Mais um integrante do Governo do Distrito Federal deixa o cargo. Paulo Roriz (DEM) sai da Secretaria de Habitação para reassumir hoje o mandato de deputado distrital. O suplente Raad Massouh (DEM), que tinha tomado posse ontem no lugar de Geraldo Naves (DEM), perde novamente a cadeira, em menos de 24 horas, com o retorno de Paulo Roriz, o titular do cargo. E mais uma vez o cenário na Câmara Legislativa muda, já que estão em aberto vagas na CPI da Codeplan e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), além de o governo estar sem líder na Casa com a saída de Naves.
Massouh vinha assumindo postura mais independente na base governista e, por isso, chegou ontem a comentar que esperava não perder novamente a vaga, como ocorreu meses atrás. Assessores de Paulo Roriz afirmam que ele não está deixando o cargo em meio à estratégia de retirar Massouh, que incomoda o governador José Roberto Arruda. Mas que a decisão foi pessoal diante da crise no GDF e devido à proximidade com o prazo de desincompatibilização do cargo para disputar eleição. Paulo Roriz pretende se candidatar a mais um mandato como distrital.
Segundo assessores, oficialmente ele não tem a intenção de disputar as vagas abertas nas comissões com a saída de Naves e Massouh. Mas Paulo Roriz é apontado como o novo presidente da CPI da Codeplan, no lugar de Alírio Neto (PPS). Hoje, às 10h, deputados se reúnem para definir a nova composição da CPI.
Geraldo Naves renunciou à vaga na Câmara depois de ser apontado, na semana passada, como um dos intermediários na tentativa de suborno ao jornalista Edson Sombra. A Polícia Federal investiga a denúncia de que Sombra foi assediado para que desse depoimento, afirmando que os vídeos que incriminam o governo teriam sido fraudados. Naves entregou ao jornalista um suposto bilhete que seria de Arruda como comprovante de que a proposta vinha mesmo do governador.
Naves era o principal representante dos interesses do GDF na Câmara. Assumiu a presidência da CCJ, seria o responsável por andamento ao processo de impeachment de Arruda, era líder da bancada governista e integrante da CPI da Codeplan. O deputado Batista das Cooperativas (PRP), que já é o více-líder do governo, deve assumir a liderança deixada por Naves. A Comissão de Constituição e Justiça pode ser preenchida por Eliana Pedrosa (DEM). Naves esteve ontem pela manhã na Residência Oficial do governador, em Águas Claras. Ele garantiu que não foi procurar Arruda, mas admitiu que conversou com assessores do governador a respeito da crise política.
Assim que as denúncias da Operação Caixa de Pandora vieram à tona, em novembro passado, Massouh estava na Câmara e chegou a assumir a presidência da CCJ. Pregou que daria agilidade aos processos de impeachment contra o governador. Durou pouco. O retorno de Eliana Pedrosa, então secretária de Ação Social, retirou o suplente da vaga.
Desde sexta-feira passada, Paulo Roriz é o terceiro a deixar o GDF. Weligton Moraes saiu da Secretaria de Comunicação e Rodrigo Arantes, da assessoria de Arruda.
Tribunal de Contas
O corregedor do Tribunal de Contas do DF, Manoel de Andrade, recebeu ontem a defesa de Domingos Lamoglia, afastado do cargo de conselheiro por estar envolvido nas denúncias da Operação Caixa de Pandora. Ele foi temporariamente afastado desde dezembro e pode, em tese, ser expulsão. Foi aberto processo administrativo contra ele, mas dificilmente será concluído em curto prazo. A Corregedoria não demonstra pressa para analisar o caso. Informou que não pode agir antes da conclusão do inquérito que está no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Lamoglia permanecerá afastado e recebendo salário. O prazo para apresentação da defesa tinha se encerrado ontem.
PEDIDO DE PARECER
O presidente do STF, Gilmar Mendes, pediu ontem à Procuradoria-Geral da República parecer sobre o recurso da Procuradoria-Geral da Câmara Legislativa contra a decisão judicial que afasta os distritais citados na Operação Caixa de Pandora de atos referentes ao processo de impeachment do Arruda. Recurso foi protocolado no STF na quinta-feira.
Colaborou Luisa Medeiros