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Ex-arcebispo de Brasília, dom João vai para o Vaticano

Em fevereiro, o ex-arcebispo de Brasília assumirá o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada

postado em 05/01/2010 08:00
Em fevereiro, o ex-arcebispo de Brasília assumirá o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos  de Vida ConsagradaO ex-arcebispo de Brasília dom João Braz de Aviz, 63 anos, foi nomeado pelo papa Bento XVI prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. O religioso vai chefiar o grupo que trata de assuntos relacionados a padres e freiras de todo o mundo. Dom João vive atualmente no Distrito Federal e terá de se mudar para o Vaticano, em Roma, no próximo mês. Por enquanto, a capital brasileira está sem arcebispo.

Dom João será um dos principais assessores da maior autoridade da Igreja Católica. Ele vai coordenar uma equipe atenta a polêmicas e outros assuntos ligados à vida religiosa, como disciplina, estudos, bens, direitos e privilégios. Se houver, por exemplo, problemas envolvendo religiosos em qualquer país, dom João poderá ser o enviado em nome do papa para intermediar uma solução.

Dom João pode também representar a Igreja em simpósios, congressos e outros encontros católicos. O ex-arcebispo da cidade informou a mudança aos fiéis na manhã de ontem, na Cúria Metropolitana de Brasília, embora já soubesse do novo cargo desde 14 de dezembro passado. ;Precisava manter o segredo, foi muito difícil durante todos esses dias;, relatou. A nomeação ocorreu porque o então prefeito da Congregação, o cardeal esloveno Franc Rodé, 76 anos, atingiu a idade-limite para exercer o cargo religioso. ;Geralmente, nós pedimos para nos afastar aos 75 anos;, justificou dom João, que não detalhou o processo de escolha.

Substituto
Nos próximos dias, a Santa Fé, no Vaticano, deve decidir quem será o próximo arcebispo de Brasília. Até lá, dom João permanece como administrador apostólico ; por ter sido nomeado prefeito da congregação, não pode acumular o cargo de arcebispo metropolitano.

;Caso o Vaticano demore muito para escolher um arcebispo, temos um grupo de seis padres aqui em Brasília que podem escolher entre eles um novo administrador apostólico. Mas só o Vaticano decidirá o novo arcebispo. Não temos acesso aos nomes;, explicou dom João, que esteve à frente da arquidiocese de Brasília durante sete anos.

Agora, o catarinense prepara a transferência para Roma. ;Passei a amar muito Brasília. Ela é desafiadora, mas acaba nos fazendo amá-la. O povo daqui também desperta muito amor, por ter fé profunda. São 128 paróquias, amarrei meu coração aqui;, concluiu o ex-arcebispo da capital do país.

Perfil
Críticas à corrupção
Dom João Braz de Aviz nasceu em Mafra, Santa Catarina, em 24 de abril de 1947. Tem sete irmãos, um deles também religioso católico. Depois de estudar filosofia no Seminário Maior Rainha dos Apóstolos de Curitiba e na Faculdade de Palmas, completou os estudos teológicos em Roma, nas pontifícias universidades Gregoriana e Lateranense. Foi ordenado sacerdote em no fim de 1972. Mudou-se para a Diocese de Apucarana (PR), atuou como pároco em várias igrejas, como reitor de seminários e como professor de teologia dogmática. Foi nomeado arcebispo de Maringá (PR) em 2002 e arcebispo de Brasília, em 28 de janeiro de 2004. Tanto no sermão da missa em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro do ano passado, quanto na homilia da celebração pela posse de Agnelo Queiroz, no último dia 1;, dom João teceu críticas à corrupção na política.


Três perguntas para
Dom João Braz de Aviz
Como o senhor recebeu a notícia de que irá para o Vaticano?
Não vejo isso como uma promoção, mas como um bom desafio. Estarei a serviço do papa, coordenando uma grande equipe de especialistas que trabalham com vários aspectos da vida religiosa. Vou viajar sempre que for preciso e, na volta, conversar com ele diretamente sobre o que vi.

Quando o senhor percebeu que tinha vocação religiosa?
Pensei em ser padre, pela primeira vez, aos 7 anos. Criado em uma família cheia de fé, logo cedo aprendi a acreditar em Deus, o que despertou minha vocação. Aos 9, estava matriculado em colégio de freiras e, aos 11, já frequentava o seminário.

Quais desafios o senhor acha que vai encontrar na nova missão?
A saudade será um deles. Sentirei falta de Brasília, achava que eu iria morrer aqui, mas esse é o meu caminho, tenho de cumpri-lo da melhor maneira possível.

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