Ana Maria Campos
postado em 17/01/2010 08:27
Com vários integrantes da executiva regional citados ou investigados na Operação Caixa de Pandora, o PMDB tenta encontrar um caminho nas próximas eleições. A direção nacional da legenda tem pressionado o deputado Tadeu Filippelli, presidente regional do PMDB, a dar uma resposta à opinião pública pelo desgaste provocado pela crise que abateu três deputados distritais, um candidato a deputado federal e dois integrantes da executiva local. Filippelli, no entanto, resiste a entregar na bandeja a cabeça de aliados no Distrito Federal.Ao Correio, ele disse que pediu a seu advogado, Herman Barbosa, que acompanhe todos os passos da investigação contra os peemedebistas (veja abaixo a lista de citados). Caso haja evidências inconstestáveis da participação de algum filiado, um processo disciplinar será aberto. ;Cobram-me um julgamento político. Mas se eu levar em conta apenas a opinião pública, não há julgamento. Prefiro adotar a cautela e pedir a punição caso haja provas;, declarou. Maior partido do DF, com 25 mil filiados, o PMDB tem planos nacionais de integrar a chapa encabeçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Aliado de Filippelli, o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), é um dos que exige resultado.
A pressão não parte apenas dele. Aliada do ex-governador Joaquim Roriz, a deputada Íris de Araújo ; que preside o PMDB e era favorável a uma intervenção nacional contra Filippelli, na discussão ocorrida em setembro ; também tem reclamado da falta de uma posição firme. O presidente regional do PMDB também tem sido cobrado por aliados que começam a ver crescer a chance de o partido sair da posição de coadjuvante e lançar candidato próprio ao Executivo.
Fiel da balança
Filippelli não fala abertamente sobre o assunto. Mas no PMDB a avaliação é de que, no mínimo, a legenda poderá ser o fiel da balança numa disputa entre Roriz e Agnelo Queiroz, candidato petista ao Executivo. Existem negociações para manter PT e PMDB numa mesma chapa, tendo Filippelli como vice do PT. Mas as exigências petistas têm sido altas. O grupo de Agnelo não aceita Eurides Brito como candidata e o deputado Geraldo Magela (PT-DF), provável concorrente ao Senado, declarou na semana passada que não aceitará concorrer ao lado de investigados na Operação Caixa de Pandora. ;Não aceito esse tipo de imposição do PT;, reclama Filippelli.
Entre os possíveis nomes para a disputa ao GDF estão o do ex-presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) Rogério Rosso e o ex-presidente da Novacap Luiz Carlos Pietschmann, braço direito de Filippelli, além do próprio presidente do PMDB-DF. Com o vice-governador Paulo Octávio (DEM) fora da disputa pelo GDF, conforme antecipou ontem a coluna Brasília-DF, peemedebistas sonham com o espólio eleitoral do DEM.
Durval é condenado
A 5; Vara de Fazenda Pública do DF condenou o ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa e outros três servidores da Codeplan, o Instituto Candango de Solidariedade (ICS) e Lázaro Severo Rocha, representante do instituto, a devolverem aos cofres públicos o montante de R$ 9.282.637,53.
O grupo foi condenado por ato de improbidade em ação do Ministério Público do DF. De acordo com o MP, eles foram responsáveis no governo de Joaquim Roriz por diversos contratos envolvendo a Codeplan, o ICS e empresas particulares com o intuito de lesar e desviar dinheiro dos cofres públicos. O ICS, na gestão passada, funcionava como ;mero anteparo jurídico para a Codeplan desviar-se da exigência constitucional e legal da licitação pública com o objetivo de contratar serviços e adquirir equipamentos de forma superfaturada, causando prejuízo ao erário;.
Peemedebistas implicados
# Eurides Brito
Entre os peemedebistas, Eurides é a que aparece mais vezes no inquérito. Em vídeo, recebe dinheiro, durante a campanha eleitoral de 2006, de Durval Barbosa, na época secretário de Relações Sindicais do governo de Maria de Lourdes Abadia (PSDB). A casa e o gabinete da deputada foram vasculhados pela Polícia Federal em 27 de novembro, data da Operação Caixa de Pandora. A quebra dos os sigilos bancário e fiscal da distrital foi autorizada. Em depoimento, Durval disse que ela recebia pagamentos do grupo político do governador Arruda desde o governo anterior, em troca de apoio no PMDB.
# Benício Tavares
O deputado teve uma conversa com Durval Barbosa gravada, mas não há imagens dele recebendo dinheiro. Em depoimento, Durval disse que Benício recebia pagamentos em troca de apoio à campanha de José Roberto Arruda ao governo.
# Rôney Nemer
Com escuta da PF, Durval Barbosa gravou uma conversa com José Geraldo Maciel (então chefe da Casa Civil do governo Arruda) em que esse disse que Rôney Nemer recebia R$ 11,5 mil mensais pagos pelo então assessor de imprensa do governador José Roberto Arruda, Omézio Pontes.
# Odilon Aires
Aparece em vídeo gravado por Durval Barbosa recebendo dinheiro durante a campanha eleitoral de 2006. É citado em depoimentos como beneficiário de pagamentos feitos em troca de apoio à candidatura de Arruda nas eleições de 2006.
# Fábio Simão
Teve o gabinete na residência oficial de Águas Claras e a casa vasculhados na Operação Caixa de Pandora. Ex-chefe de gabinete do governador Arruda, Simão foi alvo também da autorização do STJ das quebras de sigilo bancário e fiscal. Seu nome é citado em depoimento de Durval Barbosa.
# José Luiz Valente
O ex-secretário de Educação foi citado em depoimento de Durval Barbosa como beneficiário de uma propina de R$ 60 mil que teria sido paga pela empresa Info Educacional, que presta serviço para a Secretaria de Educação. Valente foi alvo de ação de busca e apreensão e de quebra de sigilos bancário e fiscal.