Flávia Maia
postado em 25/02/2010 08:39
Ao som da corneta e com salva de tiros, amigos, familiares e integrantes da Marinha se despediram de José Carlos Azevedo, 78 anos. O ex-reitor da Universidade de Brasília, membro da Academia Brasiliense de Letras e capitão da Marinha com ativa participação política, morreu na noite de segunda-feira, aos 78 anos, devido a uma pneumonia que evoluiu para um quadro de infecção pulmonar. Azevedo deixou duas filhas, três netos e a viúva, Maria do Carmo.No velório e no enterro realizados no cemitério Campo da Esperança, cerca de 200 pessoas estiveram presentes. Entre os amigos estavam o advogado João Calmon, o historiador Adirson Vasconcelos, o presidente da Telebrás, Jorge Motta, e o ex-senador Lindberg Cury. ;Eu e o Azevedo lutamos pela representação política do DF e olha como está!”, lamenta o ex-senador.
Durante o velório, histórias da vida de Azevedo frisavam o tom de saudade. ;Ele foi o maior físico nuclear que o Brasil já teve. Até o governo tinha medo dele e ninguém passava por cima das suas decisões;, declara o aposentado e amigo Otávio Tomelin, 60 anos.
Após um cortejo silencioso, o sepultamento ocorreu às 17h, quando a Marinha prestou as últimas homenagens e a bandeira do Brasil foi colocada sobre o caixão.
Personalidade polêmica
O baiano José Carlos Azevedo era formado em engenharia e arquitetura naval, em física e em engenharia nuclear pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos Estados Unidos. Ainda no MIT, tornou-se PhD em física, em 1965.
[SAIBAMAIS]A partir de 1976, integrou o Conselho Nacional da Pós-Graduação. E, em maio daquele mesmo ano, assumiu a reitoria da Universidade de Brasília em meio a polêmicas. Foi o reitor que por mais tempo administrou a UnB: nove anos. Nesse período, sua gestão foi marcada por conflitos entre alunos e tropas militares, que atuaram no câmpus reprimindo as manifestações estudantis. Só em 1977, os militares ocuparam a universidade por três vezes e muitos professores foram punidos pela reitoria. ;Ele foi o reitor polêmico que deixou a UnB em pé;, defende o amigo Otávio Tomelin.
Depois de deixar a reitoria da UnB, em 1985, o acadêmico lecionou na pós-graduação da universidade. Um ano depois, foi eleito membro da Academia Brasiliense de Letras. Antes da aposentadoria, ainda coordenou a Secretaria-Geral do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nos últimos anos, vinha se dedicando a escrever artigos, em especial os dedicados ao aquecimento global.
"O conheci em um momento tumultuado, enquanto administrava a UnB. Era um homem brilhante e de extremo poder. Foi uma das pessoas que mais lutou pela representação política do DF"
Lindberg Cury, ex-senador
"Foi, sem favor nenhum, uma das maiores inteligências que pude conviver"
Jorge Motta, presidente da Telebrás
Lindberg Cury, ex-senador
"Foi, sem favor nenhum, uma das maiores inteligências que pude conviver"
Jorge Motta, presidente da Telebrás