postado em 21/01/2010 20:02
Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB) constatou que os colégios públicos do Distrito Federal (DF) se preocupam mais em reduzir o índice de repetência e elevar o padrão de desempenho da instituição do que em formar estudantes. A autora da dissertação "A avaliação na escola: um olhar além da sala de aula", Letícia Araújo, explica que os estudantes, muitas vezes, são treinados para repetições. "Os alunos são máquinas que reproduzem exercícios e não aprendem o conteúdo. Se são colocados diante de um mesmo problema, mas sob uma abordagem diferente, não sabem resolver", afirmou.
Durante um ano a pedagoga acompanhou uma escola pública, localizada em Taguatinga, que atende crianças de seis a dez anos. Sua intenção era saber como os alunos são avaliados e quais as consequências do método adotado pela escola. Ela descobriu que o projeto político-pedagógico está muito distante da realidade no local.
A pesquisadora concluiu que o método usado na escola classifica os alunos entre melhores e piores. ;Era comum escutar as crianças dizendo que o coleguinha era atrasado ou burro;, conta Letícia. O método classificatório também é usado para dividir as turmas, o aluno que não acompanha a classe como deveria é direcionado para a sala de aula dos mais ;fracos;.
Letícia também constatou que a maior preocupação da escola não é com a aprendizagem, e sim com a diminuição das reprovações e a melhor classificação da escola em provas aplicadas pelo governo. Ela disse que no período que os alunos fariam uma prova realizada pelo governo, destinada a estudantes de da 4; a 8; série, a escola não parecia ter outros alunos senão aqueles que fariam a avaliação. Ela conta que também participou de reuniões em que o assunto principal era o 14; salário, uma gratificação destinada para a equipe que tiver bons resultados na prova.
A pesquisa também mostra que uma das principais diretrizes do ensino, formar cidadãos críticos, foi substituída por um sistema de avaliação contínua, que classifica e estigmatiza.
Para Letícia, a saída é promover uma integração entre todos os funcionários da escola para elaborar uma avaliação mais completa, que mostre o aluno como uma pessoa única, com limitações e possibilidades.