Cidades

DEM coloca Paulo Octávio contra a parede

Partido prepara um ultimato a PO: se ele quiser continuar como governador em exercício, terá de deixar a legenda. Caso opte por se manter filiado, deverá renunciar à chefia do Executivo local

postado em 18/02/2010 08:26
Cada vez mais constrangidos com o escândalo que jogou por terra todo o orgulho que os democratas tinham em relação ao governo de José Roberto Arruda, integrantes da cúpula do partido começaram ontem um movimento pela renúncia de Paulo Octávio ao Governo do Distrito Federal. A avaliação geral é a de que o ex-senador terá que optar: ou o governo do DF ou o DEM. As duas coisas, segundo os próprio aliados de Paulo Octávio no DEM são incompatíveis. ;Ele deveria renunciar ao governo. Veja, esse assunto está contaminado no partido. Sou favorável inclusive à intervenção no Diretório;, diz o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que esteve ontem com o governador em exercício para expor a sua visão da crise. Paulo Octávio ficou de avaliar e não descarta tomar uma decisão nesse sentido nas próximas horas, caso não obtenha apoio pela governabilidade do DF.

Heráclito Fortes opta pela cautela ao avaliar a situação de Paulo Octávio. Para Ronaldo Caiado e Agripino Maia, a renúncia ou a expulsão são o caminhoAs declarações do senador, que é amigo de Paulo Octávio e deseja preservá-lo no partido, são a senha para que o governador em exercício, se quiser, consiga levar adiante a possibilidade de manter sua filiação partidária. Com a renúncia ao governo, avaliam os integrantes do DEM, Paulo Octávio sairia do foco. Assim, reduziria a pressão para que fosse expulso do Democratas e até poderia, mais à frente, ser candidato a outro mandato eletivo, como o de deputado federal.

Os democratas acreditam que se o vice não tomar logo essa decisão ; o partido ou o governo ;, ele pode terminar sem partido, uma vez que há o risco de o clima de expulsão, hoje ainda localizado, ganhar apoios expressivos como réstia de pólvora. Ontem, por exemplo, o deputado Onyx Lorenzoni (RS), um dos vice-presidentes do DEM, reforçou o discurso do senador Demostenes Torres e do deputado Ronaldo Caiado contra a pemanência no DEM do governador em exercício. A proposta de expulsão será apresentada oficialmente na reunião da Comissão Executiva Nacional, marcada para a próxima semana. Agripino, no entanto, defendeu apenas a intervenção no diretório-regional.

A posição do líder do DEM no Senado tem um objetivo: atender, pelo menos em parte o pedido de Demostenes e, assim, dar a Paulo Octávio mais um tempo para que ele possa se defender. Já está combinado, por exemplo, que quando a Executiva Nacional do Democratas receber oficialmente o pedido de expulsão de Paulo Octávio, o roteiro será protocolar. O partido designará um relator e abrirá prazo de defesa que não será somente de oito dias, como foi no caso de José Roberto Arruda, flagrado num vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa durante a campanha eleitoral de 2006.

Muitos dos integrantes do DEM reagem com cautela quando perguntados sobre o futuro do vice-governador. ;Nossa primeira preocupação deve ser se há fato novo. Se não houver, não há por que expulsar;, disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que está em Budapeste, completamente afastado das conversações, e volta apenas no domingo. Até o momento, a rigor, não existe nada além dos vídeos em que Marcelo Carvalho, assessor de Paulo Octávio aparece pedindo dinheiro a Durval. Carvalho inclusive assinou um documento para dizer que não falava em nome do vice-governador.

A relação de Paulo Octávio com o DEM nacional sempre foi boa no que se refere a seus antigos colegas de Senado. Ficou meio estremecida, no entanto, em 2006, quando o então presidente, Jorge Bornhausen, escolheu a candidatura de José Roberto Arruda contra o desejo do diretório regional de entregar o direito de concorrer ao governo local a Paulo Octávio. Agora, com foi preterido no passado e diante de todos os problemas que o governador Arruda causou ao partido, o vice espera, pelo menos, manter a filiação. Se vai conseguir, dependerá de suas próprias decisões.

"Nossa primeira preocupação deve ser se há fato novo. Se não houver, não há por que expulsar (Paulo Octávio)"
Heráclito Fortes, senador (DEM-PI)

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