Renato Alves
postado em 17/02/2010 19:55
Dois dos cinco presos sob acusação de corrupção de testemunha e falsidade ideológica entraram ontem com pedido de transferência para cela especial. Detidos no Complexo Penitenciário da Papuda desde o último dia 12, Antônio Bento e Haroaldo Brasil de Carvalho alegam ter direito ao benefício por possuírem curso superior. Antônio Bento é conselheiro do Metrô do Distrito Federal. Já Haroaldo Brasil de Carvalho é ex-diretor da Companhia Energética de Brasília (CEB). Ambos foram presos por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Agora, cabe ao STJ decidir pelo pedido de transferência de ambos para cela especial.
Na Papuda, além de Antônio Bento e Haroaldo de Carvalho, estão também o suplente de deputado distrital Geraldo Naves e o ex-secretário de Comunicação do Distrito Federal Wellington Luiz Moraes. Governador afastado do DF, José Roberto Arruda está em uma sala da Superintendência da PF, no Setor Policial Sul.
A denúncia
Denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e da subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, dão conta que Arruda, por meio de intermediários, ofereceu dinheiro ao jornalista Edson Sombra para que ele afirmasse, em depoimento à Polícia Federal no inquérito da operação Caixa de Pandora (Inq 650), que os fatos investigados teriam sido criados por Durval Barbosa para prejudicar prejudicar o governador do Distrito Federal.
Geraldo Naves foi o primeiro intermediário de Arruda junto a Edson Sombra. O ex-deputado entregou ao jornalista um bilhete manuscrito pelo próprio governador em que ele assegurava as condições do trato oferecido por Naves. Esse bilhete é um dos indícios de participação de Arruda no esquema.
Em meados de janeiro, Naves foi substituído nas negociações por Wellington Moraes oferecendo, além de dinheiro, vantagem contratual com o governo do Distrito Federal (GDF) e com o Banco de Brasília. Um destes encontros foi registrado em vídeo.
Flagrante
Antônio Bento da Silva foi o terceiro emissário de Arruda. Em 4 de fevereiro, ele foi preso em flagrante ao fazer um pagamento de R$ 200 mil reais a Edson Sombra em nome de Arruda. O secretário do governador, Rodrigo Diniz Arantes, é apontado com o intermediário entre o governador e Bento da Silva. De acordo com a denúncia, foi ele que entregou o dinheiro ao conselheiro do Metrô, um dia antes marcado com Sombra. Já Haroaldo Brasil de Carvalho também teria auxiliado os contatos de Arruda com Antonio Bento da Silva.
Outra imputação aos acusados é a tentativa de inserir num carta que deveria ser escrita por Sombra a afirmação de que Durval Barbosa manipulou os vídeos em que políticos, empresários e servidores públicos de Brasília aparecem recebendo dinheiro. Para Gurgel e Raquel Dodge, "a afirmação falsa contida na carta tem por finalidade alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante para fins do inquérito n. 650." Rascunhos do documento foram entregues por Sombra à PF e o documento final foi apreendido no dia da prisão em flagrante de Bento da Silva.