postado em 15/02/2010 08:53
Um dia após completar 60 anos, o governador em exercício Paulo Octávio (1)(DEM) fez mais uma aparição pública e voltou a falar em sacrifício ao assumir o cargo. Por uma hora, na manhã de ontem, ele visitou dois andares do prédio principal do Hospital de Base, que está em obras desde 2007, foi interpelado por dois pacientes que reclamaram dos serviços e, antes de sair, conversou com jornalistas. Negou qualquer envolvimento com pessoas que foram alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal no último sábado e afirmou que o Governo do Distrito Federal vai rever os contratos com as empresas citadas no Inquérito n; 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que investiga denúncias de suposta rede de corrupção no alto escalão do governo local, envolvendo deputados distritais e empresários.Sangari, Infoeducacional, Unirepro, Vertax, Adler e Linknet são seis das principais firmas citadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa à Justiça. ;Pedi à Secretaria de Planejamento um estudo da situação das empresas que estão no processo do STJ. Seria conveniente não prosseguir com os contratos;, avisou Paulo Octávio. Em uma das últimas sessões do ano passado na Câmara Legislativa, os distritais contemplaram as empresas investigadas no inquérito com R$ 505 milhões do orçamento de 2010.
Também está no processo do STJ a Voxtec Engenharia e Sistemas Ltda., cujo sócio é o policial civil aposentado Marcelo Toledo. No sábado, a casa dele, na QI 26 do Lago Sul, foi um dos 21 locais vasculhados por policiais federais cumprindo mandados de busca e apreensão. A Voxtec possui contrato com o GDF.
O chefe interino do Executivo local reiterou que nada tem a ver com as pessoas cujas casas foram vasculhadas pelos policiais há dois dias, mas admitiu que está mais visado nas investigações da Operação Caixa de Pandora. ;Não tenho ligação nenhuma. Isso é uma forma de me atingir;, declarou Paulo Octávio, na porta de saída do Hospital de Base, ao lado do secretário de Saúde, Joaquim Barros(2).
Entre os que tiveram os imóveis devassados, além de Toledo, está o ex-secretário de Governo, José Humberto Pires, citado como sócio de uma construtora que fez parceria com a PauloOctavio Empreendimentos ; de propriedade do governador em exercício ; para erguer um empreendimento às margens do Lago Paranoá. ;José Humberto é uma pessoa séria e competente. Há alguns anos, minhas empresas fizeram negócios com as dele, mas não existe ligação mais. Sei que sou o alvo preferido (de denúncias), talvez até da imprensa. Mas isso é somente para desestabilizar o governo do DF;, reiterou Paulo Octávio.
Ele reconheceu que não vai poder ir ao Ceilambódromo, por causa do ;momento político;, e assistirá ao desfile da Beija-Flor, no Rio de Janeiro, pela televisão. A apresentação da escola de samba que homenageia os 50 anos de Brasília em seu enredo estava prevista para iniciar às 2h30 de hoje.
Essa foi a segunda aparição pública do governador interino desde que José Roberto Arruda foi preso, na noite de quinta-feira. Na manhã de sábado, Paulo Octávio visitou as obras da Linha Verde, na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Por ser dia do seu 60; aniversário, afirmou estar se sacrificando para assumir o governo em tempos de crise sem precedentes no DF e também por ter desmarcado viagem que faria com a família. Ontem, o governador em exercício comentou que a data passou sem celebrações. ;Não teve nem um bolinho;, lamentou.
Reforma
O governador em exercício espera conseguir mais recursos para estender as obras do Hospital de Base até a emergência. Orçada em R$ 44 milhões, a reforma no prédio de internação da principal unidade de saúde da capital começou há três anos. Prevista para estar concluída em 21 de abril deste ano, corre o risco de atrasar. Dos 12 andares, quatro ainda não receberam as melhorias. Os trabalhos, executados pela construtora Santa Bárbara, pararam em 2009 por causa de termos aditivos não aprovados no Tribunal de Contas do DF.
Após emendas parlamentares no valor de R$ 6 milhões, a construção já foi retomada, mas a direção do hospital não confirma a data de entrega para o cinquentenário de Brasília.
1 - Vida pública
Mineiro de Lavras, Paulo Octávio iniciou-se na vida pública do DF em 1990, quando se elegeu deputado federal pelo PRN. Reelegeu-se em 1994 e tornou-se senador em 2002. Em março de 2006, abriu mão do posto para se candidatar como vice de Arruda.
2 - À disposição
Secretário de Saúde do DF desde 10 de dezembro do ano passado, o médico Joaquim Barros já colocou o cargo à disposição, seguindo recomendação de Paulo Octávio. O governador em exercício ainda não sinalizou se mudará o secretariado.