Cidades

Dengue leva medo ao Itapoã, que tem 15% dos casos confirmados no DF

postado em 23/02/2010 07:04

A explosão no número de casos de dengue este ano no Distrito Federal deixou assustada a população do Itapoã, uma das áreas mais afetadas. Dos 390 registros confirmados em todo o DF nos dois primeiros meses, 62, ou 15%, foram notificados na cidade. Entre os pontos críticos estão o Conjunto G da QL 8, onde pelo menos três famílias inteiras sofrem com a doença, e o bairro da Fazendinha. O lixo espalhado pelas ruas e os terrenos baldios são as situações que mais preocupam os moradores. A Secretaria de Saúde já declarou que o DF vive uma epidemia (1) de dengue, a pior dos últimos oito anos.

O aumento de casos confirmados entre janeiro e fevereiro deste ano e o mesmo período de 2009, quando foram feitos 60 registros, é de 550%. O acúmulo de lixo e a água parada são os principais vilões que ajudam na proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue. ;Os proprietários de uma casa que deixam água parada colocam 10 vizinhos em risco;, explicou o subsecretário de Vigilância à Saúde, Allan Kardec Rezende.

Esse ano, três pessoas morreram com suspeita da dengue no DF. Para combater o mosquito, 465 agentes da vigilância ambiental têm percorrido as residências com maior índice de infestação da doença. A expectativa é que outros 500 servidores sejam contratados para ajudar no trabalho de conscientização, mas não há prazo para a realização de processo seletivo.[SAIBAMAIS]

Antes do Itapoã, aparece no ranking da Secretaria de Saúde a Vila Planalto, com 106 casos confirmados. São Sebastião, considerada uma área crítica, contabilizou 30. Na QL 8 do Itapoã II, uma situação de alerta: vários lotes vazios servem para despejo de lixo pela população. O local acumula vasilhames e garrafas que acabam servindo como criadouro do mosquito da dengue. O eletricista Laiçon Nunes, 42 anos, morador da quadra, passou vários dias sem conseguir andar e se alimentar direito. ;Tive febre, dor de cabeça e meus ossos pareciam que estavam quebrados. É uma dor terrível;, contou. Ele ainda aguarda o resultado dos exames.

Água parada
Em uma das casas visitadas ontem, na QL 8 do Itapoã, o Correio encontrou um balde com água parada. A dona da casa Maria Luíza Ribeiro, 40 anos, disse que não tinha visto as larvas do mosquito dentro do recipiente. ;Até ontem, não tinha essa água. Foi por causa da chuva;, garantiu. No outro lado do muro, a também dona de casa Floreny Arcanjo Lourenço da Silva, 42, reclamava de dores pelo corpo. O filho dela, de 10 anos, e o cunhado sentiram os sintomas da dengue há cerca de 15 dias e foram parar no hospital. ;Não adianta eu limpar minha casa se o vizinho não faz o mesmo;, reclamou.

Embrulhado com um edredon e uma blusa de frio, o operador de máquinas Adenilton de Souza Lopes, 39 anos, morador da Quadra 1, Conjunto L, do bairro Fazendinha, reclamava de dores e um mal-estar profundo. Na última quarta-feira, ele constatou que estava com a doença. ;Eu não sinto vontade de comer e mal consigo andar. Passo o dia inteiro deitado e enrolado no cobertor. Não sei como peguei dengue, porque na minha casa não tem água parada. Já revirei tudo;, disse. Segundo a diretora da Regional de Saúde do Paranoá, Ana Paula Tamer, 375 casos foram notificados no hospital da cidade, desses, 250 foram do Itapoã. Do total de notificações, 77 estão confirmados na região.

1 - Diferença
A diferença entre surto e epidemia é a área atingida. O surto é a propagação de uma doença numa área menor, como um bairro de uma cidade, uma creche, uma escola. Já a epidemia é o avanço rápido por um grande território, atingindo várias pessoas em curto espaço de tempo.

; Informação às crianças

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o mosquito Aedes aegypti , transmissor da dengue, não se prolifera apenas em água limpa. ;Ele prefere água limpa, mas já se acostumou a colocar seus ovos em água suja também;, revelou a enfermeira da vigilância epidemiológica do Paranoá Lêda Nunes. Segundo ela, ao identificar um reservatório com as larvas do mosquito, não basta despejar a água no chão. ;Os ovos resistem até um ano em local seco;, explicou. Por esse motivo, é importante lavar os reservatórios com água sanitária.

Teatro
Para levar informações para a população e ajudar no controle da disseminação da dengue em algumas áreas consideradas de risco no DF, a Divisão de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF e a Secretaria de Educação realizarão hoje o chamado ;Teatro da Dengue;, no Centro de Ensino Fundamental do Itapoã. A peça é encenada por oito atores e ensina as crianças a não deixarem água parada e lixo espalhado em suas casas. O objetivo é fazer uma campanha de conscientização entre os alunos. A peça teatral foi apresentada em escolas da Estrutural e Mestre D;Armas, em Planaltina. Dos 62 casos confirmados no Itapoã, 26 deles foram de crianças e adolescentes entre um ano de vida e 19 anos. No Paranoá, foram apenas três casos nesta mesma faixa etária. (MP)

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