postado em 07/01/2010 08:50
Em tempos de tanta polêmica envolvendo a proteção do planeta e o desenvolvimento sustentável, a agricultura orgânica vem ganhando espaço e importância no prato de quem se preocupa com as próximas gerações. Apesar da fama de muito caros, os produtos cultivados sem agrotóxicos ou adubos industrializados estão num mercado que cresce. E as opções para encontrar esses produtos diferenciados se multiplicam ; há prateleiras estampando a ideia até nas grandes redes de supermercados. Os moradores do fim da Asa Norte contam com a opção já há 16 anos, desde que fiéis da Igreja Messiânica(1), na 315/316 Norte, inauguraram uma feirinha de orgânicos. O espaço existe até hoje e atrai consumidores de cidades mais distantes, como Taguatinga.Os alimentos são produzidos em chácaras próximas ao Plano Piloto, em cidades como Brazlândia e Planaltina. ;Todos os produtores são certificados (2)e passam por avaliações periódicas de entidades que trabalham com isso;, garante Veronilde da Silva, 33 anos, que cuida das bancas desde 1997. ;E não é só não usar agrotóxico. Tem várias questões, como a proximidade de fazendas que usam veneno, a água que é jogada nas plantas. É um processo muito sério;, garante.
A vendedora frequenta a Igreja Messiânica e é adepta da alimentação natural. ;A filosofia da religião é o cuidado com o corpo e com o espírito;, explica. ;A agricultura natural, para nós, é uma das colunas da salvação;, complementa, antes de atender mais um cliente. ;Hoje está até tranquilo, mas tem dia que lota. E não é só gente daqui da Asa Norte. Vem cliente de praticamente todas as cidades do DF.;
;Uma bênção;
A feirinha, que funciona às terças, às quintas e aos sábados das 7h às 12h30, é um privilégio ; porém, mais acessível a quem vive por ali. É o caso da servidora aposentada Maria de Jesus Bezerra, 58, vizinha da igreja. ;Parece até uma bênção. Eu sou adepta dos orgânicos há quase 20 anos. E já foi bem difícil de achar;, lembra. ;Hoje, considero que nós, brasilienses, somos privilegiados nessa área. São vários lugares para comprar, além dos restaurantes naturais, que são ótimos;, comenta, com um sorriso.
Conversas com amigos e reportagens sobre as qualidades da agricultura orgânica conquistaram Maria de Jesus. ;Eu até compro algumas coisas no mercado, quando é necessário. Mas produtos como tomate e morango, eu só compro orgânicos. Se não tiver, ficamos sem em casa;, garante. Para a consumidora, o preço dos orgânicos não é um impedimento. ;Eles já foram mais caros, é verdade. Mas não é com isso que eu me preocupo. Comer alimentos orgânicos foi uma opção que eu fiz para a minha vida, para a minha casa;, garante.
E, de acordo com Veronilde, a diferença tem caído bastante. ;Hoje, nas folhagens, principalmente, a diferença é bem pequena. Um produto orgânico chega a sair mais barato que um convencional em alguns lugares;, afirma. Na feirinha, um pé de alface sai por R$ 1,60, enquanto o produto cultivado com agrotóxicos custa, em média, R$ 1 no mercado. ;O que ainda é mais caro são produtos que recebem muito agrotóxico quando não orgânicos, como cebola, alface, batata e tomate;, conta ela. No local, uma bandeja com meio quilo de tomates é vendida a R$ 5,90. Com esse dinheiro, dá para comprar quase 1kg do produto em um mercado tradicional.
1 - Messianismo
É uma religião que nasceu no Japão em 1935. Seu criador, Mokiti Okada (1882-1955), afirmava ter recebido de Deus a missão de construir o paraíso na Terra. O pilar principal da doutrina é o johrei, uma maneira de canalizar a luz divina no corpo de outra pessoa e curá-la de seus males espirituais e físicos.
2 - Certificação
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é autorizado, por lei federal, a credenciar organismos que podem certificar produtores de orgânicos. O selo serve como segurança para o consumidor, que leva para casa um alimento cuja produção é fiscalizada. Já os empresários podem oferecer uma mercadoria com garantia de origem e cobrar o preço justo por ela.
Serviço
A feirinha Espaço Natural funciona às terças, às quintas e aos sábados, das 7h às 12h30, no estacionamento da Igreja Messiânica, na 315/316 Norte.
"Hoje, considero que nós, brasilienses, somos privilegiados nessa área"
Maria de Jesus Bezerra, frequentadora da feira da Igreja Messiânica