postado em 14/02/2010 10:14
Novembro de 2009 Dia 27
A Polícia Federal deflagra a Operação Caixa de Pandora. São cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em 16 endereços, incluindo a Câmara Legislativa e a Residência Oficial do governador José Roberto Arruda, em Águas Claras. A PF investiga o suposto esquema de propina do GDF para a base de deputados aliados, com dinheiro repassado por empresas privadas ; muitas delas mantinham contratos com o Executivo local.
Durval Barbosa, até então secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, é quem denuncia o esquema à PF.
Presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) na administração de Joaquim Roriz, ele gravou diversos políticos do DF. Fez acordo de delação premiada com a Justiça e a PF para reduzir a própria pena em 37 processos a que responde. O inquérito sobre o caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Quando as denúncias vêm à tona, Durval é exonerado.
Dia 28
É divulgado vídeo de um encontro entre Arruda e Durval Barbosa (acima à esqueda) durante a campanha eleitoral de 2006. Nas imagens, o então candidato recebe dinheiro de Durval. Os advogados de Arruda afirmam se tratar de doação para a compra de panetones
que seriam doados a famílias carentes.
Dia 29
Oito dos 24 deputados e dois suplentes da Câmara Legislativa (CLDF) são citados no inquérito como beneficiários do suposto esquema de corrupção. Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PP) e Leonardo Prudente (DEM) (nessa ordem, nas fotos acima) aparecem em vídeo recebendo dinheiro das mãos de Durval Barbosa.
Dia 30
O vice-governador Paulo Octávio, o secretário de Planejamento, Ricardo Penna, e o corregedor e secretário de Ordem Pública, Roberto Giffoni, são mencionados na conversa como tendo recebido dinheiro. Os três negam qualquer participação no caso.
A Câmara Legislativa abre processo para apurar a quebra de decoro parlamentar dos deputados citados no suposto esquema de propina apontado pela PF. Os distritais Júnior Brunelli e Leonardo Prudente aparecem em vídeo rezando em agradecimento pela vida de Durval Barbosa.
A cena fica conhecida como a oração da propina.
Dezembro
Dia 1;
Em entrevista ao Correio, Arruda afirma sua inocência e diz que tudo o que quer é ;enfrentar Roriz nas urnas;. Leonardo Prudente se afasta da presidência da Câmara. DEM dá prazo até 10 de dezembro para o governador Arruda apresentar sua defesa oficial.
Dia 2
Estudantes, integrantes de entidades sindicais e partidos políticos de oposição ocupam o plenário da Câmara Legislativa exigindo o afastamento de Arruda.
Dia 7
A Ordem dos Advogados do Brasil, seção DF, protocola na Câmara dois pedidos de impeachment: um de Arruda e outro de Paulo Octávio.
Dia 9
Cerca de 2,5 mil pessoas fazem protesto no Eixo Monumental contra Arruda. Com ordem para desocupar as vias, PMs a cavalo partem para cima dos jovens (foto) e transformam a área do Buriti em praça de guerra.
Advogados de Arruda entram com pedido de liminar no Tribunal Superior Eleitoral para suspender o processo de expulsão dele do partido.
Dia 10
O pedido de liminar apresentado por Arruda é negado e ele anuncia sua desfiliação do DEM. Com isso, não pode concorrer nas próximas eleições.
O deputado distrital Raimundo Ribeiro assume a corregedoria da Câmara Legislativa e passa a ser o responsável por conduzir os processos de quebra de decoro parlamentar contra oito colegas.
Dia 11
Os conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Federal afastam o conselheiro Domingos Lamoglia. Ele aparece em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa.
Dia 15
Distritais entram em férias e anunciam a autoconvocação para 11 de janeiro de 2010, adiando a votação dos pedidos de impeachment de Arruda e a análise dos processos de quebra de decoro parlamentar contra os deputados citados nas denúncias.
Dia 18
O STJ autoriza a quebra dos sigilos fiscais e bancários de Arruda e de sete envolvidos nas denúncias de suposto esquema de corrupção.
Dia 19
Novos depoimentos de Durval Barbosa ao MPF vêm à tona. Neles, o ex-secretário de Relações Institucionais disse que passou R$ 200 mil diretamente a Paulo Octávio.
Dia 22
Pressionado pelo partido, o deputado Leonardo Prudente, que havia sido flagrado escondendo dinheiro nas meias, pede a desfiliação do DEM.
Janeiro de 2010
Dia 7
Arruda pede perdão à sociedade: ;Eu quero dizer a vocês, de coração mesmo, que eu já perdoei todos os que me agrediram. Eu perdoo a cada dia os que me insultaram. Entendo as suas indignações pela força das imagens. E sabem por que eu perdoei? Porque só assim eu posso também pedir perdão dos meus pecados;.
Dia 11
A CPI da Corrupção é instalada na Câmara Legislativa. Alírio Neto (PPS) é escolhido presidente e Raimundo Ribeiro, um dos mais leais aliados de Arruda, é eleito relator da comissão.
Dia 14
A CPI da Corrupção muda de nome: torna-se CPI da Codeplan.
Dia 18
A Justiça determina o afastamento de Leonardo Prudente da presidência da Câmara Legislativa.
Dia 19
Tribunal de Justiça nega recurso de Prudente contra liminar que determinou seu afastamento do comando do Legislativo.
Dia 20
O TJ decide que os oito distritais e os dois suplementes citados no inquérito da Operação Caixa de Pandora não podem participar de nenhuma etapa da tramitação dos pedidos
de impeachment do governador.
Dia 21
A base governista põe fim à CPI da Codeplan. Para os aliados de Arruda, o fato de a Justiça ter afastado os distritais investigados invalidaria o ato de criação da comissão parlamentar de inquérito.
Dia 22
A CPI da Codeplan é ressuscitada depois que o TJ se manifesta dizendo ser de ;clareza solar; que o afastamento dos deputados
nada tinha a ver com a CPI.
Dia 25
Em carta, Prudente renuncia ao cargo de presidente da Câmara. Cabo Patrício (PT) assume interinamente.
Fevereiro
Dia 2
O governista Wilson Lima (PR) é eleito presidente da Câmara Legislativa.
Dia 4
Agentes da PF prendem Antônio Bento da Silva (à esquerda na foto) logo após ele entregar sacola com R$ 200 mil ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra (à direita na foto). Na versão de Sombra, o dinheiro seria um suborno para o jornalista afirmar em depoimento que os vídeos nos quais políticos recebem dinheiro de Durval Barbosa ; inclusive Arruda ; teriam sido manipulados. O GDF diz que foi armação.
Dia 5
A OAB-DF entra com ação para bloquear os bens do governador Arruda, de 10 distritais e de secretários citados no relatório da PF. Chefe da Agência de Comunicação do GDF, Weligton Moraes sai do governo. Ele foi gravado por Sombra supostamente negociando a tentativa de suborno. Geraldo Naves, o distrital que entregou suposto bilhete de Arruda a Sombra, deixa a Câmara Legislativa. Rodrigo Arantes, secretário particular de Arruda, é apontado pelo denunciante como o homem que repassou os R$ 200 mil a Antônio Bento.
Dia 8
A Polícia Civil do DF confirma a prisão de dois agentes da polícia civil goiana por suposta arapongagem na Câmara Legislativa. A detenção ocorreu no dia 4.
Dia 9
Presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, pede à Procuradoria-Geral da República o desligamento de Arruda da chefia do Executivo ou sua prisão preventiva. O procurador-regional eleitoral, Renato Brill, quer que Arruda e Leonardo Prudente percam os mandatos por infidelidade partidária.
Dia 11
O STJ decreta a prisão preventiva de Arruda, Weligton Moraes, Geraldo Naves, Rodrigo Arantes, Antônio Bento (que já estava na Papuda) e Haroaldo de Carvalho, ex-diretor da CEB. Segundo depoimento de Bento à PF, Haroaldo teria entrado em contato com Sombra para lhe entregar o suposto suborno. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, protocola no Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de intervenção federal no DF.
Dia 12
O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, nega pedido de habeas corpus para o governador Arruda. Com isso, ele continua preso em uma sala especial no Complexo da PF.
Dia 13
A Polícia Federal cumpre vários mandados de busca e apreensão nas casas de investigados nas denúncias de corrupção.