Cidades

Seiscentos manifestantes fazem atos pró e contra Arruda em frente à Câmara Legislativa

Juliana Boechat, Rodolfo Borges
postado em 12/01/2010 07:40
O retorno aos trabalhos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) reativou as manifestações contra e a favor do governador José Roberto Arruda e dos deputados distritais envolvidos em denúncias de corrupção. Durante a manhã de ontem, o gramado e as pistas em frente à Câmara foram ocupados por cerca de 600 manifestantes ; a maioria a favor do governador. Os dois grupos protestaram de forma pacífica, mas houve um pequeno enfrentamento no início da manhã.

De acordo com os manifestantes do ;Fora Arruda;, os arrudistas ; que chegaram ao local a bordo de ônibus e caminhões ; danificaram o caixão dos oposicionistas e racharam a cabeça de um boneco criado para satirizar o governador. Intimidados, os estudantes deixaram o lugar combinado com a Polícia Militar, sob o argumento de que ali (do outro lado da pista em frente à Câmara) não havia segurança, e ocuparam uma rampa de acesso à Casa.

Os manifestantes pró-Arruda se reuniram em outra rampa de acesso, mas saíram quando a PM pediu, por volta das 8h. Os estudantes, contudo, continuaram no local e alguns foram retirados da rampa à força e jogados no gramado pelos policiais, que, diante da resistência, preferiram desistir da ação. ;Nossa resistência sempre foi pacífica;, garantiu o aluno de Letras da Universidade de Brasília (UnB) Diogo Ramalho.

A PM, que contou com 300 homens, fez um cordão de isolamento entre os dois grupos. Quando uma pessoa precisava ou queria passar para o outro lado, era instruída a tirar os adesivos das vestimentas. Os manifestantes foram proibidos de entrar no prédio da Câmara por determinação do presidente da Casa, Leonardo Prudente.

Provocações
Os participantes dos dois protestos se revezaram ao microfone em dois trios elétricos. Representante do Sindicato dos Artesãos do DF e Entorno, Sandra Madeira disse que ;ninguém aguenta mais baderna e que a cidade não pode permanecer parada;. Sandra estava do lado de entidades como a Liga Desportiva da Fercal e a Associação de Comerciantes do Itapoã. O grupo dizia que os defensores da queda de Arruda ;são desocupados que não representam os brasilienses;. Os arrudistas se dispersaram por volta das 14h30, meia hora depois de os anti-Arruda partirem em direção à Ordem dos Advogados do Brasil seccional Distrito Federal (OAB-DF).

O grupo de oposição ao governador respondia às provocações com marchinhas de carnaval ; o hit foi Se gritar pega ladrão. Os representantes de movimentos sociais e da Central Única dos Trabalhadores acusavam os defensores de Arruda de receber dinheiro para participar da manifestação. ;Nosso protesto é de verdade. O deles é de dinheiro;, comparou Raul Cardoso, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB. Surgiram ainda denúncias de que funcionários de administrações regionais foram coagidos a integrar o movimento pró-Arruda. Em nota, a assessoria de comunicação do GDF assegurou que ;não existe a determinação de induzir servidores a participar de manifestações públicas;.

; OAB defende impeachment

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Francisco Caputo, encontrou-se com manifestantes do movimento Fora Arruda ontem à tarde. Cerca de 100 pessoas seguiram em passeata até a sede do órgão, na 516 Norte, após uma manhã de protestos em frente à Câmara Legislativa. O grupo queria saber a posição da Ordem em relação à crise política no DF. Caputo ; sócio de um escritório que advoga há anos para Arruda ; afirmou que a entidade é favorável ao impeachment do governador e criticou a volta de Leonardo Prudente (sem partido) à cadeira de presidente do Legislativo.

Depois que os manifestantes ocuparam o hall de entrada da OAB-DF, por volta das 14h30, o presidente da entidade desceu ao térreo e iniciou sua fala sem abertura para perguntas: ;A OAB repudia o retorno de Leonardo Prudente à presidência da Câmara. Ele não reúne condições morais, políticas e jurídicas para presidir o Legislativo do DF. E os deputados não têm isenção para julgá-lo;. Insatisfeitos, os jovens o pressionaram bastante a tomar uma posição em relação a Arruda. ;A OAB-DF é pró-impeachment;, disse Caputo, que tomou posse em 1; de janeiro e ainda não tinha dado uma declaração oficial sobre o caso. Na gestão anterior, a OAB-DF protocolou na Câmara pedidos de impeachment de Arruda e do vice, Paulo Octávio, além de requisitar o afastamento de oito distritais citados nas denúncias que vieram a público com a Operação Caixa de Pandora (JB e RB).

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