Cidades

Dois suspeitos de desaparecimentos de jovens em Luziânia são detidos

Naira Trindade
postado em 09/02/2010 08:38
Josuemar de Oliveira diz que polícia goiana está capacitada para o casoDois irmãos suspeitos pelo desaparecimento de um dos seis jovens de Luziânia ; município distante 66km de Brasília ; estão detidos no Centro de Prisão Provisória (CPP) da cidade goiana. Ambos são investigados pela Polícia Civil por conhecerem Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, que sumiu no último dia 22, e por serem acusados pelo aliciamento de outros jovens. Os suspeitos foram ouvidos pela equipe de investigação da Polícia Civil e negam participação no sumiço. No entanto, devem ficar detidos no CPP até sexta-feira próxima, quando vence o mandado de prisão temporária.

Apesar do sinal de avanço da polícia goiana nas investigações, as seis mães (1) de Luziânia ; acompanhadas do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, e do presidente da seccional da entidade de Goiás, Henrique Tibúrcio, ; vêm hoje pedir ao ministro da Justiça, Tarso Genro, o ingresso da Polícia Federal no caso.

A prisão dos dois irmãos ocorreu na quarta-feira última, em Luziânia e em Niquelândia ; cidade goiana distante 300km do município. Segundo o chefe do Departamento Judiciário da Polícia Civil de Goiás, Josuemar Vaz de Oliveira, três hipóteses relacionam os suspeitos a Márcio, que trabalhava como ajudante de serralheiro. ;Os dois detidos têm antecedentes de aliciamento para exploração sexual, já moraram no Parque Estrela Dalva 4 e conhecem Márcio;, diz. Ainda segundo Josuemar Vaz, os presos não teriam nenhuma ligação com o outros cinco adolescentes desaparecidos.

[SAIBAMAIS]Hipótese
Márcio conhece um dos detidos há pelo menos três anos. Segundo a irmã dele, a dona de casa Lúcia Maria Souza Lopes, 25 anos, ainda na adolescência, após uma discussão familiar, o jovem resolveu ter mais liberdade, sair de casa e morar com um amigo. ;Ele teve uma pequena discussão com meu pai e preferiu morar fora por um tempo;, lembra a irmã. Durante seis meses, os dois jovens dividiram o mesmo teto. ;Mas eles tiveram um desentendimento e meu irmão resolveu voltar para casa. O cômodo dos fundos ; onde ele mora hoje ; estava ocupado pela minha irmã, que logo se casou. Então, Márcio veio morar nele;, contou Lúcia.

Márcio Luiz foi o último a sumir. Às 17h30, assim que saiu do trabalho, ainda de uniforme ; uma calça cinza, botas de couro e camisa vermelha ; o jovem passou em casa, no Parque Estrela Dalva 4, pegou sua bicicleta Monark azul e não retornou mais. Horas depois, começara o calvário dos familiares, que, a pé, percorreram todos os bairros de Luziânia atrás de informações. Hospitais, delegacias e até o Instituto de Medicina Legal (IML) já foram verificados. ;Ele não tinha o costume de sair sem avisar, mas naquele dia não havia ninguém em casa. Acredito que Márcio foi levado a força ou conhecia o sequestrador;, deduz a mãe, Maria Lúcia Souza Lopes, 54 anos, também dona de casa.

1 - Calvário
As mães e os amigos dos desaparecidos começaram o calvário atrás dos adolescentes no último dia 22, quando cerca de cem pessoas caminharam pelas ruas de Luziânia. Em 26 de janeiro, eles visitaram o secretário de Segurança Pública de Goiás, Ernesto Roller, em Goiânia, e em 4 de fevereiro, seguiram a pé da Catedral ao Ministério da Justiça e Congresso Nacional, onde receberam apoio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos.

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