Luiz Calcagno
postado em 25/01/2010 08:37
Um grupo de pessoas se reúne todos os sábados no estacionamento que fica em frente à Multifeira, no Trecho 10 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). É um grande encontro, com gente de todo o Distrito Federal, de todas as idades e com um bom relacionamento. O motivo: a velocidade. Em sua maioria, são amantes de carros e estão lá para correr por competição ou por diversão. Eles ficam em linha, arrancam, e como é comum, às vezes alguém perde o controle, derrapa, bate e as peças do veículo ficam espalhadas pela pista. Um acidente. Mesmo assim, ninguém fica ferido. É uma corrida de modelos guiados por controle remoto.
A diversão começa às 9h e dura o dia inteiro. O grupo que pratica com carros elétricos, isto é, abastecidos a bateria, chegam mais cedo. Às 15h, a maioria dos praticantes usa carros movidos a combustão. Só não tem brincadeira se chover. As equipes se preparam para mais um fim de semana de diversão. O começo é sempre igual: mecânicos e pilotos fazem os ajustes finais antes de entrar no circuito, no chão do estacionamento. Na hora, muita conversa e diversão. Finalmente vão para a pista. De tamanhos e tipos variados, alguns carros são até personalizados. O trajeto é cheio de voltas e curvas. Curiosos param a todo momento para ver os modelos nervosos.Os novatos vão um pouco mais devagar, muitas vezes seguindo sem muita precisão. Mas há lugar para todos e a regra mais importante é: os mais velhos ensinam os mais novos. O analista de sistemas Carlos Alberto Honaiser, 25 anos, há apenas quatro meses dedicando-se ao passatempo, já viu que essa norma é para valer. ;Um dia, passando por aqui, parei para olhar a corrida e acabei me enturmando com o pessoal. Com as conversas, comecei a aprender sobre o hobby e um mês depois já estava praticando;, contou. Como a maioria dos amigos, Carlos Alberto também é fã de automobilismo e velocidade. ;Apesar de já pilotar, ainda fico surpreso ao ver um carrinho desse tamanho atingir 60 quilômetros por hora;, comentou.
O pequeno Gabriel Fontoura Mendonça, 10 anos, foi à pista pela primeira vez no último sábado. Após um pequeno acidente com seu carro, comprado nos Estados Unidos, ele resolveu se aconselhar com quem já tem experiência. A família toda estava presente: o pai, o empresário Elmo Baeta, 45; a mãe, a empresária Fabíola Mendonça, 36, e até uma torcedora, a irmã mais nova de Gabriel, Fernanda Fontoura, 8. O carro de Gabriel se chocou contra uma cadeira na primeira corrida. ;Vim para aprender com quem sabe. Bati meu carro e não foi muito legal. Eu ia mostrar para minha mãe e acelerei. Ele foi muito rápido e, quando eu vi, estava espatifado;, contou o jovem piloto. ;Falaram pra gente que ia ter corrida aqui, e viemos aprender um pouco. É um hobby seguro e emocionante;, completou o pai.
A primeira vez
A corrida com os carros de controle remoto também faz nascer muitas histórias emocionantes. O pequeno modelo com cheiro de novo e os momentos finais de uma competição foram dois fatos que marcaram o empresário Decleciano Queiroz, 53 anos. No Natal de 2008, ele ganhou um presente especial. ;Minha esposa perguntou se, na minha vida, eu tinha vontade de ter um brinquedo que nunca tive. Eu disse que sempre quis ter um carrinho. Pouco depois, ela me perguntou se eu queria elétrico ou a combustão. Ela me deu um. O momento foi tão emocionante que eu cheguei a chorar. Imagine você, um homem de mais de 50 anos chorando!”, confessa.
A segunda boa lembrança de Queiroz, mais recente, foi ter sido campeão da maratona 200 Voltas de Brasília 2009, fato que ele relata com muito orgulho. Lembra com exatidão de estar nas últimas voltas e ver vários carros parando no caminho. ;Faltavam só seis voltas e eu não sabia se o carro ia aguentar. Naquela hora, pode acontecer qualquer coisa. Pode fundir o motor, quebrar a embreagem, principalmente a primeira marcha, e você ter que parar. Quando vi os outros parando no caminho, achei que não ia conseguir. Mas é nessa hora que você continua e cruza a linha de chegada. Aí, você venceu;, disse.
As modalidades
Existem dois tipos de corrida: as chamadas on road (na pista, em tradução livre), realizadas no asfalto, com carros menores e mais velozes, que priorizam a rapidez; e as do tipo off road (fora da pista), que ocorrem em circuitos de terra, pedras e areia, com obstáculos de salto. Nessa segunda modalidade, os carros tem de ser mais robustos para aguentar os impactos.
Escalas
Os carrinhos a controle remoto são construídos com base nos carros reais, porém em escalas menores. Eles têm entre 30 e 40cm, em escalas de 1cm x 8cm e 1cm x 10cm.