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Comércio festeja aumento de 3,59% nas vendas em 2009

Brasiliense foi às compras. Além de gastar mais, o consumidor também buscou limpar o nome e a inadimplência caiu 4,4% em dezembro

Mariana Flores
postado em 28/01/2010 08:45

O brasiliense comprou mais no ano passado. O comércio do Distrito Federal comemorou um aumento de vendas de 3,59% em relação a 2008. A aceleração das vendas ganhou força a partir de outubro. No último trimestre de 2009, as vendas superaram em até 9,49% as registradas no mesmo período do ano anterior, segundo pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF). A base retraída em função da crise econômica que começava a dar seus sinais no último trimestre de 2008 impulsionou esse acréscimo. Mas a melhora nas vendas também foi motivada pelo crescimento da renda.

Brasiliense foi às compras. Além de gastar mais, o consumidor também buscou limpar o nome e a inadimplência caiu 4,4% em dezembroO volume de recursos em circulação no Distrito Federal cresceu 9,3% em relação a 2008, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese),devido ao crescimento do número de trabalhadores ocupados e da renda média recebida por eles. Mais brasilienses também conseguiram limpar seus nomes e tornaram-se aptos para comprar. A inadimplência(1) na cidade caiu de 4,6% em dezembro de 2008 para 4,4% no mês passado.

De acordo com o presidente da Fecomércio, senador Adelmir Santana, o resultado de 2009 surpreendeu positivamente os comerciantes locais e abriu um cenário de otimismo. O aumento de vendas resultou em mais contratações. O número de trabalhadores ocupados no varejo teve um incremento de 5,02% em 2009, contra um acréscimo de 0,60% em 2008, pelos dados da Fecomércio. ;Esse aumento de vendas comprova que a crise não afetou tanto Brasília. Houve aumento de dinheiro em circulação, da renda per capita e não houve crescimento do desemprego. A expectativa é de que o comércio continue bem em 2010. As eleições devem movimentar determinados setores da economia, além de gerar empregos temporários;, diz o senador

Dona de uma loja de roupas no Lago Sul, a empresária Monique Varejão está mesmo otimista. Somente em dezembro, ela registrou 30% a mais nas vendas em relação ao mesmo período de 2008. Há dois anos atuando no segmento, 2009 foi um ano marcante para seu negócio. Monique mudou de endereço e contratou sua primeira funcionária. ;2009 foi um ano muito bom. As vendas cresceram mais do que eu esperava. Para este ano, a expectativa é positiva. Acho que vou me estabelecer no mercado brasiliense;, afirma. As lojas de vestuário foram as que tiveram o melhor resultado em dezembro em relação a novembro ; 59,9%. Em média, as vendas aumentaram 20,75% sobre novembro. A venda de móveis e de artigos de utilidades domésticas cresceu 37,2% sobre o mês anterior. Os comerciantes de calçados venderam 23,6% mais.

1 - Índice de devedores
O percentual refere-se à diferença entre o número de incluídos e excluídos da lista de devedores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF). O índice chegou a atingir 5,7% em março de 2009, mas entrou em declínio ao longo do ano.

Exportações caem 21,2% em 2009
A queda nas exportações registrada em todo o país no ano passado também afetou as vendas originadas no Distrito Federal. As empresas brasileiras venderam para outros países 21,2% menos em 2009 do que em 2008. Toda a exportação brasileira caiu 22,7% no período. As vendas brasilienses ao exterior somaram US$ 130 milhões em todo o ano, menos de 0,1% do volume exportado pelo país no ano anterior(1), segundo os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No ranking dos produtos locais exportados em 2009, as carnes de frango e miudezas estão em primeiro lugar (72,45%). Em seguida, vêm os grãos de soja e conumo de bordo de aeronaves (combustíveis e lubrificantes), com 15,66% e 9,86%, respectivamente. De acordo com a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), a soma dos três produtos correspondeu a quase 98% da pauta candanga de exportações. Os principais destinos foram Venezuela, Kuweit, Portugal e Japão.

Em contrapatida, as importações do Distrito Federal, diferentemente do que ocorreu no restante do país, registrou uma alta. A capital comprou de outros países o equivalente a US$ 1,09 bilhão em 2009, 1% mais do que em 2008. Na média brasileira, as importações caíram 26,21%, segundo o ministério.

A redução nas exportações está ligada à crise econômica, que diminuiu a demanda internacional, e à desvalorização do dólar. Os produtos brasileiros em geral foram prejudicados pela redução das aquisições feitas por outros mercados. O valor das vendas foi afetado pelo câmbio ; de dezembro de 2008 a dezembro de 2009, o dólar americano passou de R$ 2,33 para R$ 1,74. ;A queda foi até menor do que esperávamos, diante da redução das exportações verificada em todo o país e pela valorização do real, que diminuiu a competitividade das empresas brasileiras no exterior;, afirma o presidente Fibra, Antônio Rocha.

As elevadas importações da cidade não significam que os empresários locais estejam investindo mais. Quase 70% das compras são feitas por órgãos governamentais, como o Ministério da Saúde, que interioriza boa parte de suas compras no exterior pela capital do país. O baixo volume de exportações se deve à falta de política de incentivo às empresas exportadoras, segundo Rocha. ;Brasília não tem vocação para grandes indústrias, por causa da limitação de espaço. Para investir no setor, a cidade precisaria de uma política de incentivos para atrair indústria de alta tecnologia, como a de fármacos e a de tecnologia, por exemplo;, afirma. Do volume exportado pela capital federal, 96% foi vendido por apenas cinco empresas. A Venezuela é o principal comprador dos produtos brasilienses, segundo o MDIC. (MF)

1 - Vendas feitas pelo Brasil
As exportações brasileiras somaram US$ 152,9 bilhões em 2009. Apesar da redução de 22,7% no ano, o saldo entre importações e exportações se manteve positivo em US$ 25,3 bilhões, 1,5% mais que em 2008.

Depois do bom resultado em 2009, Monique Varejão acredita que se estabelecerá no mercado brasiliense

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