Cidades

Prisão cai na boca do povo

Detenção e afastamento provocaram manifestações nas ruas e em frente ao STF, onde o movimento Fora Arruda permanece em vigília. Por todo o Distrito Federal, não se falou em outra coisa

postado em 12/02/2010 08:23
A notícia da prisão do governador José Roberto Arruda se espalhou como rastilho de pólvora pelo Distrito Federal. Nas repartições públicas e empresas particulares, a tarde de ontem foi diferente, pois não se falava em outra coisa. ;Estávamos acompanhando na televisão a votação. O serviço praticamente parou e todo mundo ficou atento;, disse a assistente administrativa Isolda Pimentel, 20 anos, que trabalha no Ministério da Fazenda. Ela se referia à votação dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que por 12 votos a dois decidiram pela detenção e pelo afastamento de Arruda do cargo.

A repercussão do caso logo chegou à Rodoviária do Plano Piloto, onde circulam diariamente cerca de 500 mil pessoas. Quem ainda não estava ciente da informação que abalou mais uma vez a política na capital federal se surpreendia ao saber da notícia. O soldado da Força Área Brasileira (FAB) Aléx Levi Rodrigues, 21 anos, custou a acreditar. ;É difícil ver gente poderosa na cadeia. Sinceramente, ainda duvido um pouco que isso tenha acontecido realmente;, comentou.

O servidor público Robson Guanieiro, 51 anos, considerou a decisão da Justiça um progresso para o país e, diferentemente das demais pessoas ouvidas pelo Correio, disse ainda acreditar na política. ;O que eu não acredito é em algumas pessoas que procuram transformá-la em algo ruim;, afirmou.

Buzinaço
No trânsito, os motoristas também se manifestavam, inclusive em frente à residência oficial de Águas Claras, de onde Arruda saiu para se entregar à Polícia Federal na tarde de ontem. A grande movimentação da imprensa no centro de Brasília chamou a atenção dos condutores, que buzinavam, gritavam e acenavam sempre que viam alguma equipe de reportagem. ;Arruda na cadeia!”, gritou um deles, na altura da Rodoviária do Plano Piloto. Um outro, que transitava em frente à Praça dos Três Poderes, tinha opinião contrária: ;Deixa o homem trabalhar!”.

Logo após saberem da decisão da Justiça, integrantes do Movimento Fora Arruda organizaram pelo Twitter uma manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde estava sendo analisado o pedido de habeas corpus feito pelos advogados de Arruda. Munidas de faixas, cartazes, bandeiras e velas, cerca de 150 pessoas, a maioria estudante da Universidade de Brasília (UnB) e representantes de entidades sindicais, protestavam contra os políticos citados no inquérito da Operação Caixa de Pandora, da PF, que investiga um suposto esquema de distribuição de propina no GDF.

Eles se encontraram no STF por volta das 19h e, em assembleia, por volta das 23h, decidiram que iriam passar a noite no local fazendo vigília. Durante o tempo em que os manifestantes permaneceram em frente ao Supremo não foi registrado nenhum incidente. Cerca de 20 policiais militares e cinco viaturas foram mobilizados para acompanhar a manifestação. A funcionária pública Talita Victor, 25 anos, resolveu fazer coro no movimento. Assim como os outros, ela comemorou a decisão judicial. ;A população esperava muito por essa decisão. Isso nos dá esperança para continuar acreditando que as coisas podem mudar para melhor;, opinou.

Num dos atos, os estudantes acenderam velas e escreveram no chão: ;Fora Arruda, PO e toda a máfia;. Eles prometem fazer muito barulho nos próximos dias, com a presença maciça nos blocos carnavalescos da cidade e concentração em outros pontos do DF, que ainda serão definidos.

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