Cidades

Dinheiro de Durval abasteceu campanha de Roriz e Abadia

Secretário de Planejamento na gestão anterior recebia valores para pagar os custos das disputas dos ex-governadores ao Senado e ao Buriti. Em um mês, a quantia chegou a R$ 40 mil

postado em 30/01/2010 08:24
Um dos personagens da Operação Caixa de Pandora, deflagrada em novembro pela Polícia Federal, José Luiz Naves, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), revelou que o destino do dinheiro repassado a ele por Durval Barbosa em 2006 era a campanha do ex-governador Joaquim Roriz ao Senado e de Maria de Lourdes Abadia ao governo do DF. À época, Naves era secretário de Planejamento do governo Abadia. Vídeo mostra Durval Barbosa entregando maços de dinheiro a Luiz NavesEm entrevista ao Correio, Naves afirmou desconhecer a origem do dinheiro. "Nunca procurei saber a origem desse dinheiro, só ia buscá-lo com o Durval para pagar os gastos da campanha. O valor era variável, acho que o maior montante foi R$ 40 mil em um mês", disse. Naves também negou as denúncias, feitas por Durval à PF, de que ele teria trabalhado para facilitar a assinatura de contratos entre o GDF e empresas doadoras de recursos à campanha do então candidato José Roberto Arruda. "Atitude insana" Naves apresentou sua defesa à Corregedoria do DF e se colocou à disposição do Ministério Público do DF e Territórios e dos deputados distritais para uma eventual acareação com o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Ele afirmou ainda que, durante sua participação no governo Arruda, como presidente da Codhab, nunca ouviu falar do suposto pagamento de propina a políticos da base aliada para que votassem de acordo com os interesses do governo. [SAIBAMAIS]José Luiz Naves classifica o depoimento de Durval Barbosa como uma "atitude insana e inescrupulosa" e desmente a denúncia de que teria trabalhado para arrecadar recursos para a eleição de Arruda ao Buriti. "Eu jamais faria esse jogo duplo. A primeira vez que eu conversei com o Arruda foi depois das eleições", garante. Quando Arruda assumiu o governo, convidou Naves para ficar à frente da Administração Regional de Samambaia. Logo depois, ele assumiu a presidência da Codhab, onde comandou projetos de grande apelo eleitoral, como a distribuição de lotes para pessoas carentes e para policiais militares e professores. Cinco perguntas para José Luiz Naves, secretário de Planejamento no governo de Maria de Lourdes Abadia e ex-presidente da Codhab (já na gestão de Arruda) O senhor aparece em um vídeo divulgado por Durval Barbosa recebendo dinheiro. Qual era a finalidade desses recursos? É importante destacar que esse vídeo foi feito em 2006. Coincidentemente, foi a última vez na vida que vi Durval Barbosa. Isso foi às vésperas das eleições e eu coordenava as campanhas de Joaquim Roriz para o Senado e de Maria Lourdes Abadia ao governo do DF. Eu comandava a estratégia da campanha, principalmente no Entorno. Então, de 15 em 15 dias, eu ia ao escritório do Durval buscar dinheiro para bancar a logística da campanha. Qual a origem desses recursos? Nunca procurei saber a origem desse dinheiro, só ia buscá-lo com o Durval para pagar os gastos da campanha. O valor era variável, acho que o maior montante foi R$ 40 mil em um mês. Se o senhor estava trabalhando na campanha de Maria de Lourdes Abadia ao governo, por que Durval o acusa de ajudar na captação de recursos para a campanha do então candidato Arruda, adversário de Abadia? Essas declarações não passam de uma atitude insana, tudo é uma grande mentira. Foi um ato inescrupuloso do Durval, acho que ele está tendo alucinações. A primeira vez que eu conversei com o Arruda foi depois das eleições, quando ele resolveu me indicar para comandar a Administração de Samambaia, a pedido da deputada distrital Jaqueline Roriz. Como coordenador da campanha da Abadia, eu nunca recebi nenhum emissário do Arruda. Eu jamais faria esse jogo duplo. Como você reagiu às denúncias de Durval Barbosa? Logo que surgiram essas denúncias infundadas, eu me afastei da presidência da Codhab e procurei a Corregedoria do DF para me explicar. Mostrei que o vídeo divulgado pelo Durval foi gravado em 2006, antes de eu assumir a Administração de Samambaia e a presidência da Codhab. O senhor pretende trabalhar em prol de algum candidato nas eleições deste ano? Minha prioridade agora é esclarecer os fatos. Tenho 20 anos de vida pública, já fui secretário de Solidariedade, de Trabalho, de Relações Institucionais e de Planejamento, durante o governo Roriz. Depois fui administrador de Samambaia e presidente da Codhab. Nas imagens que o Durval divulgou, dá para ver que a minha atitude é de total desprendimento com relação ao dinheiro que recebi. Isso porque o dinheiro não era para mim, não me pertencia. Tudo era para a campanha. Não cometi nenhum ilícito.

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