postado em 08/02/2010 08:19
Um dos pontos mais procurados pelos brasilienses em dias de sol, a Ermida Dom Bosco chama atenção pela beleza da paisagem no fim do Lago Sul, mas peca pela falta de estrutura para os visitantes. Quem passa o dia por lá tem que se virar para fazer as necessidades fisiológicas. A área até tem banheiro, próximo à margem do Lago Paranoá, mas ele foi construído há dois anos e nunca foi aberto, de acordo com os visitantes.Abandonada, a pequena construção está toda pichada e rodeada por mato. Há cabines para homens, mulheres e portadores de necessidades especiais. Mas todas ficam trancadas. O banheiro para deficientes físicos não tem nem trinco na porta. ;O jeito é ir no mato;, diz o auxiliar de cozinha Adilson Rodrigues, 25 anos, frequentador assíduo do parque. ;Acho que fizeram os banheiros só como enfeite, porque ninguém usa. Não adianta só construir e depois deixar fechado. Devia ter alguém para cuidar.; A dona de casa Luiza Mesquita, 45 anos, deixou Samambaia para visitar a Ermida Dom Bosco no fim de semana com os três filhos, o genro, a nora e o neto. A turma levou lanche, fez um churrasco, mas na hora de ir ao banheiro, deu de cara com a porta trancada. ;Nem caí na água, estou aqui me segurando;, comentou. Luiza reclamou do mau cheiro na área atrás do banheiro. ;Não aguento nem chegar perto;, diz.
De acordo com a Administração Regional do Lago Sul, quem construiu o banheiro, a pedido dos visitantes, foi a administração em parceria com o Instituto Israel Pinheiro, que fica ao lado da Ermida. Os funcionários da guarita da Ermida afirmam que nunca tiveram as chaves. A administração regional informou que é um padre do Instituto Israel Pinheiro que ajuda o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) a tomar conta do parque e fica com as chaves do banheiro. A reportagem tentou contato com o sacerdote durante o fim de semana, mas não teve sucesso.
A Ermida Dom Bosco está dentro da área do Parque Ecológico Dom Bosco, cuja responsabilidade é do Ibram. Mas o superintendente de áreas protegidas do instituto, Roberto Suarez, disse que o papel do órgão é proteger apenas o patrimônio natural do parque. Ele destaca que a Ermida se configura como um parque vivencial, de lazer, e é uma área muito importante do ponto de vista turístico, histórico e cultural, além de sediar muitas atividades esportivas. ;O governo tem que definir de quem é a área;, ressaltou. ;Se nos for repassada verba, o Ibram terá o máximo prazer de participar dessa gestão, pois é obrigação do poder público. Mas antes precisamos da autorização. Da forma que está, não dá para assumir a administração do banheiro;, defendeu.
O superindentente destacou ainda que tem todo o interesse em dar condições para a população usufruir das dependências da Ermida, mas deixar a conta para o Ibram é ;complicado;. Suarez observa que não há recursos suficientes para contratação de uma empresa para realizar os serviços de vigilância e limpeza. ;Aliás, para nenhum parque do Lago Sul e Lago Norte.; A prioridade, diz ele, é para os parques do Gama, Brazlândia, Planaltina, Taguatinga, Samambaia, Águas Claras e Olhos D;Água, na Asa Norte.
Primeiro templo
Tradicional ponto turístico de Brasília, a Ermida Dom Bosco foi construída em 1957 e é o primeiro templo religioso erguido de forma definitiva na nova capital. Projetada por Oscar Niemeyer, está localizada na QI 29 do Lago Sul, em um dos locais com melhor vista panorâmica do Plano Piloto. O monumento homenageia o padre italiano João Belchior Bosco, que sonhou existir entre os paralelos 15; e 20; uma terra em que leite e mel corriam em grande abundância.