postado em 22/02/2010 08:59
;Rezem por mim.; A frase foi repetida inúmeras vezes, na manhã de ontem, pelo presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), durante a missa na Paróquia São Sebastião, no Gama Leste, aos fiéis que o cumprimentavam. Muitos apostaram que Lima, frequentador assíduo das cerimônias dominicais, não iria comparecer ao templo após a entrevista que concedeu ao Correio, na última quinta-feira.Na ocasião, confiante na renúncia de Paulo Octávio do cargo de governador em exercício do Distrito Federal, o parlamentar já falava como chefe do Executivo local, por ser o terceiro na linha sucessória do GDF, segundo a Lei Orgânica do DF. Mas foi surpreendido pelo discurso de Paulo Octávio, que garantiu que ficaria à frente do Buriti.
Uma senhora se surpreendeu ao vê-lo sentado no segundo banco da igreja. ;Estava todo mundo falando que o Wilson não viria à missa, porque estaria com vergonha. Mas é um homem bom. Ainda bem que ele não deixou que isso atrapalhasse sua fé;, comentou Rosa Maria de Oliveira, 64 anos.
Há razões para o deputado ficar apreensivo. Além do constrangimento causado pelas declarações precipitadas, Wilson Lima está preocupado com a sucessão do DF. Como revelou ontem o Correio, a Câmara Legislativa articula a aprovação de uma emenda à Lei Orgânica para eleger um governador-tampão até 31 de dezembro. O distrital não faria parte da lista de possíveis candidatos ao Buriti nesse contexto.
[SAIBAMAIS]Amarras da Câmara
Enquanto durou a missa, Wilson Lima se manteve discreto. Ao lado da esposa, rezava e cantava os louvores e não deixou de comungar. No fim, quando abordado pela equipe do Correio, parecia encabulado. Em poucas palavras, quase deixou escapar o motivo que o levou a falar como governador. ;Eu vi a carta, meu filho; bom, é melhor não falar nada agora. No momento certo, eu irei me pronunciar;, encerrou o assunto. A carta a que ele se referia seria a escrita por Paulo Octávio (DEM), comunicando a saída do cargo de governador em exercício.
Apressado, o parlamentar aceitou apenas fazer uma breve explanação sobre a crise política sem precedentes no DF e garantiu que os trabalhos na Câmara não serão prejudicados. ;Nós estávamos atravessando um período confuso, porque houve uma interferência judicial. Era e ainda é uma fase difícil, mas, no momento em que conseguimos soltar as amarras, a Câmara andou. Hoje, nós estamos fazendo todo o dever de casa. Está tudo encaminhado. Daqui para frente, o trabalho será ainda mais intenso;, resumiu.
Morador do Gama desde os 15 anos, o goiano do município de Ceres foi eleito com quase 9 mil votos na última eleição. Este é o seu terceiro mandato. A primeira vez que assumiu uma das cadeiras da Câmara Legislativa foi em 1998, pelo PSD. A segunda experiência foi como suplente e, agora, após a crise deflagrada pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, chegou à Presidência da casa.
Na Paróquia São Sebastião, os católicos pareciam bem informados do momento delicado vivido por ele e não economizavam nas palavras de incentivo. (S.A.)