postado em 12/01/2010 08:40
A Octogonal inovou em Brasília ao oferecer os primeiros condomínios fechados de prédios na cidade, nos anos 80. Os blocos com pilotis lembram as quadras das asas Sul e Norte, mas o bairro tem rotina própria. Só entra nas sete Áreas Octogonais Sul (AOS) quem mora lá ou é convidado. As quadras são cercadas e contam com guaritas na entrada para fazer esse controle, o que aumenta a sensação de segurança, garantem os moradores. Cerca de 12 mil pessoas vivem nos 3,5 mil apartamentos dos condomínios.A Quadra 8 da Octogonal ainda abriga pioneiros que moram lá desde os primeiros anos do bairro. Quando o engenheiro elétrico Edson Bertolino, 61 anos, se mudou para a região, em 1981, não havia água nas torneiras ou cercas ao redor do condomínio. ;Apareceu a oportunidade de comprar o apartamento e ele estava dentro das minhas possibilidades, mas eu achava muito longe;, lembrou o morador, que estava acostumado às facilidades de viver na Asa Norte. Ainda falta uma quadra a ser construída, a 3, que tem terreno definido.
O abastecimento de água logo começou a funcionar e Edson acompanhou a instalação da cerca, dos postes de luz e das áreas de lazer. ;Ficou tudo por nossa conta. Onde é o parquinho, só tinha o espaço. Mas a quadra povoou rápido;, comentou. Na época, não havia muitas opções de compras nas redondezas. ;Se esquecesse alguma coisa, tinha que voltar ao Cruzeiro ou ao Plano para comprar. Não tinha nada aqui;, recordou o engenheiro. Edson valoriza a qualidade de vida do condomínio e diz nunca ter ouvido falar de roubo a apartamentos por ali. ;A segurança é primordial;, comentou.
Para famílias
A tranquilidade da Octogonal motivou a nutricionista Xênia Versiani, 35 anos, a voltar à região onde passou a adolescência. ;Fui criada aqui. É um ambiente familiar muito bom para quem tem crianças e ainda tem segurança superior à do Plano Piloto;, disse. Há cinco anos, ela se mudou para a AOS 8, onde frequenta o parquinho com a filha Giovanna, 3 anos. ;As mães que trazem os filhos compartilham uma amizade. A socialização é um ponto forte;, explicou. O atual problema da Octogonal, na opinião de Xênia, é o trânsito do lado de fora dos condomínios, especialmente em direção ao Sudoeste.
A quadra conta com parque infantil, quadras esportivas e um quiosque que oferece pães e mantimentos. Moradora da AOS 8 há 26 anos, a prefeita, Zisalva Fonseca de Lima, 58 anos, acredita que a Octogonal será reduto da terceira idade no futuro. ;Os filhos compram apartamentos para os pais aqui por causa da segurança. Acredito que essa quadra caminha para ser dos idosos;, avalia. Recém-casados, crianças e pioneiros dividem espaço nos 40 mil metros quadrados da quadra. A rotina dos moradores inclui piqueniques nos jardins e festas com a criançada.
Os custos da estrutura de lazer são rateados entre a comunidade. As AOS são lotes privados ; mesmo as áreas verdes, calçadas e ruas são de propriedade do condomínio e devem ser bancadas pelos moradores. Em compensação, estes são poupados do barulho dos vendedores de pamonha e outros ambulantes, que têm entrada vetada na área. ;Só entram a pedido de algum morador. Aqui temos esse sossego;, comentou Zisalva.
Os habitantes da AOS 7 desenvolveram um viveiro de pássaros e outro de plantas para dar vida à quadra. Construído por uma cooperativa, o condomínio data do início dos anos 80. ;A Octogonal deu certo porque foi entregue com as pistas externas e toda a estrutura, diferentemente do Sudoeste;, comparou o aposentado José da Silva Teixeira, 72 anos, referindo-se aos primeiros anos do bairro vizinho, que sofreu com poeira e lama. Em 1982, quando os imóveis na região ainda não haviam valorizado, José pegou as chaves do apartamento onde vive até hoje. Quem queria se desfazer do apartamento nem cobrava o ágio ; o comprador só precisava pagar as prestações restantes.
A presidenta do Conselho Comunitário da Octogonal Sul (CCOS), Maria da Luz Sternadt, 63 anos, vive no bairro desde 1984. Nos 13 anos em que foi prefeita da Quadra 7, não ouviu falar de um só furto a carro ou apartamento. ;Morar aqui é estar em uma pequena cidade de interior. Os vizinhos descem para fazer caminhada, as crianças brincam no parquinho, temos malhação para a terceira idade;, lembrou.