O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, classificou como grave a crise provocada pelas denúncias de corrupção no DF. Após o lançamento da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), ontem, Barreto criticou as ações da Câmara Legislativa. ;Não adiantam essas manobras casuísticas adotadas pela Câmara Distrital para impedir uma intervenção federal. Soluções mágicas, adotadas a toque de caixa pelo Legislativo local, como a cassação de três ou quatro deputados, não adiantarão de nada;, avaliou.
Apesar disso, o ministro evitou opinar sobre a necessidade de intervenção na capital da República. Ressaltou que a decisão é do Supremo Tribunal Federal (STF). ;Ao Ministério da Justiça, neste momento, cabe aguardar. Estamos conversando com o secretário de Segurança Pública do DF e acompanhando de perto o desenrolar da segurança pública na capital.; Embora a crise tenha virado de cabeça para baixo o cenário político no DF, o ministro avalia que as instituições estão funcionando.
O presidente do STF, Gilmar Mendes, não antecipou qual posição adotará sobre a intervenção no DF. Mas lembrou que os pedidos em Mato Grosso e em Rondônia, na década de 1990, foram rejeitados. Apesar disso, o STF considera que a interferência externa vale também nas hipóteses de omissão e falências institucionais. Gilmar Mendes ainda não confirmou a data em que julgará o pedido de intervenção no DF. Já o de habeas corpus em favor do governador afastado José Roberto Arruda será analisado pelo Supremo depois de amanhã.
A possibilidade de intervenção no DF foi destaque na sessão de ontem, no Senado Federal. O senador Adelmir Santana (DEM/DF) voltou a criticar a medida. Ele pediu um aparte ao senador Jefferson Praia (PDT/AM) ; que também discursava contra a intervenção ; e defendeu o respeito à Constituição, referindo-se à obediência à linha sucessória. Em seu discurso, Santana citou o editorial do Correio Braziliense publicado no último dia 20. ;O jornal assinala de maneira enfática sua opinião contrária à intervenção. Diz o jornal: ;; É descabida a iniciativa porque estão de pé na capital da República os dispositivos constitucionais aptos a garantir a execução do processo sucessório;;;, citou.
O senador Adelmir Santana lembrou ainda que, desde a redemocratização, nunca houve intervenção em qualquer unidade da Federação. ;Recordo o infortúnio que a Nação experimentou nos tempos de chumbo quando se romperam as normas constitucionais então vigentes. O país mergulhou nos momentos mais sombrios de sua história.;
;Vergonha;
Para o cardeal arcebispo-primaz do Brasil, dom Geraldo Majella Agnelo, as imagens do suposto esquema de corrução no Executivo e Legislativo locais são uma vergonha nacional e internacional. ;A corrupção faz com que se faça qualquer negócio por dinheiro. Que se comprem consciências, que se vendam consciências (;). A corrupção não é só daquele que procura corromper, mas daquele que aceita também a corrupção;, declarou, em entrevista ao Portal Terra. O tema da Campanha da Fraternidade 2010 é Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.