Cidades

Mães de Luziânia fazem manifestação hoje em Brasília

Familiares pedirão ajuda do governo federal na busca pelos filhos. Investigadores afirmam ter avançado na apuração sobre o sumiço dos seis jovens

postado em 04/02/2010 07:47

No dia em que a Polícia Civil de Goiás admitiu ter pistas concretas do paradeiro dos seis adolescentes desaparecidos de Luziânia, cidade do Entorno distante a 66km de Brasília, mais uma mãe trouxe à tona um caso idêntico, ocorrido em 2008, com seu filho que tinha 13 anos à época. A auxiliar de produção Marlúcia Matos Caixeta, 36, aproveitou-se da intensa movimentação da imprensa, de deputados federais e senadores na 17; Delegacia Regional, no fim da tarde de ontem, para revelar seu drama.

Marlúcia Caixeta, ao lado da deputada Bel Mesquita, mostra a foto do filho, que sumiu em novembro de 2008Ela pretende participar hoje, em Brasília, da manifestação que as outras seis mães de Luziânia ; que estão sem notícias dos seus filhos desde 30 de dezembro último ; farão às 9h30 no Congresso Nacional. Três ônibus foram fretados para trazer familiares e amigos dos jovens que sumiram. Às 10h, eles participam de uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos, no Plenário 5 da Câmara. Uma das intenções é pedir a intervenção da Polícia Federal no caso. A comitiva queria ter um encontro com o ministro da Justiça, Tarso Genro, também nesta quinta-feira, mas ele está em São Paulo para participar da Caravana da Anistia.

[SAIBAMAIS]Ontem, Marlúcia abordou a presidente da CPI das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos, deputada Bel Mesquita (PMDB-PA), no estacionamento da delegacia regional. A parlamentar foi à cidade para a audiência pública na Câmara dos Vereadores com as mães dos seis jovens que foram vistos pela última vez no bairro Parque Estrela Dalva. Marlúcia entregou a ela o boletim de ocorrência e a foto do filho.

Segundo a mãe, Diego Henrique Matos Meireles saiu de casa às 16h de 5 de novembro de 2008. Encontraria-se com coleguinhas em uma quadra de esportes da Vila Santa Luzia. Nunca mais voltou para casa. Marlúcia registrou o sumiço no dia seguinte. Com o sofrimento estampado no rosto, ela diz ter emagrecido 10 quilos desde que passou a viver em busca de notícias do filho. ;Quando vou às delegacias, os policiais me dizem que ele já deve estar morto. Se está mesmo, que me mostrem o corpo. Eu ainda acredito que Diego esteja vivo;, emocionou-se.

Momentos antes da revelação de Marlúcia, o senador Demostenes Torres (DEM-GO) esbanjou confiança ao falar sobre as investigações da Polícia Civil de Goiás no caso de desaparecimento de Divino Luiz Lopes da Silva, 16 anos; Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16; Flávio Augusto dos Santos, 14; Diego Rodrigues, 13; Márcio Lopes, 19; e George Rabelo, 17. ;A polícia tem linha investigativa concreta com pistas importantes para elucidar o caso;, afirmou.

A declaração veio após reunião de uma hora com o delegado-geral da Polícia Civil goiana, Aredes Correia Pires, o secretário de Segurança Pública do estado, Ernesto Roller, e mais seis senadores integrantes da CPI da Pedofilia. ;Eles nos passaram informações reconfortantes. Alguns casos podem ter ligação, há pistas que apontam que eles estão vivos, mas o sigilo é importante neste momento para não atrapalhar os trabalhos;, defendeu Torres. Seu discurso foi ratificado pelos senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e Magno Malta (PR-ES).

Mal-estar
A confiança dos parlamentares contrasta com a angústia das mães. Na audiência pública com a CPI da Câmara, elas assinaram uma carta(1) fazendo apelo aos parlamentares e vereadores de Luziânia (veja fac-símile com alguns trechos). A dona de casa Sirlene Rabelo, 42 anos, mãe de George, não conseguiu dar seu depoimento: sentiu-se mal e foi levada para casa. Ela tem pressão alta e, desde que o filho sumiu, no último dia 10, os problemas de saúde se agravaram.

A servidora pública Sônia Vieira, 43 anos, mãe de Paulo Victor, voltou a reclamar da atuação da polícia goiana. ;Falta empenho na investigação, gostaria de pedir a entrada da Polícia Federal no caso;, disse ela, que não vê o filho desde 4 de janeiro. ;Uma vez por semana, eles (policiais) vão lá em casa me perguntar se tive alguma notícia do meu filho, quando na verdade eu que espero que eles me deem;, ressaltou a dona de casa Aldenira Alves, 36 anos, mãe de Diego Rodrigues.

O primeiro vice-presidente da CPI da Câmara, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), fez requerimento para que a PF participe das investigações. O documento será analisado pela comissão hoje. O pedido continua sem a aprovação da Secretaria de Segurança Pública de Goiás. ;Acredito na qualidade e na competência da nossa Polícia Civil. Seria precipitado pedir ajuda, mas reconhecemos que a cooperação federativa é importante;, alegou Ernesto Roller. Demostenes Torres também considera desnecessária a ajuda.

1 - Apelo
Em duas páginas as mães pedem a solidariedade dos políticos locais e federais para o caso. Elas falam do desespero e indignação pela falta de pistas e solicitam a integração da Polícia Federal no caso.

Denuncie
A CPI das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos mantém um website www.cpicriançasdesaparecidas.com.br no qual pode-se informar sobre o paradeiro das vítimas. É possível denunciar ainda pelo telefone. Basta discar 100, do Ministério da Justiça. A ligação é gratuita.

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