O metro quadrado no Distrito Federal superou a inflação de 2009 e o reajuste verificado em 11 estados brasileiros. O custo médio da construção civil aumentou 5,58% ao longo do ano passado, segundo o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi)(1), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação da capital federal no mesmo período ficou em 4,92%. Nos últimos oito anos, o valor médio para construir ou reformar um imóvel subiu 70,5%. Em dezembro, erguer um metro quadrado custava, em média, R$ 740,75, de acordo com o órgão ; o sexto valor mais elevado do país. Ou seja, uma casa ou apartamento de 150 m; custava, em média, R$ 111 mil, no mês passado, desconsiderando o valor do terreno. A quantia é uma média dos preços de obras em todo o DF. Em 2008, a mesma casa sairia por R$ 105 mil. E em 2002, por R$ 65 mil.
Apesar de o reajuste superar o de outros custos dos brasilienses em 2009, a alta da construção civil foi inferior à da média do país. Em média, o custo do metro quadrado no Brasil subiu 5,85% no ano passado e ficou em R$ 716,34. A elevação foi puxada pelo custo da mão de obra. O gasto com contratação de profissionais brasilienses no valor final do metro quadrado aumentou 7,4% em 2009, o maior reajuste desde 2003. Do preço do metro quadrado, R$ 283,05, 38% do total se referem ao pagamento de salários aos trabalhadores.
Para os operários do setor, 2009 foi um ano de fácil negociação de reajustes salariais, em função da elevada demanda por mão de obra, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do DF, Edgard de Paula Viana. ;Tivemos um aumento no piso salarial de 7%, o melhor que já conseguimos. Estamos num período muito bom para negociação no dissídio. Em 1; de maio ; data-base da categoria ; vamos tentar outro índice elevado;, avisa.
Mas os materiais de construção também ficaram mais caros. Subiram, em média, 4,4%, apesar da redução da carga tributária definida pelo governo federal desde março do ano passado como incentivo para fomentar o setor e evitar demissões devido à crise econômica. Somente com materiais, os brasilienses comprometem, em média, R$ 457,70 por m;. ;O reajuste é puxado por aumentos salariais, mas esta elevação também mostrou que o mercado não repassou para os consumidores a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);, afirma o estatístico do IBGE Oreval Alves Moreira.
Apesar do reajuste nos preços dos materiais, o índice foi menor do que o de 2008, quando os produtos encareceram, em média, 15,8%. O aumento inferior ao do ano anterior incentivou a pastora Eliana Aparecida de Souza Martins, 37 anos, a concluir a construção da casa em que mora na Estrutural. As obras já duram mais de três anos, mas só em 2009 ganharam impulso. ;Quando comecei, comprava saco de cimento a R$ 20, agora já encontro a R$ 17. Isso me incentivou a recomeçar as obras. Estamos fazendo as poucos, mas acho que até o fim deste ano dá para concluir;, diz a ex-moradora de um barraco que terá uma residência de três quartos em alvenaria.
Divergência
Os fabricantes de materiais contestam o índice do IBGE. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, as indústrias cobraram menos pelos produtos e o varejo repassou para o consumidor. O que pode ter havido, segundo ele, é que o IBGE tenha captado reajustes de preços em produtos cotados no mercado internacional, como os que utilizam cobre, por exemplo. ;Pode ser que esse aumento tenha sido em função dos produtos que não dependem do mercado doméstico, e, sim, dos preços internacionais, como cabos, fios e metais sanitários. Mas não há motivos para termos aumentos de preços em 2010. Não teremos inflação de demanda, porque as indústrias estão com 15% de capacidade ociosa e o IPI continua reduzido até 30 de junho;, garante. Segundo ele, apesar do incentivo governamental, o setor fechou 2009 com queda de 12% no faturamento em 2009. A explicação é a base elevada de 2008, considerado o melhor ano da história.
1 - Levantamento
O Sinapi é calculado mensalmente pelo IBGE por meio de um convênio com a Caixa Econômica Federal com o objetivo de acompanhar os custos e servir de base para a execução de obras públicas.
Mercado do DF é o sexto mais caro
A capital federal tem o sexto m; mais caro do país, segundo o IBGE. O valor médio de Brasília, de R$ 740,75, é superior ao brasileiro, de R$ 716,34. O mais caro do país é o cobrado em Roraima (R$ 813,15), seguido pelo do Rio de Janeiro (R$ 793,34), pelo de São Paulo (R$ 788,89), do Amazonas (R$ 755,66) e do Acre (R$ 754,85). Em dezembro, o m; na cidade aumentou 0,45%, abaixo da média nacional para o mês, de 0,54%.
Eu acho...
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Gilberto Manuel da Silva, 47 anos, pedreiro, morador da Estrutural