Na bagagem do hóspede não podem faltar colchão, manta, casaco, brinquedos e comida. O kit de sobrevivência ajuda o animal de estimação a manter o conforto mesmo longe de casa, enquanto os donos viajam. Escolher um bom hotel é essencial para encontrar o mascote saudável e feliz na volta do recesso. Ele pode até não comer ou brincar direito no primeiro dia, mas, com tratamento adequado, o cão retoma a rotina até o proprietário retornar.
Sessenta cachorros ocupam as instalações da Pousada dos Bichos na estação mais concorrida do ano. Desde meados de dezembro, os canis da cidade estão cheios e o movimento deve durar até o fim do carnaval. Tem yorkshire, shitzu, lulu da Pomerânia, pug e outras raças, especialmente as de pequeno porte. A única exigência para fazer o check-in no local é ser manso, por isso a maioria dos hóspedes é de cachorros de companhia. Para que eles não sintam tanta falta dos donos, as brincadeiras no pátio são constantes. ;Eles são soltos todos os dias. Comem de manhã e à noite, tentamos seguir os horários de casa;, disse o gerente da pousada, Carlos José de Souza, 39 anos.
A idade mínima para se hospedar no hotel é cinco meses, quando o animal está mais protegido contra contaminações. Uma veterinária está sempre disponível para resolver problemas e os cães são levados a hospitais próximos em caso de emergência. A diária varia de R$ 25 a R$ 45, sendo permitido aos bichos que moram juntos passar as férias no mesmo quarto.
Algumas dicas podem ajudar o animal a ficar tranquilo durante a estadia no hotel. Deixar os pertences dele no canil diminui a sensação de estar em um local estranho. ;Sentindo o cheiro das coisas dele, a tendência é o cachorro ficar melhor;, explicou a veterinária Andresa Oliveira. Segundo ela, alguns cães podem comer menos, chorar ou relutar para fazer xixi nos dois primeiros dias. Se o comportamento continuar, pode haver prejuízo para a saúde. A dica de Andresa é escolher um hotel recomendado por um conhecido e checar a higiene das instalações. Na hora de deixar o bicho, é interessante passar o telefone do veterinário dele para casos de emergência.
A estudante de arquitetura Daniela Saad, 27, levou a cama e os brinquedos usados pela cadela Darah, 2 anos, da raça shitzu, para a hospedaria. Enquanto a estudante passou o Natal e o ano-novo em Uberaba (MG), Darah ficou em Brasília sob cuidados especiais. ;Também deixei uma peça de roupa minha para ela sentir o cheiro e se acalmar. Ela estranha muito quando muda de rotina;, afirmou Daniela. A cadela não quis comer no primeiro dia, mas logo se acostumou ao novo ambiente e recuperou o apetite.
Hóspedes alados
Se o porta-malas do carro ficou apertado para a gaiola do passarinho de estimação, o jeito é procurar quem cuide do mascote de penas durante a viagem. As aves são mais independentes que os cães ; não é preciso levá-las para passear e fazer exercícios. Ainda assim, manter os cuidados com água, ração e higiene é fundamental quando os donos estão longe.
A falta de um hotel para pássaros em Brasília despertou no atendente Jefferson Gomes, 36, a ideia de receber os animais em casa. Desde novembro do ano passado, ele cuida de cerca 25 aves em sua residência. Apenas 12 são dele ; as outras são de clientes que viajam e não querem deixar os bichos desamparados. ;Comecei de brincadeira, porque uma freguesa pediu para deixar o pássaro comigo. Não é todo muito que sabe cuidar de pássaros e eu gosto deles desde pequeno, é uma paixão;, comentou. Jefferson recebe os hóspedes na loja de artigos para bichos onde trabalha, na 205 Norte.
O comerciante lembra que os bichos não podem ficar mais de dois dias com as mesmas porções de ração e água ; a comida corre o risco de fermentar. Ele limpa as bandejas das gaiolas diariamente e fica de olho no comportamento dos hóspedes. ;Tem que prestar atenção para perceber alguma anomalia ou mudança. Se ele fica muito parado, você vê que algo não está legal;, disse o dono do hotel. A diária na hospedaria custa R$3 e a ração é por conta do dono. Só são aceitos animais importados ou autorizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
A servidora pública Fernanda Pacheco, 44, está se preparando para férias de uma semana na Bahia. Ela deixará o casal de mandarins com Jefferson para não ter dor de cabeça na viagem. ;É impossível levar os pássaros, então acho isso perfeito;, avaliou. Fernanda teme que os bichos estranhem a mudança temporária, mas acredita que é melhor deixá-los com alguém de confiança. Aos cuidados do dedicado tratador de pássaros, eles estarão bem.
Confira à videorreportagem sobre os hotéis para animais