Cidades

Setor produtivo local defende continuidade administrativa

Segundo o grupo, manutenção de investimentos do GDF não deixou crise afetar empresas

postado em 10/01/2010 08:42
A crise política desencadeada há pouco mais de 40 dias não afetou o desempenho da economia da capital federal. O Fórum do Setor Produtivo do Distrito Federal concluiu, em reunião realizada na última sexta-feira, a terceira desde que as denúncias vieram à tona, que a crise não migrou para o campo econômico. Em nota conjunta, representantes de seis setores empresariais alegam que ;a manutenção do cronograma de obras, projetos estruturantes e eventos, por parte do GDF, foi decisiva para garantir que a crise política não contaminasse a ação administrativa e a atividade econômica do DF;. Integram o Fórum as Federações das Indústrias do DF (Fibra), do Comércio do DF (Fecomércio), da Agricultura e Produção do DF (Fape), Nacional de Transportes de Cargas (Fenatac), das Associações Comerciais e Industriais do DF (Faci) e a Câmara dos Dirigentes em Brasília (CDL).

O governo local é responsável por 25% da riqueza gerada na capital, segundo a Fibra. Por isso, a preocupação de que o governo paralisasse investimentos. Quase todos os setores têm o GDF como cliente. Mas no encontro da última sexta, o Fórum concluiu que ;Brasília não parou;. Em 4 de dezembro último, os empresários divulgaram a primeira nota, intitulada ;Brasília não pode parar;, quando demonstraram a preocupação com os reflexos da crise na economia.

Uma semana depois, representantes da área econômica do governo participaram do segundo encontro do Fórum e garantiram ao setor produtivo que as atividades econômicas não seriam paralisadas, principalmente as obras. Além de manter os projetos, o GDF antecipou o pagamento do salário dos servidores referente ao mês de dezembro, normalmente desembolsado no início de janeiro, para 18 de dezembro.

Efeito positivo
A posição do GDF surtiu efeito, segundo avaliação do Fórum. ;A pronta ação do GDF e a mobilização do setor produtivo, em defesa da cidade, da economia e do emprego, evitaram que a crise política tivesse efeitos negativos sobre a economia e o emprego no DF;, diz a nota. O Fórum destaca, ainda, que ;é do interesse da cidade que a ação administrativa não sofra qualquer solução de continuidade, que as obras em andamento possam ser concluídas, bem como os projetos estruturantes e o calendário de eventos, como a comemoração dos 50 anos de Brasília.;

Um dos setores mais preocupados é o da construção civil. Mas, até o momento, segundo os representantes do Fórum, o ritmo das mais de 2 mil obras públicas em andamento foi mantido ; entre elas, a Linha Verde, na Estrada Parque Taguatinga.

;Até agora, o setor não foi afetado. E nem pode ser. Brasília está cheirando a poeira de tanta obra e isso é bom porque estamos movimentando a economia e gerando emprego;, afirma o empresário Dario Clementino, do segmento da construção civil.

Segundo os empresários, a apuração das denúncias deve ser feita pelos fóruns legítimos e constitucionais, de forma que a ação administrativa não seja afetada. As entidades produtivas prometem continuar acompanhando o cenário para avaliar futuros impactos que o desenrolar da crise possa trazer para a produção local.

Mais uma denúncia
Novo depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, divulgado pela revista Época, aponta denúncias contra o procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra. Segundo o depoimento, o governador Arruda teria dito em uma reunião com o advogado Aristides Junqueira que pagava R$ 150 mil por mês a Bandarra em troca de aval do Ministério Público do DF para as prorrogações de contratos de coleta de lixo, sem licitação. Ex-procurador-geral da República e advogado de Durval, Aristides disse que não poderia confirmar nem desmentir a história. Bandarra divulgou nota em que nega as acusações e diz que são mentirosas e fantasiosas. Segundo ele, os contratos não precisam de aval do MP para serem aprovados. Bandarra disse ainda que a Procuradoria-Geral da República já teve acesso ao depoimento e não considerou que havia elementos para abrir investigação contra ele. Os distritais vão ser recebidos sob protestos amanhã, primeiro dia de trabalho após o recesso. O Grupo ;Fora Arruda; promete mobilizar manifestantes na porta da Câmara Legislativa para pedir o impeachment do governador. Ontem, os manifesrantes distribuíram panfletos na Feira da Ceilândia e na Praça do Relógio, em Taguatinga.

Maioria quer Arruda até o fim da gestão
Pesquisa do Instituto Exata OP, realizada entre os dias 5 e 6 deste mês, indica que a maioria da população quer o governador José Roberto Arruda (sem partido) no comando do Executivo local até o fim de seu mandato em 31 de dezembro de 2010 para concluir as obras em andamento. De acordo com o levantamento, 58,3% estão de acordo com a permanência de Arruda, apesar da crise deflagrada com a Operação Caixa de Pandora. A margem de erro da consulta é de 3,5%, com intervalo de confiança de 95%.

Entre os 1.245 entrevistados pelo Instituto Exata OP, 26,5% preferem que Arruda e o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), também investigado pelo Ministério Público Federal, deixem os cargos. Nesse caso, um novo deputado distrital deveria ser eleito como presidente da Câmara Legislativa, no lugar de Leonardo Prudente (sem partido), para assumir o governo do DF. Flagrado recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, Prudente também é alvo da Operação Caixa de Pandora e seria o próximo na linha de sucessão, no caso de impedimento de Arruda e de Paulo Octávio. A partir de amanhã, a Câmara Legislativa aprecia 16 pedidos de impeachment contra o governador.

Os entrevistados tiveram acesso a um questionário em que escolheram a melhor opção para o Distrito Federal a partir da crise institucional no Executivo e no Legislativo locais provocadas pelas denúncias de Durval à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. As hipóteses que tiveram menos aceitação foram as que consideravam o afastamento de Arruda para que Paulo Octávio assumisse (5,1%) ou Leonardo Prudente (4,6%). Dos consultados, 5,5% não aprovaram nenhuma das alternativas.

O Instituto Exata OP verificou também o grau de aprovação do governo. Entre os entrevistados, 60,6% consideram positivo o desempenho da administração Arruda. A avaliação negativa foi de 37%. Os índices apontam que Arruda perdeu popularidade, mas ainda tem apoio da maioria da população, já que 14% avaliam a administração como ótima e 47% como boa. As cidades em que a aprovação é mais alta são: Estrutural (93,3%), Taguatinga (86,2%), Brazlândia (85,7%) e Planaltina (78,6%). As com menor índice de aprovação são Paranoá (33,3%), Recanto das Emas (39,1%), São Sebastião (42,9%) e Sobradinho II (44%).

Embora a maioria da população ainda aprove a atual gestão, a popularidade do governo Arruda caiu, numa comparação com pesquisas realizadas antes da Operação Caixa de Pandora, cujos mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal em 27 de novembro. Numa consulta anterior ao início da crise, 78% dos entrevistados aprovavam o governo, em novembro. Um mês antes, o índice verificado foi bem próximo, de 77%. Em dezembro, auge das denúncias e da divulgação de fitas gravadas por Durval Barbosa, 60% ainda diziam que a administração era boa ou ótima.

O número
60,6%
Total de brasilienses que avalia como positiva a administração atual do governo, segundo o Instituto Exata OP

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