postado em 23/02/2010 08:45
A antecipação das liquidações não conseguiu impedir o marasmo do comércio em janeiro. Apesar de as queimas de estoque terem começado antes mesmo da virada do ano, o varejo perdeu fôlego e amargou uma redução de 18,96% no volume de vendas em relação ao mês anterior. Com exceção das papelarias, que festejaram aumento de 42,76%, todos os segmentos pesquisados pelo Instituto Fecomércio começaram o ano vendendo menos.Em comparação com janeiro de 2009, no entanto, as vendas registraram uma alta de 0,84%, considerada positiva pelo presidente do instituto, Adelmir Santana. ;A queda em relação a dezembro não surpreende. Não dá para esperar resultados superiores as do melhor mês do ano;, comentou. Para compor o cenário de janeiro no DF, a equipe da Fecomércio consultou, na segunda semana deste mês, 401 empresários de 16 segmentos. Os números foram divulgados domingo último.
Demissões
O setor de vestuárioteve a maior retração. Depois de uma variação positiva de quase 60% em dezembro, os comerciantes viram os clientes sumirem em janeiro. Os anúncios de promoção não fizeram muito efeito. Nos shoppings, o movimento se resumiu aos que queriam trocar peças. Também tiveram recuos significativos nas vendas as lojas de departamentos (-29,73%), calçados (-27,16%), materiais de construção (-24%) e comércio automotivo (-18,93).
A queda no volume de vendas levou o comércio a dispensar funcionários. A mão de obra empregada no setor apresentou redução de 1,52% em relação a dezembro. Comparado ao mesmo período de 2009, houve um aumento de 3,42%. Pesa nesse indicador o fim das contratações temporárias em janeiro. Este ano, o percentual de efetivados ficou aquém do esperado, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista).
Na loja de moda masculina e feminina onde Marcela Rocha Nunes é gerente, 10 funcionários foram dispensados no início do ano. Com o movimento mais baixo, não foi preciso manter mais que sete pessoas na equipe. A partir de março, poderão haver novas contratações. ;A vida só volta ao normal mesmo agora, depois do carnaval. É sempre assim;, diz a gerente, de 28 anos.
A chegada da nova coleção de calçados, prevista para o mês que vem, trará os clientes de volta. É o que espera a gerente Auxiliadora Loiola, 26 anos. Ela conta que as vendas de dezembro foram tão boas que o desempenho negativo de janeiro não preocupa. ;Dá para aguentar. A partir de março, recuperamos o fluxo;, acredita ela, que demitiu três funcionárias temporárias no mês passado.
Ainda segundo a pesquisa da Fecomércio, o volume de vendas negociado por meio de pagamentos à vista (dinheiro ou cheque) correspondeu a 67,4% em janeiro. As operações a prazo responderam por 13,5%, seguidas da modalidade de cartão de crédito (12,1%) e cartão de débito (6,3%).