Cidades

Pré-candidato petista ao Palácio do Buriti Agnelo confirma que viu gravações antes

Ana Maria Campos
postado em 16/01/2010 08:45
Dois meses antes do início das investigações da Operação Caixa de Pandora, o pré-candidato petista ao Governo do Distrito Federal, o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz assistiu a gravações feitas por Durval Barbosa que mostram políticos do Distrito Federal, inclusive o governador José Roberto Arruda (sem partido), recebendo dinheiro. Agnelo esteve no 10; andar do Palácio do Buriti, acompanhado do jornalista Edson Sombra, para uma conversa com Durval, que, naquela altura, já comentava com várias pessoas que estava totalmente desencantado com Arruda.Agnelo:

Segundo uma pessoa que conversou com Durval sobre o assunto, o encontro na Secretaria de Relações Institucionais foi gravado, como muitos que o delator da Operação Caixa de Pandora filmou com equipamento escondido em sua sala. Agnelo falou ontem pela primeira vez sobre o assunto com o presidente regional do PT, Chico Vigilante. Ao Correio, o candidato petista confirmou que esteve com Durval pela primeira e única vez nessa ocasião ; em julho. As investigações que resultaram na ação policial de 27 de novembro começaram em setembro de 2009. ;O Sombra me convidou e estive lá porque o Durval queria mostrar as gravações. Sei que ele exibiu as fitas para pelo menos outras 10 pessoas que tinham credibilidade no Distrito Federal;, explicou Agnelo.

Nenhuma providência

O petista disse que Durval mostrou apenas parte da videoteca e as imagens estavam editadas, de forma que não havia como identificar quem entregava o dinheiro. Agnelo disse que não tomou nenhuma atitude, como protocolar representação ao Ministério Público ou à Polícia Federal, porque Durval não lhe entregou cópias das gravações. ;Avaliei que apenas Durval poderia fazer a denúncia, caso tivesse disposição para isso, como acabou acontecendo. Era uma cena grave, mas não sabia em que circunstâncias havia ocorrido;, explicou Agnelo.

Edson Sombra é um dos principais responsáveis pela delação premiada de Durval Barbosa. Em setembro, ele levou o então secretário de Relações Institucionais do DF ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que registrasse em depoimento as acusações de corrupção no governo Arruda que motivaram a Operação Caixa de Pandora. Conhecido como Sombra, o jornalista confirmou ontem ao Correio que levou Agnelo a Durval. Segundo ele, a conversa durou cerca de uma hora e meia ; das 14h40 às 16h. Sombra, no entanto, disse que só revelaria em ;foro adequado; o teor da conversa. ;Não posso dizer que foi filmada, nem que não foi;, afirmou ao Correio. Agnelo garante que não tem receio de qualquer gravação. ;Foi um encontro rápido. Esse assunto nem merece destaque. Parece que querem colocar a gente nesse samba;, afirmou o petista. ;Durval mostrou as fitas a algumas pessoas porque tinha medo de ser assassinado;, disse Vigilante.

Fora das votações

A deputada Eurides Brito (PMDB) informou ontem ao Correio que não vai participar de nenhuma votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) relacionada aos pedidos de impeachment do governador Arruda. A distrital disse que, quando o assunto for debatido na CCJ, ela será substituída pelo suplente Wilson Lima (PR). A medida esvazia pedido protocolado na Mesa Diretora pela bancada do PT de afastamento de Eurides, por suspeição. A distrital é investigada no mesmo inquérito contra Arruda, por ter sido filmada recebendo dinheiro de Durval Barbosa na campanha de 2006.

Se a Câmara Legislativa não declarasse a suspeição de Eurides, o PT entraria com Mandado de Segurança no Tribunal de Justiça do DF contestando a decisão. Na próxima semana, a Justiça decidirá se concede ou não liminar em ação civil pública protocolada pelo Ministério Público que pede o afastamento de todos os investigados de qualquer ato ou decisão relacionados ao impeachment.


Enquete aponta preferência pela permanência de Arruda

Enquete promovida pelo portal Correiobraziliense.com.br aponta que 77,92% dos leitores querem ver o governador José Roberto Arruda (sem partido) à frente do Governo do Distrito Federal até o fim de seu mandato, em 31 de dezembro de 2010. A enquete entrou no ar em 7 de janeiro e permaneceu no portal até a tarde de ontem. Foram registrados 290.650 votos no total.

Entre os internautas que defendem a permanência de Arruda à frente do GDF, 47,22% (veja ao lado) são favoráveis a que o governador não interfira nas eleições. Arruda não pode concorrer porque se desfiliou do DEM ; segundo a legislação eleitoral, o candidato precisa estar filiado a algum partido político pelo menos um ano antes da data da votação.

A alternativa que recebeu mais votos sinaliza também a preferência para que o vice-governador Paulo Octávio (DEM) fique fora da disputa eleitoral de outubro. Embora Paulo Octávio seja investigado no Inquérito n; 650 que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por suposto esquema de desvio de recursos públicos de contratos, o vice-governador permanece filiado ao DEM, partido do qual, aliás, é presidente regional. Para 30,7%, Arruda deve ficar até o fim e apoiar a candidatura de Paulo Octávio ao governo.

Menos votos
A opção que recebeu menos votos ; com 0,01% do total ; foi a possibilidade de Arruda e Paulo Octávio renunciarem, ficarem fora da disputa eleitoral e deixarem o governo nas mãos do presidente da Câmara, Leonardo Prudente, que foi filmado recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa e guardando os maços em todos os bolsos do paletó e nas meias. A segunda alternativa que recebeu menos apoio (0,12%) é a que prevê a renúncia de Arruda, com a transferência do governo para Paulo Octávio, que concorreria à reeleição.

A enquete registrou que 21,67% preferem que Arruda, Paulo Octávio e todos os citados na Operação Caixa de Pandora, inclusive o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (sem partido), deixem seus cargos e não disputem a eleição deste ano. Nesse cenário, o governo ficaria sob a responsabilidade do presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Níveo Gonçalves. Apenas 0,28% dos participantes da consulta informal feita pelo Correio Braziliense consideram, como melhor caminho para Brasília depois da crise deflagrada no DF com a Operação Caixa de Pandora, que um deputado distrital a ser eleito para a presidência da Câmara Legislativa no lugar de Prudente assuma o GDF. (AMC)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação