Cidades

Brasília é uma das 13 cidades onde o índice de raios ultravioleta atinge o índice mais alto

Cuidados devem ser redobrados, em especial, durante o verão

Glória Tupinambás
postado em 24/02/2010 07:00
Um dos verões mais quentes do século quebra um novo recorde: o de radiação solar. Os raios ultravioleta (UV) atingiram ontem condições extremas em 14 capitais do país e em Brasília e acenderam o sinal de alerta do risco de danos à pele. A escala de medição varia de 1 a 14. Entre os agravantes, estão os buracos na camada de ozônio, a posição geográfica e a altitude de algumas cidades ; já que, quanto mais próxima da linha do Equador e mais alta a localidade, maior a concentração de energia ultravioleta.

Calor na capital: população se expõe ao sol, nem sempre utilizando mecanismos de proteção química ou física: prejuízos à saúde são incontáveisAlém de Brasília, as capitais com índices mais elevados foram Belo Horizonte, Aracaju, Belém, Boa Vista, Macapá, João Pessoa, Fortaleza, Maceió, Natal, Palmas e Recife ; todas com índice 14. Rio de Janeiro e Vitória vieram em seguida, com radiação na casa dos 13, e Porto Alegre fechou o grupo de risco com índice 11. De acordo com a escala UV, índices de 1 a 2 são considerados baixos; de 3 a 5, moderados; até 7, altos; de 8 a 10 são apontados como muito altos; e de 11 a 14 são considerados extremos. O cálculo leva em conta a nebulosidade, a concentração de ozônio, a estação do ano, a hora do dia, a superfície alvo da radiação (areia, neve, água e asfalto refletem a radiação), a posição geográfica e a altitude.

Segundo o meteorologista Jonathan Cologna, da Somar Meteorologia (empresa privada fundada em 1995 por ex-funcionários do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe, sediada em São Paulo), o alto índice de radiação é sempre esperado no verão, mas este ano as condições estão atípicas devido à influência do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico na costa do Equador e do Peru e que influencia a circulação das massas de ar no Brasil. ;As nuvens ajudam a bloquear a passagem dos raios solares; por isso, quanto menor a nebulosidade, maior a radiação. E o El Niño tem efeito direto, já que ele favorece o calor e inibe a formação de frentes frias em algumas regiões do país. O horário mais crítico é observado das 10 às 15h e o ponto máximo às 12h;, explica Jonathan.

Precaução
O alto índice de radiação requer cuidados especiais com a pele para evitar sérios problemas de saúde. Segundo a presidenta da Sociedade Brasileira de Dermatologia/ Regional Minas Gerais, Maria de Fátima Melo Borges, o ideal é usar, a cada duas horas, filtro solar com fator de proteção de no mínimo 30, roupas claras, bonés, chapéus e óculos escuros com lentes de qualidade. Além disso, é importante tentar evitar a exposição desnecessária ao sol. ;As pessoas precisam ter consciência de que a radiação é imperceptível e que tem efeitos cumulativos sobre a pele. Há problemas que aparecem de imediato, como queimaduras, manchas vermelhas e reações alérgicas, mas há doenças graves que só se manifestam a médio e longo prazo;, alerta a médica.

De acordo com a especialista, o maior risco é de envelhecimento precoce da pele, manchas, pintas, sardas e até câncer de pele (melanoma) e doenças autoimunes. ;O ideal é praticar atividades ao ar livre apenas no início da manhã e no fim da tarde. Além disso, é bom ficar atento à exposição solar em atitudes cotidianas, como ao dirigir um carro e ficar próximo a janelas de casa. Outro cuidado é com os clubes e praias, pois os jovens são muito imediatistas e só pensam na beleza do bronzeado. Mas eles esquecem que o efeito do sol se acumula da pele e que a prevenção deve começar o mais cedo possível;, acrescenta Maria de Fátima.

Em tempos de sol escaldante, o pequeno Iago Morais Campos, de 4 anos, dá um bom exemplo. Antes de mergulhar na piscina para a aula de natação, ele abusa do protetor solar fator 60 especialmente no rosto, nos braços e nas costas. ;Os pais devem ficar atentos com a saúde dos filhos. Não deixo o Iago jogar bola ou brincar no sol e ele mesmo já pede o protetor solar sempre que vai nadar. Quando era mais novo, ele teve uma manchinha no nariz e sempre ficamos de olho para evitar problemas;, conta o pai, Heleno Moysés Campos, 44.

A professora Josiane Camargos, 38 anos, é ainda mais precavida com a filha Maíra Camargos Franco, 8. Seja para ir ao clube ou passear com as amigas, o filtro solar é obrigatório até mesmo em partes do corpo pouco lembradas, como as orelhas e o peito do pé. ;Passo o protetor duas vezes ao dia, quando acordo e depois do almoço. Só fiquei vermelha uma vez na vida, numa viagem à praia, e achei muito ruim. Agora não esqueço mais;, diz Maíra. Tais cuidados, em Brasília, devem ser seguidos à risca, uma vez que a cidade se encontra em condições que favorecem a alta radiação solar.

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