postado em 03/02/2010 08:22
O mais novo presidente da Câmara Legislativa tem jeitão de ursinho de pelúcia e comportamento de peixe-folha. Wilson Lima (PR) atende pelos dois apelidos. ;É que os colegas me acham fofinho;, especula o deputado. E qual a explicação para peixe-folha? ;É pequeno, mas sabe nadar entre os grandões sem ser engolido porque se disfarça toda vez que o perigo aparece;. Foi com a candura de um ursinho e a esperteza de peixe que Wilson Lima conquistou seu ingresso para o cargo mais importante do Poder Legislativo no DF. Tornou-se o predileto do Buritinga, que expressou sua preferência por meio da base aliada ao governo na Casa.Wilson Lima atingiu o auge dentro da estrutura legislativa no último ano dos três mandatos como deputado distrital. Antes de entrar para a vida pública, ele foi comerciante. Era dono de supermercados no Gama (onde mora desde 1968), no Jardim Ingá e em Valparaíso. Vem daí parte dos votos que o tornaram deputado. A outra base do político é a militância religiosa. Lima é da Pastoral da Família da Igreja Católica, primeira meta de vida do distrital, que entrou em dois seminários, mas desistiu da batina antes de se ordenar. Optou pelo casamento, mantido por 31 anos.
[SAIBAMAIS]Justamente pela veia religiosa, Lima costuma atribuir os desafios da vida a um chamado divino. ;A presidência da Câmara é uma missão de Deus;, confia o parlamentar, eleito com as bênçãos terrenas do governador José Roberto Arruda (sem partido). Em oito anos na Câmara, o distrital aprovou 39 leis de sua autoria ; entre as mais importantes, estão a do parto solidário (permite à grávida ter um acompanhante na hora do parto), da fila (obriga bancos a fornecer assento para os clientes) e do silêncio (estabelece regras para o uso de som no comércio).
Conhecido por falar pouco e baixo, Lima não é tão comedido quando se trata de dinheiro. Está sempre entre os mais mais da lista de gastadores. Nos últimos três anos, foi o segundo que mais usou os recursos da verba indenizatória. Em fevereiro do ano passado, reportagem do Correio mostrou que o distrital utilizava parte de sua estrutura de gabinete para tocar um projeto social no Gama.
Wilson Lima chegou ao todo da carreira política sem grandes pretensões, um dos motivos pelos quais foi o escolhido. Alguns colegas o chamavam presidente na semana passada. Mas houve quem adicionasse à bajulação uma pitada de ironia, tratando-o por governador, alusão à situação instável por que passam Arruda e seu vice, Paulo Octávio, desde o início da Operação Caixa de Pandora. Pela legislação, na ausência da dupla, o presidente da Câmara assume o GDF. ;Ele não assusta Arruda. Fará tudo da forma como for orientado;, avalia um dos distritais contrários à eleição de ontem.
Se numa eventualidade Wilson Lima pular do Legislativo para o Executivo terá pelo menos um parâmetro de comparação com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como Lula, Lima está em sentido ascendente na política sem ter frequentado uma universidade. ;E veja o sucesso que o homem está fazendo. Se ele pode, eu também posso;, acredita. O distrital tem um problema de dicção que reflete um dos momentos mais dramáticos de sua vida. Em 2005, teve um acidente vascular cerebral (AVC), que lhe deixou sequelas.