A fachada do Teatro Nacional Claudio Santoro volta a exibir todos os seus cubos em março, quando a Secretaria de Obras finaliza a substituição dos antigos blocos de concreto por ornamentos idênticos, feitos de fibra. Danificados pela ação do tempo, os blocos ; obra do artista plástico Athos Bulcão ; foram retirados há quase três anos para evitar acidentes e, devido a dificuldades técnicas e burocráticas, levaram mais do que os nove meses planejados inicialmente para voltar a seus lugares.
Instalados em 1966, os cubos de concreto foram retirados em março de 2007 como parte do processo de recuperação(1) do prédio. Ao longo do ano passado, foram abertos dois processos de licitação para a recolocação dos cubos, mas nenhuma empresa se interessou por realizar a obra, orçada em R$ 900 mil. Depois disso, a Secretaria de Obras reviu o projeto e chegou a uma solução mais econômica.
A restauração da fachada é responsabilidade da Danluz Engenharia, vencedora da licitação, que foi orçada em R$ 1,33 milhão. A Secretaria de Obras e a Novacap supervisionam a obra, que tem apoio da Fundação Athos Bulcão e da Universidade de Brasília (UnB). Em março do ano passado, a fachada do teatro chegou a passar mais de uma semana pichada. À época, o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Brasília, Alfredo Gastal, atribuiu a depredação à demora para a recolocação dos cubos.
O restauro
Os técnicos responsáveis pela obra precisaram desenvolver novas tecnologias para realizar o restauro. ;Não podíamos usar guindastes, porque a estrutura não aguenta;, explica o secretário de Obras, Jaime Alarcão. Por isso, um carrinho capaz de deslizar pelas paredes inclinadas é utilizado para auxiliar os operários na fixação dos novos cubos, que começou a ser feita em dezembro passado. O lado norte do teatro (virado para o Setor Bancário Norte) está sendo concluído e os operários se preparam para começar a colocação dos cubos no lado sul.
No plano criado por Athos Bulcão, os painéis que compõem a obra O sol faz a festa são cobertos por 3.391 cubos ; 1.693 na lateral sul e 1.698 na lateral norte ; de cinco tamanhos diferentes. Falecido em julho de 2008, o artista plástico ainda estava vivo quando foi iniciado o processo de restauro das fachadas e chegou a participar do processo. A recolocação dos cubos custou R$ 2 milhões, metade do valor utilizado para impermeabilizar o teatro.
Revitalização
Uma das principais dificuldades da revitalização foi fazer uma reprodução fiel dos blocos. Os moldes usados nos anos 60 para confeccionar as peças não existem mais e foi preciso desenvolver outros. Os novos cubos foram produzidos por uma empresa de Goiânia e a expectativa é de que eles durem mais de 50 anos.
A revitalização da fachada do Teatro Nacional faz parte dos preparativos para o aniversário() de 50 anos de Brasília, mas a estrutura do prédio inaugurado em 1966 precisa de outros reparos. ;É necessário uma intervenção maior. Já fizemos um levantamento das necessidades e estamos elaborando o projeto;, conta o secretário de Obras. O projeto de restauro envolve a Secretaria de Cultura, o Iphan e o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer e deve atuar nas redes elétrica e hidráulica do prédio.
1 - Impermeabilização
As goteiras que incomodavam os frequentadores do teatro indicavam que aquela estrutura ; até então, livre de qualquer reforma ou manutenção ; precisava ser recuperada. Um diagnóstico indicou a necessidade de impermeabilizar a fachada do teatro. Inicialmente, imaginava-se que o trabalho poderia ser feito apenas com a retirada de 30 cubos, mas a tarefa foi se revelando bem mais complicada.
2 - Obras
Além do Teatro Nacional, também estão em obras, na área da Esplanada dos Ministérios, a Catedral Metropolitana de Brasília e o Palácio do Planalto. Ambos passam por reformas drásticas, que envolvem inclusive reparos e mudanças nas redes elétrica e hidráulica. Pelo menos a fachada da Catedral deve estar pronta até 21 de abril ; os reparos em sua estrutura interna levarão mais tempo.
Veja vídeoreportagem da recolocação dos cubos da obra de Athos Bulcão no Teatro Nacional