Estudantes e militantes políticos de esquerda realizam uma vigília, desde as 19h deste domingo, em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal, em protesto contra os envolvidos no escândalo do suposto esquema de propinas do GDF. Cerca de 30 manifestantes, que decidiram dormir no local, pedem a saída do governador José Roberto Arruda, do vice-governador Paulo Octávio e dos demais deputados envolvidos.
O grupo acendeu velas, gritou palavras de ordem e discutiu temas relacionados ao escândalo, além de assuntos como o Setor Noroeste, a proteção do chamado santuário dos pajés e o Plano Diretor de Ordenamento Territorial. Também fizeram um cortejo fúnebre do governador do DF.
O objetivo da organização é se preparar para a manifestação programada para esta segunda-feira (11/1), quando se iniciam os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar o caso. São esperadas 500 pessoas, entre grupos de oposição e de apoio ao governo do DF.
"Nosso objetivo é criar um clima de insustentabilidade da situação, que já durou demais, e impedir que essa máfia permaneça no governo", explica a militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Poliana Faria, 24 anos. Para ela, é importante impedir também que o deputado Leonardo Prudente (sem partido) reassuma a presidência da Casa. "Não dá para aceitar que ele aja como se estivesse tudo bem, como se seu afastamento fosse só um período de férias", complementou.
Segurança
Um dos poucos desentendimentos se deu quando a polícia determinou que os estudantes deveriam ficar do outro lado da pista em relação ao edifício, afastado do gramado que faz limite com a Câmara Legislativa. De acordo com o tenente-coronel Armond, a determinação foi dada por questões de segurança e para impedir a invasão do prédio. Um grupo de viaturas permaneceu por toda a noite, com até 40 policiais no local, que foi cercado. O acesso de veículos foi fechado por volta das 20h.
Apesar do protesto do grupo de militantes, o clima ficou calmo durante a noite. "Queríamos chegar mais perto do prédio, até porque é melhor para acomodar as barracas, mas não temos a intenção de criar problemas para ninguém. Participei da ocupação do mês passado, mas nossa intenção agora não é entrar. É demarcar território, expulsar esses corruptos e deixar claro para eles que essa é a Casa do povo", declarou o professor da Secretaria de Educação Henrique Torres, 30 anos.
Além dos militantes políticos, estiveram na Câmara o maestro Jorge Antunes, que chegou às 23h com velas para prestar solidariedade ao grupo e ainda colaborou na produção de faixas de protesto, e a poeta Bic Prado, que milita contra o PDOT.
Outro problema se deu por causa do ponto escolhido para deixar o carro de som do Sindicato de Professores, que chegou às 17h. Estacionado em local indevido, o motorista, que se recusou a sair, chegou a receber voz de prisão. O problema foi resolvido pelo diretor da Central Única de Trabalhadores (CUT) Cícero Rola, que explicou ser tudo um mal-entendido.