigo resolveu usar a casca para fazer doce. ;Ele levou para casa e no outro dia trouxe para a gente experimentar, só que achei muito enjoativo;, avaliou.

Sabor inconfundível
Mas não é todo mundo que enjoa fácil. Para muitos moradores e trabalhadores da região, as jaqueiras são de dar água na boca. E eles acompanham o processo de amadurecimento do fruto. ;Eu reconheço se a jaca está boa ou não para comer pelo cheiro;, afirma a secretária do lar Joice Bispo Sousa, 32 anos. Na Avenida das Jaqueiras, nem todo mundo tem o mesmo conhecimento de Joice. Pelo gramado, muitas delas apodrecem após terem sido arrancadas antes do tempo. ;Acho a paisagem muito bonita, mas me entristece quando as pessoas arrancam a jaca e não levam. Além de ser um desperdício, é um desrespeito à natureza;, reclamou.Bem no meio do ambiente urbano, as árvores se destacam e, além de produzirem sombra, servem para alimentar algumas espécies de pássaros, bem como quem passa pelo local

Se, por um lado, muita gente desperdiça, por outro há quem faça questão de comer até o último bago da jaca. Na tarde de ontem, dois zeladores aproveitaram a calmaria deste início de ano para colher aquelas que estavam prontas para o consumo. Em cima dos galhos, Adilson Inácio de Jesus, 32, procurava as mais amarelinhas. Em solo e com um par de chinelos nas mãos, José Maria Vieira, 43, apanhava as quatro jacas que o colega jogava do alto, com cuidado de não as deixar cair na terra. ;Todo ano a gente come jaca desses pés. Elas são muito gostosas;, contou Adilson. Ontem, eles levaram o que colheram para outros amigos que trabalhavam em prédios

vizinhos. ;A gente dá só para quem gosta de verdade, porque quem não gosta, nem adianta levar para casa, pois não vai comer e aí é desperdício;, analisa José Maria.

Além de saborosas e belas, as jacas são ainda responsáveis por garantir sombra e melhorar a umidade do setor. É possível caminhar por toda avenida sem ser atingido pelos raios do sol. Com a quantidade de frutos, os passarinhos também tomam conta do lugar e transformam o ambiente em um verdadeiro palco onde a natureza é quem faz a festa.

1 - ;Pé na jaca;
A expressão ;enfiar o pé na jaca; significa embriagar-se ou cometer excessos. O correto seria ;enfiar o pé no jacá;, com acento agudo. Jacá veio do tupi aya;ka, que era um cesto feito de bambu usado preso no lombo de animais de transporte de carga no Brasil colonial, entre os séculos 17 e 18. Quando viajavam, os tropeiros costumavam parar em alguns comércios e exageravam na bebida. Bêbados, na hora de montar nos cavalos, era muito comum eles pisarem nos jacás e caírem no chão.

Para saber mais
Frutos saborosos


A jaqueira é uma árvore tropical que veio da Índia para o Brasil no século 18. Ela chega a atingir 20 metros de altura e tronco tem cerca de 1 metro de diâmetro. É cultivada em toda região amazônica e na costa tropical brasileira, do Pará ao Rio de Janeiro. As jaqueiras também se desenvolvem em regiões de clima subtropical e semiárido, contanto que haja irrigação artificial, como ocorre no Ceará. Entre as variedades da jaqueira, estão a jaca-dura, jaca-mole e jaca-manteiga. O fruto chega a pesar até 15kg e é rico em carboidratos, minerais, além de fonte de vitaminas A, C e do complexo B, sendo suas folhas muitas vezes utilizadas pelas propriedades cicatrizantes. Uma jaqueira pode produzir frutos por aproximadamente 100 anos e cada jaca contém várias sementes ; até 500 unidades por fruto. A jaca pode ser consumida crua ou usada na preparação de doces e geleias caseiras. O ponto de colheita é demonstrado pelo aroma forte que os frutos exalam e pelo som oco que emitem quando neles se bate. As sementes, sem pele e cozidas, também podem ser consumidas assadas ou moídas, sendo muito utilizadas para o preparo de biscoitos e doces. A semente é rica em amido e ajudar a tratar de problemas intestinais.


O doce

Ingredientes:
1kg de jaca verde (pesada sem o caroço)
1/2kg de açúcar
1 xícara de chá de água
suco de 1 limão

Modo de fazer:
Limpe bem os bagos da jaca.
Em uma panela coloque o açúcar, a água, o limão e leve ao fogo até formar uma calda rala (cerca de 15 minutos). Junte a jaca e cozinhe em fogo baixo até a calda engrossar e os bagos ficarem macios e brilhantes
(30 minutos). Esfrie e guarde na geladeira.

Fonte: www.todafruta.com.br

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