Jornal Correio Braziliense

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O que o DEM espera

O destino político do governador Paulo Octávio dentro de seu partido está em suas próprias mãos. Integrantes da cúpula do DEM avaliam que, se ele conseguir construir um discurso que permita à maioria dos 51 membros da Executiva Nacional votar em seu favor, terá alguma chance de manter a filiação partidária. Se os argumentos para a defesa não convencerem, o governador em exercício estará com os dias contados no Democratas.

Nesses nove dias antes da reunião marcada para a quinta-feira da próxima semana, caberá ao vice-governador mostrar que sua gestão é capaz de apresentar algo novo, que faça o partido lhe conceder um voto de confiança e o benefício da dúvida no que se refere às denúncias apresentadas nos vídeos gravados por Durval Barbosa. Os vídeos exibidos até o momento mostram o policial aposentado Marcelo Toledo dizendo que recebia o dinheiro em nome de Paulo Octávio. Toledo, no entanto, assinou um documento em que diz não ter a autorização de Paulo Octávio para receber recursos. O governador interino sempre negou que o policial fosse um emissário seu.

Ontem, o Paulo Octávio telefonou para o senador Demostenes Torres (DEM-GO), autor do pedido de expulsão a ser apresentado hoje, para dar explicações e tentar demovê-lo das ideias de pedir para afastá-lo do partido e de propor intervenção no diretório do DEM do DF. O governador em exercício ouviu de Demostenes que não há como voltar atrás. ;Eu acho que todos devem sair. O partido não pode mais sofrer desgaste;, disse o senador.

O parlamentar goiano, no entanto, não pertence à Executiva Nacional, apenas o deputado Ronaldo Caiado (GO), que também assinará os pedidos. Uma parcela expressiva da Executiva do DEM é ligada ao ex-presidente Jorge Bornhausen que, em 2006, fez de José Roberto Arruda candidato a governador e Paulo Octávio, a vice. O DEM do DF tem dois votos na Executiva Nacional: o do próprio Paulo Octávio e o secretário de Transportes do GDF, o deputado federal licenciado Alberto Fraga. ;A expulsão e o pedido de intervenção representam hoje uma opinião isolada do Demostenes. Antes, ele mesmo dizia que não havia nada que justificasse a saída do Paulo Octávio. Agora, está levantando isso por uma questão regional. Não se conforma porque o Arruda apoiou o Marconi Perillo (PSDB);, afirmou Fraga, escalado para fazer a defesa do Diretório do DF na Executiva Nacional.

Auditoria
Enquanto a data da reunião não chega, Paulo Octávio vai recebendo as sugestões de seu partido no sentido de dar uma demonstração clara da mudança de tom no governo, como, por exemplo, a nomeação de um economista de um Banco Central para o cargo de secretário de Fazenda, e a busca de uma auditoria sobre todos os contratos. A avaliação geral do DEM é a de que Arruda cometeu três erros: tentou desqualificar a denúncia, permanecer no governo e, em um primeiro momento, se manter candidato à reeleição. Perdeu nas três frentes.

O partido considera que Paulo Octávio, na sua luta para ficar no governo, não pode seguir pelo mesmo caminho de Arruda. A cúpula do DEM avalia que o vice começou bem, ao dizer em entrevista ao Correio na semana passada que não seria candidato a governador e que pretende apenas terminar 2010 de cabeça erguida. Se ficar apenas nesse caminho e provar que fará isso com uma mudança radical no estilo que marcou o governo Arruda, poderá ganhar algum fôlego.


Eu acho que todos devem sair. O partido não pode mais sofrer desgaste;

Demostenes Torres,senador do DEM por Goiás


A expulsão e o pedido de intervenção representam hoje uma opinião isolada do Demostenes;

Alberto Fraga, secretário de Transportes e integrante da Executiva Nacional do DEM