Cidades

Em 2008, Wilson Lima era investigado por suposto uso indevido de recursos da Câmara

postado em 23/02/2010 19:54

Matéria originalmente publicada no dia 24 de novembro de 2008

A atitude do deputado Wilson Lima (PR) de manter cursos de profissionalização pagos com recursos da Câmara Legislativa chamou a atenção de distritais, que defendem a investigação do caso. Para a presidente da Comissão de Ética da Casa, Érika Kokay (PT), uma vez confirmadas as denúncias de que o parlamentar utilizou a estrutura pública para financiar projeto particular, o político terá transgredido pelo menos dois artigos do Código de Ética da instituição.

Reportagem publicada no domingo revelou que Wilson Lima usa mão-de-obra da Câmara para promover oficinas de profissionalização em que são cobradas taxas de inscrição. No Gama, o deputado mantém o Instituto Cultural (ICWL), que leva seu nome. A principal atração do espaço com CNPJ próprio são as 20 modalidades de cursos. Entre eles, os de manicure, pedicure, sobrancelhas, depilação, massagem, artesanato, cabeleireiro, maquiagem e informática.

Apesar de as aulas serem definidas como projeto pessoal de natureza filantrópica do deputado, a iniciativa é desenvolvida com o trabalho de servidores pagos pela Câmara. O coordenador dos cursos, Bruno Wilker, é um caso. Segundo Wilson Lima, a propriedade onde funciona o ICWL é patrimônio de família e sobre os servidores, o distrital afirma que eles se dedicam à divulgação do seu trabalho.

Na opinião de Érika Kokay, Wilson Lima precisa ;esclarecer; por que mantém o funcionamento das oficinas com mão-de-obra da Câmara. A petista alega que a utilização de recursos destinados ao exercício parlamentar em proveito próprio fere o Código de Ética e, da mesma forma, a confirmação de abuso das prerrogativas do deputado também vai contra as regras morais da Casa. ;É importante que o colega explique as denúncias para que a Câmara possa chegar à conclusão se há promiscuidade entre o público e o privado;, afirma Érika.

O deputado Rogério Ulysses (PSB) diz que não há regras claras para o funcionamento da estrutura parlamentar fora do perímetro da Casa. O deputado, que tem um gabinete político em São Sebastião, defende a fiscalização dessas atividades. ;O escritório é uma importante ferramenta do deputado, mas jamais pode ser usado a partir de interesses pessoais. Uma forma de evitar a confusão é o controle mais rigoroso dessa atividade;, sugere o parlamentar.

Da mesma forma como ocorre no Gama, no escritório político de Wilson Lima em Samambaia foram montadas turmas de pessoas interessadas em algum tipo de formação técnica. Até a primeira quinzena do mês, essas aulas eram cobradas, mas, na última sexta-feira, a coordenação do projeto informou que de agora em diante os cursos serão gratuitos.

Uma das turmas mais procuradas no Gama é a de informática (6 parcelas de R$ 30). Os equipamentos do laboratório instalado no Instituto Cultural pertencem ao funcionário de Wilson Lima na Câmara Legislativa José Lopes. As aulas desse curso são dadas por um filho do servidor e o genro, Sandro Domingues. O professor explicou que a decisão de montar a oficina no Instituto Cultural foi tomada depois que o negócio da família, que mantinha quatro lan houses em Santa Maria, passou a dar prejuízo.

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