Cidades

Policiais fazem varredura em Luziânia

Equipes vasculham bairros, com a ajuda de helicóptero e cães farejadores, em busca de pistas. Em mata ciliar, encontram a garupa de uma bicicleta parecida com a de um dos seis jovens desaparecidos

Naira Trindade
postado em 20/02/2010 08:00


Garupa de bicicleta encontrada durante as buscas será submetida a reconhecimento de parentes de Márcio Luiz, jovem desaparecido em 22 de janeiroMais de 50 dias depois do primeiro desaparecimento em Luziânia ; município distante 66km de Brasília ;, policiais civis e federais vasculharam terrenos baldios, matas fechadas, cisternas tampadas e até casas do Parque Estrela Dalva 1 à procura de pistas sobre o paradeiro dos seis jovens sumidos na cidade. Na primeira Varredura, como foi batizada a operação, os agentes encontraram, em mata ciliar próxima ao Parque Estrela Dalva 8, a garupa de uma bicicleta azul parecida com a usada pelo serralheiro Márcio Luiz Sousa Lopes, 19 anos, no dia do desaparecimento dele, 22 de janeiro.

Na suspeita de o material ter sido retirado da bicicleta para descaracterizá-la, os policiais o recolheram para periciá-lo. O fato de a peça ter sido jogada dentro do matagal chamou a atenção dos investigadores. ;Por que alguém viria tão longe para se desfazer disso? Se fosse apenas sucata, não seria jogada em um lixão?;, indagou uma fonte da polícia que preferiu não se identificar. Parentes e pessoas que conhecem Márcio Luiz devem tentar reconhecer a peça nos próximos dias. O local vistoriado durante a tarde de ontem foi escolhido pelos policiais por ser frequentado por um dos irmãos detidos no Centro de Prisão Provisória de Luziânia (CPP) há três semanas. No entanto, o chefe do Departamento Judiciário de Goiás, Josuemar Vaz de Oliveira, não acredita que a garupa seja a mesma da bicicleta do serralheiro. ;É difícil provar que seja a do menino desaparecido. Não há um registro de identificação em cada peça da bicicleta. Mesmo que fosse igual, seria difícil associá-la à de Márcio Luiz;, considera.


Duplas
As buscas por pistas devem continuar nos próximos dias, nas áreas urbanas e rurais da cidade. Durante a manhã de ontem, 40 policiais civis, federais, militares e bombeiros participaram da operação, em 20 equipes formada por duas pessoas. Dois cães farejadores do Corpo de Bombeiros auxiliaram nas diligências em locais de difícil acesso e em cisternas tampadas. No céu, um helicóptero acompanhava as equipes durante a procura. Os agentes vasculharam casas de moradores do Parque Estrela Dalva 1, último local onde a maioria dos meninos foram vistos. Em lotes fechados onde não havia moradores, policiais pularam o muro. ;A intenção é encontrar alguma pista ou objeto que os meninos usavam no dia em que saíram de casa e não retornaram mais;, acredita o delegado.

Todos os terrenos baldios da região foram vistoriados. Em alguns, devido ao mato alto, policiais levaram mais de meia hora para percorrê-los. Qualquer urubu sobrevoando mais baixo chamava a atenção dos investigadores. O uso irregular do matagal próximo ao Parque Estrela Dalva 1 dificultou a operação. Pelo local, havia carcaças de animais mortos abatidos em matadouros clandestinos e muito lixo. ;Os moradores já se acostumaram com o mau cheiro na região pelo fato de haver muitos restos de animais mortos pela área. Isso dificulta identificar se há algum corpo no local, por exemplo;, contou Vaz de Oliveira, sem descartar nenhuma hipótese. Durante a operação, um veículo Uno verde escuro foi retirado da mata por um guincho. O carro havia sido furtado na noite de quinta-feira e abandonado no matagal. ;Havia também outros carros queimados abandonados pelo caminho. É preciso ficar atento a tudo;, contou.

Libertada mulher acusada de extorsão
Na noite de quinta-feira, a polícia libertou Iranete Rosa Rodrigues, 39 anos, presa desde a semana passada sob acusação de tentar extorquir familiares de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16, desaparecido em 4 de janeiro. A mulher detida em Itapoã (DF) teria mandado mensagens de texto para o celular dos familiares alegando saber do paradeiro do menino. Ela pedia R$ 650 para passar informações sobre o menino. Após a prisão, Iranete negou qualquer envolvimento com o caso. Mesmo assim, vai responder em liberdade por extorsão. Se condenada, pode pegar até dez anos de prisão.

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