Mariana Flores
postado em 09/01/2010 07:45
Além das promessas de emagrecer, passar em um concurso público ou conseguir um amor, recorrentes nas listas de desejos para os anos que se iniciam, os brasilienses devem também se comprometer a serem mais organizados financeiramente. Passado o fim de ano, e com ele os ganhos extras, como 13; salário e bônus de produtividade, é hora de refazer as contas e botar em ordem as finanças pessoais. O orçamento familiar deve ser controlado com a mesma rigidez do de uma empresa, orientam especialistas. De um lado, as receitas. De outro, as despesas, que não devem nunca superar as primeiras. Não é preciso deixar de lado toda e qualquer compra que não seja de primeira necessidade, segundo os economistas. Mas, para se manter no azul, é preciso fazer, no mínimo uma reserva de 10% da renda familiar mensal para gastos eventuais. E esta também é a hora de se programar para as viagens e as compras de fim de ano. A sugestão é a de que o consumidor comece a pensar no fim de 2010 e faça uma poupança para os gastos.
Quem está com as contas em dia, deve tentar manter a situação. Alguns prazeres, como compras e viagens, custam caro e depois podem virar uma dor de cabeça, quando chegam as faturas do cartão de crédito. O ideal é se programar no início do ano para a viagem que será feita 12 meses depois, recomenda o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira. "As famílias devem começar agora a poupar uma quantia mensal que será utilizada para pagar a viagem de fim de ano. Quanto mais cedo se planejarem, menor será o sacrifício. Isso vale para todos os gastos grandes, como compra de imóveis e móveis ou a troca do carro;, ensina. ;Os pais não devem se preocupar em fazer o enxoval do filho apenas no nono mês de gravidez e, sim, logo que descobrem a gravidez. Quanto mais diluídos forem os gastos, mais fácil será pagar. Além do prazo maior, eles podem pagar à vista e evitar o pagamento de juros", completa.
Liquidação
A reserva de parte do salário serve para o caso de doenças, problemas no carro ou outras surpresas que podem demandar uma renda extra ao rendimento mensal, acrescenta Oliveira. E não é preciso deixar de lado as compras. Ao contrário. Os períodos de liquidação, como os que ocorrem nesta época do ano, devem ser aproveitados. Mas apenas para adquirir bens considerados necessários e que custavam mais caro até um mês atrás. O que prejudica o orçamento doméstico são estes gastos eventuais, de acordo com o especialista em finanças pessoais Márcio Rodrigues, professor da Investeducar, especializada em educação financeira e formação de investidores. "O problema maior não são as despesas fixas e, sim, aquelas que a gente não conhece de antemão, que se acumulam e fazem perder o controle. Por isso, o ideal é fazer uma planilha, ver onde está gastando e onde deveria gastar", ensina.
Planilha
Pensando no controle total dos gastos da família, o analista de sistemas Marcos Antônio Caetano de Souza e a mulher, a arquiteta Laura Perdigão, adotaram a planilha como ferramenta. Laura reconhece não ser tão organizada quanto ele, mas tudo bem. Marcos se responsabiliza por ajustar os gastos familiares às receitas. É dele também a função de cuidar dos investimentos da família, que conta ainda com dois filhos e uma neta. "Eu pago meus cartões e algumas contas da casa, mas não chego a fazer uma planilha. Mas tomo vários cuidados. Não entro em financiamento e avalio bem antes de comprar algo", conta ela.
Marcos, depois de muitos meses preenchendo a planilha de gastos, tem um controle maior sobre os gastos da família. "Desde 2006, toda gordura que sobra eu invisto. É com esse dinheiro que arcamos com despesas inesperadas, como problemas de saúde na família, por exemplo", diz ele.
Ouça as dicas de como planejar o orçamento doméstico com o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira.